Páginas

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Capitulo III

Lisa estava pensativa. Desde a hora do batizado na igreja não conseguia ficar atenta a nada do que acontecia ao seu redor. Só conseguia ver os olhos de Jô e a expressão de seu rosto ao fitá-la. Tudo fora tão estranho. Queria entender as sensações que sentira e o porquê delas. Evitava estar perto da amiga e várias vezes tivera a nítida sensação que esta lhe acompanhava cada passo. Isso lhe trazia uma sensação de expectativa e teve que fazer grande esforço para não olhar em sua direção. Não sabia explicar por que, mas estava receosa de se aproximar da amiga.
Entrou na sala e viu seu irmão Júnior com Mariana nos braços. Riu, ele parecia tão desajeitado com ela nos braços. Júnior era um lindo rapaz em seus 20 anos. Era elegante, tinha um porte muito bonito. Não era musculoso como Fernando, seu outro irmão de 18 anos, mas tinha um corpo bem definido, um olhar cativante que transmitia uma paz interior incrível.
- Júnior toma jeito, segura a Mari direito!!! - sentia uma vontade louca de tirar a menina de seus braços. Não sabia por que, mas aquela criança despertava nela um sentimento de possessividade absurdo. Tinha que se controlar para não estar sempre vigiando os que dela se aproximavam. Antes, qualquer pessoa que a pegava nos braços ela imediatamente ia lá e a pegava. Fora preciso Jô lhe dar uma bronca, aliás, bem apoiada por sua mãe, para ela mudar de atitude.
- Maninha, nem vem tirar ela dos meus braços. Sai fora. Disse virando o corpo e afastando Mariana de Lisa.
- Para com isso, Júnior, só ia fazer um carinho nela!! Seu sem noção - disse brava por ele ter tirado a menina do alcance de suas mãos. Mariana, inocente de tudo que acontecia, observava o ambiente ao seu redor e fixava seus lindos olhos verdes em Lisa, que tentava alcançá-la. Novamente veio ao coração de Lisa aquela estranha sensação de predestinação. Não sabia explicar isso. Se acreditasse em reencarnação iria dizer que era de outras vidas. Enquanto isso, Júnior ria de suas tentativas de alcançar a menina. Quando ela já se exasperava e definitivamente estava decidida a pular sobre o pescoço do irmão, sua mãe a chamou. Olhou furiosa para o irmão que gargalhava de sua frustração e saiu da sala a passos duros. - Ahhh, mas ele me paga viu!!

- Pois não, dona Lucia, sua serva chegou. - disse brincando com a mãe e adentrando a cozinha da qual ela a chamara.
- Lisa, sem brincadeiras, me ajude aqui com estas vasilhas. Olha só a bagunça dessa pia.
- Aff mãe, estamos numa comemoração e você preocupada com a bagunça da cozinha? Tem dó né. - Ainda assim pegou a bucha e começa a lavar o vasilhame. Após um tempo de silêncio reparou que sua mãe a observava.
- Que foi?
- Não sei filha, está diferente... Está passando algum problema? Você anda muito introspectiva ultimamente.
- Não mãe, está tudo bem. Fica tranquila.
- É algum rapaz? - Lisa parou de lavar a vasilha e olhou para a mãe “Ai, não mãe, é apenas a Jô... é... a minha amiga amada... é ela. Pois ando vendo-a diferente. Sabe como é, né?! Ela depois que teve Mariana, nossa! Viu o corpo dela como ganhou formas? Tá mais bonita, mais mulher. E quando ela amamenta? Nossaaa! Tenho que sair de perto senão não tiro o olho daquele seio cheio, suculento... ai, Deus! Enlouqueci, só pode”. Sacolejou a cabeça.
- Lisa, não vai responder?
- Ah? Mãe? - Lisa acorda de seus pensamentos – Como? Ah mãe já disse que não é nada. Não é nenhum rapaz, ok? Tá tudo bem. - tranquilizou-a e voltou a lavar as vasilhas, ignorando ostensivamente a expressão indagadora e descrente daquela que lhe deu a vida e lhe conhecia bem demais.
 Depois de ajudar a mãe na cozinha, Lisa caminhou em direção ao seu quarto para trocar a blusa que molhara ao lavar as vasilhas. Ao chegar perto da porta, ouviu uma canção baixinha e percebeu ser Jô cantando para Mariana. Pensou em voltar pelo corredor, mas, como que movida por uma atração inexplicável, abriu a porta e – visão celestial – lá estava a linda morena recostada na cabeceira de sua cama acalentando e amamentando Mariana. Ao ouvir a porta, Jô levantou os olhos e sorriu ao vê-la.
- Vem Li, veja como é linda - Lisa se aproximou da cama, sentou ao lado da amiga e observou a criança sugar com ânsia o leite materno.
- É... É linda – gaguejou seus olhos não conseguindo se desviar do seio exposto. “Como é lindo”, pensou.
- Li levanta aqui minha blusa, por favor, preciso dar o outro seio à Mariana. Lisa sem desviar os olhos do seio exposto ajudou com as mãos trêmulas a erguer toda a blusa. Jô passou Mariana ao outro lado e observou a amiga, que não desviava os olhos de seu seio nu. Esta olhava fascinada o bico teso, maior, mas ao mesmo tempo suave e desejável. Ergueu automaticamente a mão para tocá-lo. Jô percebeu o gesto, mas nada faz para evitar o toque daquelas mãos. E ao senti-lo, leve como uma pluma, seu corpo todo se arrepiou e respirou fundo.
- Lisa? Lisa pareceu acordar
- Meu Deusss - levantou assustada - Jô desculpe... ehh... Eles tão diferentes, né... Eu... Não leve a mal Jô, eu não fiz por mal, mas é que eles estão... Tão... tão... Ah tão. É isso. -  Lisa estava tão vermelha que parecia que ia explodir. Se Jô não estivesse tão nervosa, riria da situação. Mas não sentia vontade de rir, queria era sentir de novo o toque da amiga em seus seios.
- Tão? - Perguntou trêmula.
- Tão... tão bonitos maiores. Ir... Dói? - Apontou a criança mamando, tentando desesperadamente mudar o assunto.
- Dói? Hã? Ahh! - Olhou para a filha - Ás vezes sim, quando ela chupa forte. Mas às vezes é até gostoso. - Avermelhou quando percebeu o que disse e percebeu a amiga também estava desconcertada.
- Hã... Bom, hã... Dá licença, um minutinho - disse levantando o dedo – Já volto.
Após dizer isso, Lisa sai praticamente correndo do quarto. “Meu Deus, meu Deus, o que fiz? Toquei o seio dela!!!! Tô louca... Ai... Tô louca”. Percorreu o corredor até a porta, mas voltou. “Ai Deus, tô louca”, voltou de novo à porta que dava para a sala e retornou. “Respira Lisa, respira! Está tudo bem, ela não viu mal, vamos, claro que não... Ai, chupar que inveja!” Pensou sonhadora. “Porra cala mente!” Bateu na cabeça. “Cala, cala, cala! Xôoo pensamento que não te quero!” Olhou para a porta do quarto. “Ok, volte para lá. Você não pode fugir, além de quê, tem que trocar a blusa... Vamos... Ok. Respira fundo e abre a porta”.

Jô estava em choque. Não acreditava no que acontecera. Lisa lhe tocara o seio. Tocou-o no mesmo lugar que ela o tocara. Sentia a pele ainda arrepiada. Sentira-se tão bem com o toque. ‘Jô, olha, ela é sua amiga!’ Mas aqueles olhos fixos nela, a mão no seu seio... Ai... Sentiu uma umidade entre suas pernas e nesse momento a porta se abre. Cruza as pernas imediatamente ao ver Lisa entrar, como se ela pudesse notar o que se passava ali, naquele cantinho tão seu. Por que voltara?
- Eu... Olha, vim trocar a blusa, ela está molhada - apontou para si - E acabei esquecendo. Caminhou em direção ao armário. Jô observava a amiga, enquanto esta procurava uma blusa no armário. Reparou-lhe o quadril. Lisa era menos curvilínea que ela e mais delicada, apesar de mais alta. Jô tinha 1,65 e Lisa 1,70. A amiga, de costas, tirou a blusa e, imediatamente, Jô apertou mais forte as pernas. Não conseguia entender. Já a vira sem blusa tantas vezes, droga. Já a vira até nua! “O que é isso, agora?” Seguiu lhe a linha da coluna até perto do cós da calça jeans e observou as covinhas... “Ai, Lisa tem covinhas nas costas, na base do quadril”. Uma vontade louca de tocá-las a fez imediatamente parar de amamentar Mariana, que resmungou.
- O que foi? Aconteceu algo? - Lisa virou-se imediatamente ao ouvir a criança e Jô teve uma plena visão de seus seios, cobertos por um sutiã de renda azul clara. “Ai... Agora fudeu”, pensou. “Não tô acreditando. Eu a desejo”. Arregalou os olhos e voltou o olhar rapidamente a criança. “Ai Mariana, Mariana sua mãe tá a fim de uma mulher... tá a fim de... Lisa”. Empalideceu. Ergueu novamente os olhos para a amiga
- Não é nada, eu... cansei é isso. Ela já tá satisfeita. - Abaixou a blusa rapidamente, pois percebeu, de novo, o olhar da amiga vidrado neles.
- Pega a Mariana, Lisa! - disse ríspida. Lisa rapidamente pôs a blusa que estava em suas mãos e pegou a criança, fingindo não perceber a irritação da amiga. Uma ternura imensa tomou conta de seu coração e, esquecendo seus conflitos interiores, apoiou-a em seus braços, fazendo-a arrotar.
- Ave, sua mal educada - disse rindo. Olhou sorrindo para a cama, mas para sua surpresa percebeu que Jô não estava nela. Correu os olhos pelo quarto e repara que ela já não mais se encontrava nele. Sentou-se na cama no mesmo lugar que antes estivera Jô e olhou novamente a criança. “Mari, Mari, que faço?” disse baixinho, “Eu acho que tô enlouquecendo. Eu... Tô gostando da sua mãe”.  Abaixou a cabeça e sentiu seu rosto molhar com as lágrimas quando percebeu, assustada, um toque em sua face. Ergueu os olhos e sorriu então, tristemente, segurando com carinho a mãozinha desse anjinho que Deus colocara em sua vida.

 “Ao tocar seu coração pude sentir algo diferente acontecer, forte como um vendaval e lindo como um amanhecer.”
Alan Capato

Nenhum comentário:

Postar um comentário