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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Capítulo VIII

O Shopping não estava cheio. Era domingo e Deise caminhava lentamente observando as vitrines sem grande interesse. ‘Aff... ninguém merece esse tédio’ sussurra baixinho.
- Não acho que esta blusa ficará bem em você.
Assustada com a voz inesperada perto de seu ouvido Deise vira-se para trás e dá de cara com Lisa sorrindo. Volta o olhar para a vitrine rapidamente reparando a blusa em exposição e sorri. Era mesmo horrorosa.
- Com certeza que não. Estava só olhando.
Começam, como que em comum acordo a caminharem juntas. Deise, meio cautelosa e surpresa com a presença da loira que praticamente a ignorara a semana toda, a olha disfarçadamente. Lisa parecia cansada, com olheiras profundas.
- Está tudo bem Lisa?
- Tudo Deise – sorri, mas o mesmo não chega a seus olhos. Passa a mão nos belos cabelos e esfrega a testa. – na verdade nem tanto.
- Quer falar? Lisa olha Deise e para de caminhar. Gostava realmente dela. Passava algo de positivo, uma energia boa, suave, sincera.
- Gostaria sim. Que tal um lanche?
Já sentadas na praça de alimentação Deise pede um chope. Com certo enjôo Lisa torce o nariz e pede uma limonada suíça.
- Não quero por álcool na boca tão cedo.
- Hum... andou abusando?
- Abusando e ‘burrando’ muito por causa dele. Mas na verdade não é isso que realmente me aflige. – Poe a mão sobre o queixo e respira fundo. – Sabe quando você sabe que deve tomar certa atitude, mas não quer tomar por conta de um passado que ainda te atinge?
- Hã? Bom... não entendi bem, mas... tem algo de seu passado que te incomoda é isso? Lisa observa Deise atentamente. Como a ruiva era bonita com seu rosto meio infantil e um corpo de mulher. Os olhos verdes estavam claros, profundos... sérios. Ela lembrava tanto alguém que Lisa chegava a sentir aperto no coração. Arregala os olhos e novamente encara Deise nos olhos. Ela lembrava... Mari!!!
- Meu Deus! – Põe a mão sobre a boca.
- Que foi Lisa? Parece que viu fantasma!
- Não... é que agora, só agora percebi quem você me lembra.
- Nossa! Deve ser alguém bem assustador pela sua cara.
- Pelo contrário. É alguém que amo muito. Na verdade é o meu problema.
- Cada vez mais confuso... e interessante. Toma um gole do chope e sorri – Fala mulher!! Não me mata de curiosidade.
- Ei!! Você é minha paciente. Modere o tom, diz rindo.
- Nunca fui sua paciente. E para sua informação nem o sou mais lá na clínica. Recebi alta na sexta, diz meio triste.
- Sério? Mas isso é muito bom.
- É... acho que sim. Minha mãe está toda feliz. Por ela iríamos hoje mesmo pro sul, mas temos que resolver ainda alguns problemas pendentes. Recebi a noticia sexta à tardinha.
- Hum... não fiquei sabendo.
- Foi a Doutora Luiza quem me chamou. Na verdade eu e ela conversamos um pouco a tarde. Um pouco depois ela mandou me chamar novamente junto com minha mãe. Disse que havia conversado com a equipe que me acompanhava e juntos concluíram que eu já estava apta a receber alta. Agora é comigo. – Deise a olha meio desamparada. – Foi tipo um choque sabe. Não esperava.
- Nem eu... Lisa a olha pensativa – nem eu Deise. Sobre o que conversaram à tarde? A ruiva a olha acuada e sente o rosto esquentar.
- Na verdade foi um pouco pessoal. Eu... falei de algumas duvidas minhas.
- Sobre? Deise toma todo o chope de uma vez.
- Sobre... bissexualidade. Acredita? Falei disso com aquela... amazona!
- Deise... falou do que aconteceu entre nós?
- Eu... eu... não lembro... acho que... não...
Lisa sente o rosto acalorar. Luiza sabia dela e Deise... sabia e planejara cada passo da noite anterior. ‘Vou eliminar aquela mulherzinha!’
- Lisa! Não falei nada que te comprometesse! Não fiz nada!
- Calma Deise. Luiza não é minha chefe. É minha colega de trabalho. Alem que ela não diria nada. Tenha certeza.
- Bom... que bom né.
Mas Lisa parecia distante, o olhar perdido. Deise ergue os dedos e pede mais um chope. Depois estala os mesmos no rosto de Lisa.
- Olha eu não queria envolver ninguém. Mas ela estava ali... se mostrou tão amiga que quando vi estava desabafando.
- Deise tranqüiliza. Luiza pode ser arrogante, mas é uma pessoa de índole. – ‘Índole a porra’ pensa revoltada, mas mantém as palavras.
- Sabe... pensei muito quando perguntou se eu era bissexual. Não acreditava nestas coisas. Mas agora... vejo bastante sentido nisso. Gosto de namorar, gosto de homens, mas me atraio por mulheres também. O que me parecia absurdo antes agora é algo natural. – Deise a olha séria. – Doutora... Lisa... é natural.
- Também acho Deise. Veja bem, eu sou lésbica. Não preciso mais te esconder isso. Mas omito. A sociedade não permite sermos nós mesmos. É cruel, falsa. Uma grande maioria é frustrada, não aceita e reprime seus desejos. Conheço mulheres que seriam felizes assumindo sua condição de lésbicas, mas preferem casar, ter filhos, dar satisfação a uma sociedade que não está nem aí para elas, suas tristezas, suas frustrações. É revoltante a falsidade dos supostos conservadores. Os mesmos que não hesitam de trair as próprias esposas. Odeio falsos valores.
- Verdade...
O silencio impera entre as duas. Cada uma perdida em seus pensamentos. Lisa observa a ruiva sorrir para o garçom que chega à mesa. Simpática e delicada ela não tinha nada de menina como ela pensava. Era uma mulher jovem e maleável, aberta a novos conhecimentos e persistente no que acreditava. Seu olhar se suaviza ao vê-la ‘bicar’ o chope com uma expressão de prazer.
- Que foi? Tá me encarando.
- Hum... Você só se parece com alguém que conheço, mas o gênio é bem diferente.
- Quem é ela?
- Uma menina ainda. Lisa sorri nostálgica – menina, mas com muita atitude. Seu olhar se perde no passado. – Mari... Mariana. Tem alguns anos que não a vejo. Ela é linda alegre... mas tem um gênio terrível!! Como a mãe. O olhar endurece – Como a mãe.
Deise permanece em silêncio. Percebe que aquele momento pertence só a Lisa. Aguarda pacientemente que esta continue falando. Lisa balança a cabeça como em uma negativa e a olha
- Você tem olhos parecidos com os de Mari. Verdes, calorosos, meigos. Passam sinceridade. Na verdade Mari é meu grande problema.
- Por que Lisa?
- Daqui um mês ela faz quinze anos e me convidou para sua festa.
- E...
- E eu e a mãe dela não nos falamos mais... já há uns dez anos. Foi uma grande... amiga minha. Mari é afilhada de meus pais e eu... bem a adoro muito. Sempre que posso a vejo. – Olha Deise séria – Sempre na casa de meus pais.
- Ela parece ter carinho por você né.
- Demais! E eu por ela. Amo demais aquela menina.
- Onde é?
- Minas Gerais. Sou mineira. Belo Horizonte.
- Acho que devia ir. De boa, se você é de lá, seus pais moram lá, sempre teve contato com ela. Porque você vai deixar de dar atenção a alguém que sempre te teve carinho por causa de um conflito que pertence a você e a mãe dela?
- Colocado assim é bem simples – Lisa sorri meio irônica.
- É simples Lisa. Você deve simplificar a vida não complicá-la. – Põe a mão no rosto rindo. – e fui eu que disse isso! As duas riem
- Você me faz bem Deise sabia?
- Lisa... porque me evitou tanto na clinica? A loira a olha séria.
- Deise. Ali sou a profissional. Não posso me envolver com pacientes. Alem que percebi sua confusão com toda a situação e... bem... simpatizo muito com você Deise... eu... jamais aproveitaria de um momento de conflito seu.
- Conflito... é sou conflitante... mas Lisa... se acontecesse algo é porque eu queria. Você realmente me vê como criança né.
- De forma alguma! Ou talvez... justamente por que você me lembra Mari.
- Uma adolescente!
- Exato. Uma adolescente. Sinto muito.
- Tudo bem... mas não sou adolescente. - E como a querer provar isso dá um longo gole na bebida. – Ahhhh!! Delícia!
Lisa sorri e olha para os lados. Vê o cinema e o filme que iria passar.
- Hum... que tal um cinema?
- Menina! Adorei! Vamos fechar com chave de ouro meus dias na Grande São Paulo!
As duas se encaram. Lisa sente uma tristeza ao sentir que não verá mais a ruiva que tanto a cativava. Deise, porque sabia que deixaria para trás aquela que poderia enriquecer e muito a sua existência e suas descobertas. Já dentro do cinema se sentam lado a lado. Deise ciente da presença loira a seu lado sente o coração disparar. Recorda o beijo que trocaram e geme baixinho.
- Tudo bem Deise?
- Hã? Tô... claro... eu to. Lisa... eu...
- Você?
 - Lisa... eu... gostei do beijo. Do nosso beijo.
- Deise... – Lisa diz baixinho - Você não que falar disso.
- Quero! Eu quero! Lisa... eu quero.
Lisa sente a mão da ruiva tocar a sua no escuro do cinema. Delicadamente a aperta e suspira. Vira o rosto e a encara.
- Deise...
- Me beija de novo... beija.
Mesmo pedindo, Deise não espera a ação de Lisa. Segura seu rosto delicadamente e a beija. Um beijo tímido e inseguro. O coração de Lisa se enternece. Segura as mãos delicadas com as suas e aprofunda o beijo.
O escuro do cinema oculta o proibido. O filme segue seu curso até o final inesperado que surpreende a platéia. Alheias a tudo isto duas belas mulheres trocam beijos molhados repletos de ternura e vontade. Buscam uma na outra as respostas do que temem, as respostas do que desejam. Ao final sorriem e se separam.
Sem respostas e sem um final.  

"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente..."
(Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Capítulo VII

Os corpos sedentos se encontram. Lisa excitadíssima abre o penhoar de Luiza agarrando os seios fartos. Mas a alegria dura pouco. A morena tira sua mãos violentamente de seu corpo.
- Não Lisa... Sou eu que estou no poder. Aqui quem manda é eu. E não quero que me toque... não ainda. Beija-a longamente, enquanto suas mãos passam raivosas pelo corpo delicado. Lisa geme ao sentir as unhas penetrarem sua carne e força o próprio corpo tentando sair do domínio da outra. Sente suas mãos serem agarradas e colocadas acima de sua cabeça. Luiza sentada sobre Lisa dá um sorriso arrogante.
- Parece não aceitar ordens Lisa. Terei realmente que lhe dar uma lição.
- Me solte!! Mal termina a frase sente um tapa em sua face. Com o olhar enfurecido e um desejo em ebulição grita revoltada e tenta se soltar. Luisa gargalha deliciada e a vira de bruços sobre a cama torcendo-lhe ligeiramente o braço.
- Não lute contra o inevitável... Você hoje irá me servir... e bem. Sussurra baixinho em seu ouvido. Lambe-lhe sensualmente a orelha e morde-lhe delicadamente o pescoço. Sentindo Lisa mais entregue sorri deliciada e a solta para logo após forçar-lhe o quadril colocando-a de joelhos. Abre-lhe as nádegas delicadas e diante da visão do sexo de Lisa molhado sente todo o corpo tremer.
- Lisa, não serei delicada. Mal Lisa termina de ouvir a frase sente os dedos a lhe penetrarem o sexo e grita de prazer. Começa a mexer o quadril enlouquecida e Luiza totalmente sem controle penetra-lhe ainda mais fundo. O prazer de Lisa aumenta ao perceber o poder que seus movimentos exercem sobre Luiza e mexe ainda mais rápido.
- Você gosta? Diz... gosta?
- Cala safada! Cala e geme – Luiza lhe bate com a mão livre nas nádegas.
- Bate, vamos. Você gosta não é!?
- Não provoque Lisa... não provoque... eu... A frase de Luiza é cortada pelo grito em êxtase de Lisa. Isso a enlouquece. Vira Lisa de frente e começa a distribuir beijos enlouquecidos sobre o corpo amado. Ao se aproximar da vulva molhada geme loucamente e começa a chupar Lisa intercalando com pequenos tapinhas sobre a virilha. Lisa arregala os olhos diante do prazer que sente e balança a cabeça freneticamente.
- Não... não... Luiza suga-lhe ainda mais forte e morde-lhe delicadamente os pequenos lábios. Com as mãos segura-lhe o quadril e o ergue, para melhor usufruir do sabor maravilhoso de Lisa.
- Pare... Lu... Luiza... Você está me machucando... Luiza...
- Calma Li... muitas vezes o prazer vem com a dor... – e volta a lhe chupar ainda com mais força cravando-lhe as unhas nos quadris. Lisa geme de prazer e dor. Coloca a mão na boca ao sentir o orgasmo vir poderoso e abafa o grito que lhe vem espontâneo da garganta. Nunca sentira nada tão intenso. O prazer liberto se manifesta em espasmos intensos que sacodem o corpo e trás lagrimas aos olhos cor de mel. Luiza observa aquelas manifestações claras de prazer sentindo seu próprio corpo clamar por satisfação. Lambe delicadamente o clitóris inchado e protuberante. Que sabor divino, que gemidos enlouquecedores Lisa têm.
- Lisa... Lisa... O nome dito tão carinhosamente depois de um domínio tão presente desperta Lisa da languidez e esta sente as lágrimas virem a seus olhos. Ela se entregara totalmente nos braços da morena. Começa a soluçar sem controle e tenta se soltar dos braços morenos.
- Me solte!
- Lisa! Que foi? Lisa para com isso! – Luiza tenta segurá-la, mas esta escapa da cama e começa a se vestir.
- Quero embora!
- Você não vai embora! Pare com isso.
- Tente me impedir Luiza, tente!
- Li você não tem condições, está tarde! PARE LISA!
O grito, meio que desesperado, tira Lisa de sua própria angustia e pela primeira vez olha os olhos de Luiza. Estavam marejados e inseguros. A médica não parecia mais tão prepotente, arrogante, dona de si. Abaixa os olhos e vê o lindo corpo moreno que tanto queria tocar. Suspira ao ver o sexo molhado. Que vontade de tocá-la, senti-la, saber seu sabor. Fecha os olhos percebendo o poder da morena sobre si. O que fazer? ‘Deus, eu a quero... ’ Sente um toque leve sobre o braço e imediatamente segura a mão morena.
- Lu... não me toque... – diz baixinho
- Li... Lisa... tudo bem, eu não te toco, mas não vai embora... dorme aqui... eu não te toco. Por favor. Lisa já não tem mais força. Lentamente caminha para a cama e se deita, rígida, tampando os olhos com os braços. Sente após alguns segundos o peso de outro corpo sobre o colchão. Os minutos passavam lentos. Lisa retira os braços do rosto e o vira lentamente para Luiza. Esta estava deitada de costas observando o teto com um olhar perdido. Seu corpo nu parecia tenso e sua postura denunciava grande angustia. Lisa sente o desejo aflorar em seu intimo. Mesmo sabendo estar sendo incoerente estende a mão e toca os seios morenos. Lu a olha surpresa.
- Não diz nada... me deixe tocar você... somente me deixe tocar você.
Luiza permanece em silencio e segura a mão que lhe toca, deslizando-a sobre o próprio corpo. Geme suavemente, o suficiente para que Lisa tenha certeza que é bem vinda.

Lisa abre os olhos devagar. ‘Nossa que sonho!’ Arregala mais ainda os olhos cor de mel ao ver a bela morena deitada a seu lado. NÃO FORA SONHO!!! Vira-se mais de lado de maneira a ficar de frente para a “bela adormecida” e a observa, sentindo o coração acelerar. Nunca sentira tanto prazer com uma mulher. Essa constatação lhe aperta o coração. Não queria se envolver com ninguém... não queria se apaixonar por ninguém.
Desliza devagar o lençol que cobre o belo corpo e se deleita com a bela nudez morena. Lindos seios, pernas maravilhosas. Luiza não tinha a beleza perfeita, mas a encantava. Observa o respirar tranquilo e num toque leve toca-lhe a barriga.
- Se falar de minha barriguinha te esfolo. - Lisa sorri. Não se assusta nem com as palavras inesperadas nem com a ameaça vã.
- Uma linda barriguinha... Aliás, você é linda!
- Linda é você querida. – Luiza se vira para a loira um pouco insegura. Com o dia claro tudo lhe parecia mais inseguro, limitado. Estende a mão para tocar o rosto de Lisa, mas esta se desvia e levanta.
- Tenho que ir.
- Lisa... ainda é cedo. Vamos almoçar juntas.
- Não Lu, melhor não. Preciso... pensar. Eu... ah, nem sei o que pensar, mas preciso pensar.
- Lisa!! Não se arrependa do que tivemos! Foi maravilhoso! Não desista de nós!
- Nós?? Que nós Luiza! Foi uma noite! Sexo. É tudo que tivemos! Não existe nós.
Luiza engole em seco. Procurando esconder sua angustia e decepção rebate ácida as palavras cruéis de Lisa.
- Pois saiba que quero mais. Muito mais sexo com você. Isso não acaba aqui. Te terei quantas vezes quiser e você sabe disso.
Lisa se irrita com a arrogância morena. Calada, termina de se vestir sob o olhar atento de Luiza.
- Não vai dizer nada?
- Sua frase não merece resposta Luiza. Estou indo. Não precisa me acompanhar até a porta.
- Lisa!!
Já na sala Lisa pega sua bolsa e caminha apressadamente para a porta de saída.
- Lisa!
- Me solte Lu! Você acha que pode sempre dominar pelo tamanho? Pois está enganada! Você não é de nada e... – Lisa é calada pelos lábios da morena.
Tenta escapar, mas o esforço dura pouco tempo e logo passa os braços pelos ombros delicados, mas fortes de Luiza. O beijo que começara possessivo e violento termina com delicadeza.
- Agora pode ir querida. Tenha um lindo dia e pense em mim. Agora já sabemos que basta chamar e você estará em meus braços.
Ao som das súbitas palavras Lisa sai de seu estupor e dos braços da morena. Revoltada se vira e abre a porta saindo abruptamente para o corredor. Enquanto espera o elevador olha para a porta do apartamento e vê Luiza nua e maravilhosa a olhá-la irônica. O coração dispara e a ânsia de voltar aos braços daquela que tanto prazer lhe dera se torna quase uma dor física. Sem mais nenhuma palavra entra no elevador e só então suspira longamente. Esfrega a testa e geme baixinho. ‘ Arrogante! Estúpida! Quem ela pensa que é? Ai Lisa, isso foi burrada, isso foi burrada... isso foi burrada’
Luiza muda a expressão imediatamente após Lisa entrar no elevador. Soca a porta angustiada e lentamente a fecha. Agora já sabe que pode possuir o corpo de Lisa, mas quer mais, muito mais. Quer seu amor. ‘Como chegarei a você Lisa? Como?’
Exausta Lisa caminha lentamente pelo corredor a caminho de seu apartamento. Ao colocar a chave na fechadura ouve a porta vizinha se abrir
- Lisa? Esta olha para o lado e vê sua vizinha caminhar em sua direção. Percebe o olhar correr por suas vestes, mas ignora. Não tem que dar satisfação a ninguém de seus passos e sua vida.
- Pois não Neide?
- Olha, ontem chegou uma carta registrada em seu nome, mas colocaram o numero de meu apartamento. Recebi para você. Está tudo bem?
Lisa pega a carta sem olhá-la e acaba de abrir a porta.
- Tudo bem Neide. Obrigada - agradece erguendo ligeiramente a carta na mão. – Vou nessa. Um bom sábado.
Fecha a porta firme, mas delicadamente e coloca a bolsa e a carta sobre a mesa. Senta-se e começa a ruminar todos os acontecimentos da noite. Cruza as pernas. ‘ Odeio esta mulher! Que arrogância! Quem ela pensa que é?’ Pega a carta ainda indignada com Luiza, mas ao ler o remetente tudo o mais lhe some da mente. Vira a carta lentamente e abre o envelope. Tira o convite e solta um suspiro angustiado. Uma pequena carta escapa de dentro do mesmo e ela a segura com as mãos tremulas.

“Querida Lisa. Como tenho saudades! Espero que você esteja bem. Sinto falta de quando tínhamos mais contato. Não me deixe. Você é parte importante de minha vida. Preciso de você comigo. Por favor, venha a minha festa! Senão nada terá graça. Daquela que muito te ama, Sua Mari” 

Lisa abaixa a cabeça sobre a mesa e sente as lágrimas escorrerem de seu rosto. Logo os soluços se fazem presentes. ‘Mari... Mari... que saudade de todos vocês! Que saudade de você!’
- Deus o que faço? O que faço?  

"Nossa dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
(William Shakespeare)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Capítulo VI

A sexta começava quente na clinica. Deise observa o movimento sem nenhum interesse. Desde o inicio da semana Lisa a tratava como uma paciente qualquer. Resmunga baixinho ‘ Também retardada, é isso mesmo que você é. Uma paciente qualquer. Aliás, nem paciente dela é. ’ Balança a cabeça. Nenhuma menção ao beijo entre elas. Apenas sorrisos polidos e casuais no corredor. Caminha desanimada. Na verdade nem ela sabia exatamente o que queria. A pergunta de Lisa não saia de sua cabeça “Você é Bi”? ‘Isso não existe! Ou existe? O que é exatamente ser Bi? Gostar dos dois sexos?! Respira fundo. Já se relacionara com homens e fora muito bom. Mas sempre gostara de olhar as mulheres e algumas vezes chegava a desejá-las. Mas logo anulava da mente. Com Lisa sentira uma súbita necessidade de satisfazer sua curiosidade sobre o sexo entre mulheres. Não só porque ela era linda, como também sentia um carinho, uma confiança que ela não a magoaria. Sentasse no banco da praça e perdida em suas indagações não ouve os passos que se aproximam
- Tudo bem jovem? Ergue os olhos assustada. Os olhos percorrem intimidados a figura de branco à sua frente. A Doutora Luiza sempre a fazia se sentir menininha com toda aquela pose. E a altura da mulher? Tá louco!
- Eu... Tô sim... só pensativa. Responde ainda mais sem graça ao ver Luiza se sentar a seu lado e dar um sorriso curto.
- Menina... esqueci seu nome , desculpe.
- Deise.
- Certo... Deise. Te observei a semana toda e percebi um desanimo bem grande na sua postura. O tratamento não esta correspondendo a suas expectativas?
- Não! Quer dizer, está claro. É possível até eu receber alta mês que vem.
- Então... é algo mais? Deise observa a médica. Os olhos escuros eram tão penetrantes que ela sente um pouco de falta de ar.
- Não... eu... bom... eu...tá bem...tudo bem.
- Algo a ver com a Doutora Lisa? Pergunta Luiza ignorando o constrangimento da jovem. Deise a olha horrorizada. ‘ Deus to dando na cara!!!’ - Não se assuste tanto. Eu sou observadora. Percebi que busca sempre estar perto dela e soube que ela te deixou em casa semana passada. Aconteceu algo?
Luiza, sem muito tato, buscava informações na jovem. Sabia estar sendo pouco ética e se aproveitando da insegurança de Deise, mas precisava , tinha que saber o que havia entre elas. Segura levemente a mão da ruiva.
- Deise, sei que as pessoas se intimidam com minha postura, mas saiba que sou de confiança. O que disser aqui ficará entre nos. Deise a olha já avermelhada, as sardas salientadas no pequeno nariz.
- Doutora... eu... nada... eu... – Olha a medica angustiada. ‘ Quer saber! Que se dane. Preciso desabafar essa angustia com alguém!’ - Doutora... eu acho que to ... Olha, vou falar rápido tá.
- Tá Deise.
Luiza não pode deixar de sorrir diante da atitude da jovem. Gostava dela, de sua perseverança frente ao tratamento, da postura que tinha com os pais. Era com certeza uma mulher de valor. E exatamente por estes valores que a considerava uma rival.
- Ok, aqui vai. Respira fundo e... - Eu to ligada na Doutora Lisa. Tô atraída por ela e cantei-a uma noite, não sei bem porque, alias sei sim, ela me deixa sem fôlego com aquela beleza loira dela e eu fico embasbacada, boba, vidrada, perdida, fascinada com ela...
- Deise...
- ... e ela perguntou se sou lésbica e eu não sei se sou. Daí perguntou se sou bi e eu não sei se acredito nesse lance de bi. O que sei é que ela me atrai e to fudida porque ela tá fugindo de mim e ela me faz bem e eu to toda sem graça, quero falar com ela e ela só cumprimenta e eu fico que nem cachorro molhado atrás dela e ela tipo vem, passa a mão na cabeça da cadela aqui e segue me deixando de rabo abanando...
- Deise...
- ... e eu não sei mais o que fazer. O que quero... mesmo, to me sentindo perdida querendo e não querendo...
- DEISE!! Respira menina! Não fale tão rápido! Não consigo te entender direito. Deise respira fundo e olha meio perdida para Luiza.
- Doutora... que faço? Eu acho que estou gostando de Lisa e depois do beijo então...
- Beijo??
- ... eu não a tiro da cabeça! Ela é linda... e meiga...e ...
- Beijo?
- ... fascinante mesmo nossa!
- Deise! Luiza a segura pelos braços e a sacoleja rapidamente. – Que BEIJO Deise?
- Beijo? Eu disse beijo? Deise sente a cor sumir do rosto e tapa a boca com as mãos. – Pelo amor de Deus, não diz a Lisa que te contei isso.
- Não digo Deise... mas explica essa história de beijo. - Luiza, angustiada, sente o coração disparar. O chão parece lhe fugir aos pés. A ruiva olha cautelosa para os lados e diz sem graça.
- Ela me beijou... Na verdade eu a cantei e ela foi e me beijou. Achou que eu... bom, que eu tinha experiência com mulheres.
- Não tem?
- Não... Nunca estive com uma. Encara Luiza nos olhos – Doutora... você não se assusta com esse papo? Quer dizer, uma mulher dizer que está atraída por outra e tal... sei lá. É estranho.
Luiza respira profundamente buscando recuperar seu controle emocional.
- Bom... Deise. Já vi muitas coisas no mundo e nada mais me surpreende. Preocupa-me mais você estar se envolvendo em uma situação muito confusa. Relacionamentos entre mulheres não é bem visto pela sociedade. Você acha que está estruturada para viver, mesmo que em uma relação passageira, algo assim?
A jovem passa mão pelos longos cabelos.
- Não sei... não sei mesmo. Na verdade estou mesmo confusa. A Lisa... Deise a olha repentinamente apavorada. - Pelo amor de Deus doutora Luiza... não rotule a Lisa!! Quer dizer... nem sei mesmo se ela gosta de mulher... e também foi só um beijo, ela também podia estar curiosa e...
- Calma Deise... Luiza lhe sorri tranqüila. – Como disse tudo que falarmos aqui ficará entre nós. Alem que jamais questionaria a pessoa de Lisa e mesmo sua profissionalidade. Ela é excelente como pessoa e como profissional. Não a tratarei diferente ok.
- Nossa, fico mais tranqüila assim. Deise lhe sorri - Mas voltando... a Lisa me disse que eu podia ser Bi... e eu fico me perguntando se é possível. Não acredito muito nisso de ser bi... para mim ou você gosta de homem ou de mulher.
- Posso lhe dar minha opinião sobre o assunto Deise?
- Adoraria, sinceramente. Qualquer luz a minha escuridão mental será bem vinda.
- Para mim a mulher bissexual... é uma eterna condenada. Para as heterossexuais uma sem vergonha safada... uma ninfomaníaca. Para as lésbicas, uma covarde sem coragem de assumir sua sexualidade e vivendo conivente com a sociedade. Na verdade é uma incompreendida entende Deise? Observa o olhar atento da ruiva e continua mais confiante. – Já se questionou por que sentimos tanta segurança de criticar o próximo e, no caso, a próxima? O bissexualismo não é falta de vergonha, nem uma doença. Porque não aceitar que alguém pode sentir atração pelos dois sexos? Ambos têm sua beleza e atrativos sexuais.
- Hum... Deise a olha admirada. Nunca olhei por este prisma. Alias, nunca pensei muito nisso. Vou ter mudar alguns conceitos. Me deu muito que pensar mesmo. Diz quase para si mesma.
- Deise, a bissexualidade é um fato e a pessoa que vive o a atração pelos dois sexos manterá essa postura até que o amor bata à porta de seu coração. Até isso acontecer ela manterá relacionamentos ora com um, ora com outro. A atração é uma questão de pele, o amor uma questão espiritual. No momento que surgir o amor, ai sim, ela fará sua escolha.
- Você pensa assim mesmo? A ruiva a olha era meio duvidosa e muito surpreendida. Não esperava isso da medica tão arrogante e que lhe passava a impressão de ser a dona do mundo... de todos alias.
- Penso sim. – suspira um pouco cansada - Mas voltando nosso assunto, não espere muito de Lisa. Mesmo que ela tenha lhe beijado ela jamais iria se envolver com uma paciente. É uma questão de ética. Mas sem duvida ela lhe deixou um bom presente.
- Qual? Pergunta Deise, triste só de pensar que Lisa não mais a tocaria.
- A descoberta de si mesma. Luiza lhe lança um olhar enigmático, sorri e volta os olhos para o relógio. - Preciso ir. Tenho uma consulta. Diz com voz bem mais amigável – Espero ter lhe ajudado Deise.
- Nossa Doutora, nem sabe o quanto. Eu precisava mesmo desabafar. Tô me sentindo bem aliviada.
- Fico feliz. Bom... uma boa tarde a você menina.
Deise observa a medica se afastar. Não esperava tal atitude dela. ‘Como as pessoas são contraditórias e nos surpreendem." Respira fundo e se ergue lentamente. Logo sua mãe chegaria. Sua mente estava a mil por hora. ‘ Isso dava uma grande letra de musica’. Pensa triste e lamentosa.
Luiza caminha apressadamente sem olhar para trás. A conversa tomara rumos que não esperava. Queria apenas tirar informações e acabara aconselhando a pessoa que via como uma rival ao amor de Lisa. Beijo... não gostara nada de saber do beijo. Teria que tomar uma atitude mais consistente. ‘Sem escolhas Lisas. Não vou te dar esta oportunidade’

A noite chegava estrelada. Lisa confirma o endereço que tem as mãos e olha o belo prédio a sua frente. ‘É... Luiza não se contenta com pouco’. Identifica-se com o porteiro que lhe abre a portaria. Já dentro do elevador sente uma ansiedade tomar conta de si. " Tomara que tenha pessoas conhecidas "
- Lisa que bom que veio! Lisa olha fascinada a mulher a sua frente. Acostumada a ver Luiza vestida somente com as roupas da clinica surpreende com a beleza morena. Vestida em um belo vestido vinho escuro Luiza transpirava sensualidade. A maquiagem valoriza seus olhos profundos e o decote... ‘Meu Deus!!! Que seios! ‘ Desvia o olhar rapidamente.
- Você... está diferente... quero dizer...muito bonita Luiza. O vestido lhe cai muito bem. Diz estendendo-lhe a garrafa de vinho que trazia as mãos.
- Obrigada linda. Que bom que lhe agrado. - Luiza sorri encantada. - Adoro este vinho. Como adivinhou? Mas venha o pessoal já esta quase todo aqui.
Lisa observa a festa entretida com a bebida. A noite corria divertida. Observa Luiza que dançava com um dos médicos da clinica. Ela sabia mesmo fazer uma boa festa. Vê o seu rebolar sensual acompanhando fascinada o movimento das nádegas femininas. ‘Que corpo, puta merda!’ Jamais imaginaria esta postura na medica arrogante que conhecia. Ali em seu ambiente ela se soltava, se tornava mais feminina, mais sorridente. Parecia outra pessoa. E dançava bem... Mas... o que era aquilo? O safado que dançava com a morena deslizava a mão pelo quadril feminino. Lisa sente uma ânsia violenta de ir ate lá e retirar aquela mão inconveniente dali. ‘Não fará nada Luiza? Nenhuma atitude? FAÇA ALGO!’ Respira aliviada ao vê-la, suave mas firme, segurar a mão masculina e tira-la de seu quadril. Depois lhe observa sussurrar algo no ouvido masculino. O homem constrangido e vermelho a solta e caminha rapidamente em direção às bebidas onde se serve de uma dose generosa de uísque.
‘Aee Luiza! Seja lá o que disse foi bem dito’. Volta novamente o olhar satisfeito à morena e percebe que esta a observa fixadamente. Sorri sem graça e ergue-lhe um brinde, tomando uma dose generosa do vinho. Luiza caminha em sua direção com um andar ferino... predador. Lisa sente gotas de suor brotar por cima de seus lábios. Fora assim a noite toda. Olhares fortuitos, insinuações veladas, toques discretos em seu corpo. Não sabia mais o que fazer, nem o que pensar. A morena tirava-lhe a capacidade de decisões mentais.
- Gostando da festa Lisa? Percebo-lhe mais quieta em seu canto.
- A festa está ótima Luiza. Estou adorando. Dancei tanto que meus pés doem. Agora quero mais é ficar quietinha.
- Está divertido mesmo né! O pessoal é ótimo, diz observando o movimento na ampla sala. Volta-lhe o olhar. – Mas tire a sandália! Para que ainda usa este salto alto? Sem esperar resposta ajoelha-se a sua frente, lhe segura um dos pés e tira a sandália fazendo-lhe uma suave massagem no mesmo. Lisa observa a mulher a seus pés sem conseguir esconder o olhar de desejo. Luiza ergue a vista e a encara sensual, buscando expor ainda mais os seios visíveis na posição que se encontrava
- Se sente melhor Lisa?
- Hã?
Luiza retira a outra sandália, e desliza suavemente o dedo pela sola do pé de Lisa.
- Suaves... macios. Fala tão baixo que Lisa quase não escuta – Tenho certeza que você é toda assim. Ergue-se lentamente, deslizando o dedo pela perna da loira ate chegar à barra do vestido. – Mais vinho Lisa?
Tortura. Assim Lisa classificou a noite. Perdera a noção de quantas taças de vinho bebera. Percebia as pessoas se despedirem e irem embora, mas seus olhos não se desgrudavam de Luiza e de sua discreta sedução. Tinha certeza que só ela notava isso. ‘Tenho que ir’ Lisa tenta se erguer da cadeira que estava sentada, mas retorna imediatamente a antiga posição. ‘Eu acho que bebi um pouco além da conta’
- Lisa? Esta ergue o olhar diante do chamado. - Hei Lu, festa boa hem?
- Muito boa. Não pensa em embora como está né?
- Uai, como estou? - Lisa, diz seria.
- Você está tonta. Não tem condição nenhuma de dirigir. Durma aqui.
- Não! Eu chamo um táxi. O pessoal já foi todo embora? Pergunta olhando para os lados surpreendida.
- Todas, todos. Estamos sós. Lisa, você irá dormir aqui. Não vou deixá-la pegar um táxi a esta hora da noite e do jeito que está. E antes que fale, não aceito argumentos.
Lisa nem pensa em argumentar. Sua mente só repetia as palavras da morena ‘ estamos sós... estamos sós’ - Ok...
Luiza sorri deliciada. Tudo correra como previra.
- Vem... Acho melhor você tomar um banho. – Encaminha Lisa para o quarto principal. Lisa observa fascinada a cama de casal.
- Hã... lindo quarto.
- Obrigada... vem...o banheiro é aqui. Acha que precisa de ajuda para o banho?
- Não... eu consigo sozinha. Você abre meu zíper?
Luiza observa as costas da loira. Santa tentação. Usando de todo o seu controle abre o zíper e sai rapidamente sem lançar outro olhar a loira.
- Fique a vontade.
Já fora do banheiro respira ruidosamente. ‘Também preciso de um banho... Não posso perder o controle. Tudo tem que correr como planejei’.
Lisa sai do banho bem mais desperta. Enrolada na toalha observa o quarto que adentrara. Que ambiente lindo. A cama coberta com um lindo edredom vermelho estigava-lhe as mais loucas fantasias. Ouve a porta se abrir e vira-se a tempo de ver Luiza entrar em um lindo penhoar preto segurando uma xícara de café. Sente o coração disparar. Esta mulher é maravilhosa! A morena paralisa na porta ao ver Lisa de toalha. Como ela era linda! Sente um latejar em seu sexo e começa tremer. Põe a xícara rapidamente sobre o criado mudo.
- Eu... trouxe um café... pro caso de precisar...
- O... obrigada... Lisa esfrega testa. - desculpe o trabalho... não faço isso normalmente.
Luiza a observa atentamente sem palavras. Lisa se aproxima sem graça e ao tentar pegar o café deixa escorregar a toalha. Tenta segura-la desesperadamente e a morena, vendo sua ânsia, ajuda-lhe apoiando as mãos na sua cintura e impedindo assim a toalha de acabar de cair. Volta o olhar aos seios expostos e abre ligeiramente os lábios. O desejo brilhava em seus olhos e era visível a sua falta de controle. As mãos apertam ainda mais sua cintura e Lisa sente o molhado entre suas pernas. ‘ Isso não pode acontecer ‘ pensa sem muita convicção.
- Lu...
Foi o suficiente. Como se, ao som de sua voz, uma represa de emoções e desejos se rompesse, Luiza arranca a toalha de seu corpo e a agarra puxando-a para si. O controle tão duramente conquistado perdia a guerra contra a emoção. Tudo que queria era possuir aquela beleza loira. Lisa tenta fracamente escapar do domínio da morena quando, os lábios por ela tão ansiados por toda a noite, buscam sua boca violentamente. Numa luta de vontades as línguas se buscam. Lisa geme longamente. Estava entregue, mas Luiza parecia não ter noção disso. Joga-a nua sobre a cama e observa enlouquecida o belo corpo.
- Quero você Lisa... quero e vou ter... Você hoje é minha... e nunca mais esquecerá esta noite.  

“O perigo e o prazer andam de mãos dadas.”
(Provérbio Escocês)