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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Boa leitura a todas.

Bjs carinhosos

Para ler o conto desde o ínicio  vá em Arquivo do Blog. 

O conto começa em junho/2008 

 Até um próximo conto

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Capítulo XXII - Final Conto

Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você – respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.

Já era meio dia.
Sabendo que Nádia iria chegar a qualquer momento Mari sugere a Lisa levantarem.
- Humm... deixa ficar quietinha aqui. – Coloca o braço na cintura da bela morena.
Mariana sorri feliz. Este era o dia mais perfeito de sua vida.
- Amor – Toca o rosto de Lisa com carinho – Estamos nesta cama desde a tarde de ontem. – Estala os dedos. – Lembra que estava com fome?
Lisa abre um dos olhos divertida e com olhar sem vergonha.
- De comida Li!!
- Ah é... lembro... – Sorri preguiçosa e se espreguiça expondo os seios deliciosos.
Mariana engole em seco. Nunca iria cansar de olhar seu amor.
- Ai Li... não me tenta. Nádia disse que ia estar aqui na hora do almoço para pegar a gente. Temos que... levantar. – Ofegante acompanha Lisa sensualmente passar a mão sobre o colo.
Lisa a olha agora mais séria.
- Hora do almoço? Então melhor levantar.
Põe-se de pé, plena em sua nudez. Mariana a acompanha.
- Vamos tomar um banho e depois comer alguma coisa. Pode ser?
Lisa deslumbrada não tirava os olhos da beleza morena. ‘Meu Deus! Isso tudo me pertence!’
- Podemos...
- Beleza... Então quem chegar por ultimo na piscina faz o almoço!
E rindo sai correndo do quarto. Após o primeiro minuto de surpresa, Lisa corre atrás dela, mas não a tempo de se jogar antes, na piscina convidativa.
- Eba!!! Fugi do almoço!
Lisa olha seu amor que, a esnobando, dava pulinhos dentro da piscina.
- Pode ser sua safada! Mas de mim não escapa!
E agarra Mari que, sem resistência, se entrega a seus braços.

- Paz?
Nádia adentra a grande copa com um lencinho branco nas mãos.
Mariana sorri e se levanta da mesa a abraçando. Lisa, se short e camiseta a encara mais séria. Era a jovem mulata que vira na companhia de Mariana há semanas atrás.
- Poxa Nádia. Você extrapolou na idéia. Lisa chegou aqui em pânico total.
- Uai Mari, você não queria algo inesquecível?
Responde à amiga, mas não tira os olhos da bela loira. Engole em seco ao ver o olhar frio.
Mariana percebe o clima pesado.
- Ela... Ah Nádia. Li desmaiou quando me viu.
- Desmaiou?
- Desmaiou.
Arrependida, Nádia encara Lisa sem graça.
- Poxa me desculpe. Acho que perdi um pouco a noção das coisas. Não queria apavorá-la tanto.
Lisa percebe o suave sotaque e avalia melhor a amiga de Mari. Não era bonita, mas tinha um charme agradável. E o corpo... bom... Engole em seco, um pouco enciumada, e olha a amada. A mulata tinha um corpo maravilhoso. Será que Mari não percebia isso?
- Tudo bem... Ao menos o resultado final foi satisfatório. - Sorrindo se ergue e abraça Mariana possessivamente. - Tenho minha mulher definitivamente em meus braços e minha vida.
Nádia sorri entendendo a mensagem.
- Isso é ótimo. Estava cansada de ouvir Mari lamuriar seu nome pelos cantos.
- Nádia!!
Lisa sorri, percebendo a inconveniência da outra. Parecia ser alguém divertida.
- Então Mari falou de mim...
- Ô! Te conheço com a palma de minha mão – Nádia sorri debochada.
Mari sente o rosto avermelhar e olha a amiga com um olhar mortal.
- Não é tanto assim.
Lisa a abraça mais forte pelas costas e devolve o sorriso de deboche de Nádia.
- Que bom Nádia. Se me conhece tão bem sabe como sou vingativa – Faz um olhar inocente – Temos contas a acertar. E veja bem, saberei o momento certo para minha desforra.
O sorriso de Nádia esmorece e ela olha desconfiada a loira a sua frente. Depois balança a cabeça conformada.
- Nunca menosprezo as palavras de uma loira. Conheço a raça. Por precaução saiba que estarei prevenida.
As três sorriam já mais relaxadas. Lisa solta Mariana e volta a se sentar-se à mesa, observando o papo alegre e descontraído das amigas. Era perceptível o carinho de ambas... e também a total falta de atração sexual. Respira aliviada. Era capaz de eliminar qualquer criatura que se colocasse entre ela e Mari.
Olha a amada e esta retribui seu olhar sorrindo. Elas estavam juntas, e isso bastava.
O destino de ambas estava selado.

Mariana adentra a casa com um sorriso nos lábios. Parecia viver um sonho. Seu êxtase era tão grande que solta a mochila sobre o sofá e começa a dançar pela sala.
- Quanta felicidade!
Para surpresa e observa a mãe entrar no cômodo.
- Mãe!
- Oi filha... – O olhar de Joyce é indecifrável. – Parece que tudo deu certo em seu... encontro.
Mariana se aproxima da mãe carinhosa e tranquila.
- Mãe... Eu... Sim, deu tudo certo. Eu e Lisa estamos oficialmente namorando.
Observa a mãe engolir em seco e um sorriso tremulo surgir em seus lábios.
- Fico feliz Mari... Mariana. Eu... desejo muito sua felicidade.
- Mãe... estou feliz... demais. Como nunca estive em toda minha vida.
- Vocês... Vocês... Fizeram... – Jô a olha com um olhar torturado, mas antes da filha dizer qualquer coisa ergue a mão – Não! Não quero saber. Você já é adulta. – Engole em seco soltando um suspiro tenso. Depois olha a filha com uma olhar triste e ao mesmo tempo suplicante.
- Mariana... Não desista nunca de sua felicidade. Não permita que o mundo lhe aponte o que considera certo ou errado. Não deixe que as pessoas ditem regras em sua vida. Não importam os empecilhos, as dificuldades... A maldade alheia. Não abra mão de você. – Olha a filha com amor – Porque amanhã... Amanha ninguém se importará com seu destino... Ninguém vai querer saber de suas renuncias, suas perdas... Nem vai se importar que você tenha aberto mão de sua felicidade, de suas escolhas intimas para agradar uma sociedade que não liga para você. – Aproxima da jovem e a segura, com ambas as mãos, o rosto. – Quem se importa realmente está a seu lado. Nunca se esqueça disso.
Mariana olha a mãe com um amor profundo. Nunca antes dera tanto valor ao amor da mãe. Agora percebia o quanto ele era grande, imensurável. Segura as mãos da mãe e as beija com carinho e reverência.
- Nunca esquecerei mãe. Nunca esquecerei.

O jantar estava divino.
- Putz mãe. Hoje você caprichou. A comida tá boa demais!!
- Fecha a boca menino! Credo vi a comida revirar dentro de sua boca!
Joyce faz uma falsa cara de nojo. Todos sorriem à mesa
- Além que – Joyce faz ar esnobe. – Foi o jantar mais fácil de minha vida. Bastou ligar pro restaurante e mandar vir.
As gargalhadas tomam conta da mesa.
- Bem que percebi que o sabor estava divino demais. –Carlos sorri divertido – Desde que me casei não sinto um sabor tão maravilhoso!
Joyce sorri divertida para o marido e de brincadeira joga uma batata frita em sua direção.
- Não mãe! Cara que desperdício! - Luiz segura o prato de fritas protegendo-o.
Mariana, sorrindo, observa a alegria reinante na mesa. Olha os pais desconfiada. Os gêmeos estavam extasiados de os verem brincando e sorrindo um para o outro; estavam tranquilos, risonhos. Franze a testa indagativa. A verdade é que há muito tempo não sentia este clima ameno no lar.
- Será... Que eu perdi alguma coisa aqui em casa?
Joyce franze a testa ligeiramente. Olha para Carlos que a olha em expectativa. Devagar põe os talheres sobre o prato.
- Ok... ok. – Respira fundo. – Tenho uma coisa para falar a vocês. Na verdade eu e Carlos temos. Estende o braço e segura mão do marido sobre a mesa. A aliança de ouro reluz.
- Eu e Carlos... fizemos as pazes. – Olha os gêmeos sorrindo. – Não vamos mais nos separar.
Os gêmeos gritam de felicidade e correm para abraçar os pais.   Carlos gargalha agarrando o filho que pula em seus braços. Nos braços de Joyce o outro gêmeo a enche de beijos.
- Mamãe, que bom! Eu tava cansado de ver vocês tristes! – Bate palmas alegre. – Vamos voltar a ser de novo uma família feliz!
Carlos estende o braço e abraça Joyce por trás da cadeira. Joyce lhe sorri e abraça o filho em seus braços carinhosa. Do outro lado da mesa Mariana com um sorriso congelado no rosto observa a mãe. Joyce ergue o olhar para ela e faz um pequeno gesto afirmativo, como a dizer que tudo ficaria bem. Mariana coloca os talheres que estavam em suas mãos sobre a mesa. Suspira e balança a cabeça conformada. Respeitaria as escolhas da mãe.
Joyce percebe a desconfiança da filha. Levanta-se da cadeira, contorna a mesa e para frente à filha.
- Não mereço um abraço?
- Ahh mãe...
Mariana se ergue e abraça a mãe. Jô fecha os olhos e enlaça a filha fortemente. Quando os abre percebe Carlos as olhando com um sorriso feliz. Retribui carinhosa e cúmplice.
... O sorriso não chegava aos olhos.

 - Sua mãe... voltou para Carlos?
- Pois é Li... eu sei que ela não está feliz! Porque ela fez isso!? - Já se passara dois dias do anuncio dos pais. Ainda não conseguia assimilar bem a noticia e somente agora a colocava em voz alta para Lisa e seus pais.
- Mariana.
- Oi madrinha. – Marina volta sua atenção a Paula. Jantava na casa dos padrinhos que, apesar de surpresos e relutantes com o fato dela e Lisa assumirem um namoro, as apoiavam e amavam sem nenhum questionamento.
- Não julgue sua mãe. Acredito que ela é feliz à maneira dela. Joyce não é uma pessoa de aceitar pouco. – Olha a afilhada sorrindo - Acredite. Ela achará um caminho que a satisfará por toda a sua vida. E neste caminho, se incluiu seu padrasto, é porque ele tem um lugar especial em seu coração.
Lisa toca a mão de Mari com amor.
- Minha mãe tem razão vida. Jô buscará uma forma de ser feliz, de se realizar nas suas escolhas. Confie.
Mariana faz um ar de duvida sobre as palavras proferidas.
- Se vocês dizem, vou acreditar. – Sorri para Lisa. – Quer saber? Se for feliz metade do que sou, com certeza ficará bem. – Ergue-se e abraça Lisa esfuziante, apertando-a tanto que esta se sente sufocar.
- Mariana, minha afilhada, não vá matar minha filha. Não é grande coisa, mas é a única que tenho.
- Pai! – O grito de Lisa sai abafado.
Marcos sorri divertido e lhe manda um beijo no ar.
- Padrinho pode ter certeza. Meu amor traz vida, não morte. Você vai me aguentar e a Lisa pro resto de sua vida. – Sorrindo atravessa a mesa e estala um beijo na face de Marcos. – Mas ainda prefiro beijar Lisa. - E gargalha
Todos sorriem à mesa. Mariana com certeza nunca perderia este ar moleque de menina. Mas Lisa não se importava. Era seu amor, sua vida.

O shopping estava cheio. Lisa caminha pelas lojas, sem saber exatamente o que dar a Mariana em seu aniversário. Para em frente a uma vitrine em especial e suspira. ‘Devo ou não devo?’
- Ei Lisa.
Surpresa ela se volta e dá de cara com Joyce.
- Jô! Que... surpresa!
Desde que começara a namorar Mariana não vira mais Joyce. Esta parecia a evitar sempre.
- Procurando um presente para Mariana?
Lisa sorri um pouco constrangida.
- Pois é... está difícil. – Evita olhar a vitrine.
- Mas me parece que já fez sua escolha. – E aponta discretamente a vitrine.
Lisa avermelha sem graça.
- Acho que ainda está cedo.
- Por que perder tempo? É... isso que querem. – Suspira e aponta uma aliança delicada, incrustada com pequenas pedras de diamante. – É a cara de Mariana.
- Eu... – Lisa volta o olhar à vitrine – Acha?
- Sim...
Lisa olha Joyce de lado. Estava vestida num terninho elegante. Sempre linda. Joyce seria sempre linda mesmo na mais avançada idade.
- Jô... eu... gostaria de tomar um lanche comigo?
A morena a encara com um olhar indecifrável.
- Sim... Porque não.

Conversavam amenidades. O tempo seco, a política brasileira... Até futebol.
- Ah Jô... Não é sobre isso que quero conversar. – Lisa esfrega a testa. Vendo este gesto o olhar de Jô se ameniza.
- Você não perde este vicio.
Lisa sorri sem graça
- É que estou nervosa.
- Por que Lisa?
- Jô... Joyce... eu... – Lisa a olha triste - Sinto falta de nossa amizade.
Joyce arregala os olhos um pouco surpresa.
- Não digo por estes últimos anos... mas... ultimamente tenho pensado tanto no passado. Quando éramos adolescentes, como éramos sempre o apoio, o suporte uma da outra. Sabe, Jô, eu tinha muita raiva de você. Mesmo dizendo que tudo estava superado, que não tinha magoas do passado... eu mentia. Eu... nem eu sabia disso.
Olha a morena com carinho, os olhos castanhos claros límpidos, suaves.
- Quando esteve lá em casa, esta ultima vez, enxerguei minha amiga de volta. Aquela que não aceitou abortar, que amou a filha desde a primeira vez que a teve nos braços. Que virava uma onça quando mexiam com ela... ou comigo. Capaz de um amor único, especial... Mesmo que não o saiba expressar em toda sua extensão ou mesmo que não seja... como as pessoas o esperam ser expresso.
Lisa termina a frase baixinho e abaixa a cabeça sem saber mais o que dizer. Sem saber nem mesmo se conseguira expressar o que sentia dentro de si.
Joyce sente o coração se apertar. Observa a amiga cabisbaixa, intimidada, tentando reatar algum elo entre elas. Seu coração se abranda.
- Sim Lisa... acho que aquele dia resgatei um pouco da Joyce que abandonei para me tornar esta pessoa que as pessoas que pouco me importam adoram e que as que realmente me são preciosas não admiram.
Suspira e passa a mão no longo cabelo negro. Os olhos se tornam calorosos.
- Lisa... eu... sei que ama Mariana. E sei que estão bem. E acredite, estou feliz por isso. Mas também não posso negar que sinto inveja. Não esta inveja destrutiva, perniciosa. Mas a inveja de saber que abri mão de tudo isso por... pessoas que nem mesmo se importam comigo.
- Sua família importa Jô.
- Lisa... Eles são a parte preciosa... vocês são a parte preciosa... a minoria.
Estende a mão e segura a de Lisa.
- Ah Lisa... Queria ter tido a visão que teve em nosso passado. Ter tido sua certeza, sua segurança diante da vida, do destino. – Olha a loira pensativa - Não posso dizer que fui infeliz em minhas escolhas. Gosto do que tenho, do que conquistei. Mas sinto falta do que perdi.  Sei que tentei as recuperar das formas mais... inusitadas. – Dá um ligeiro sorriso de deboche e olha Lisa meio de lado. – Sendo leve.
- Ô... muito leve – Lisa não consegue segurar a língua.
Joyce dá uma gargalhada.
- Ah Lisa... pensei muito estes últimos tempos. Sabe que voltei para Carlos né.
- Sei...
- Está na hora de aceitar o destino que escolhi para mim. E... corrigir os passos falsos que dei pelo meu trajeto tempestuoso.
Lisa sorri sem saber exatamente o que falar. Joyce puxa sua mão para mais próximo dela.
- Lisa... Perdão. Me perdoe por minha intransigência, meus erros, minhas escolhas que tanto lhe feriram. Na época eu acreditava realmente que era o melhor.
- Jô...
- Fui egoísta... Mas sabe. Hoje percebo que... era como tinha que ser. Você ama minha filha... esta é a verdade. –Sorri um pouco triste. – Percebe que mesmo em nossos momentos mais íntimos jamais pensou em uma aliança entre nós?
Lisa estremece ligeiramente. Era verdade. Era como se seu espírito soubesse que ali estava uma alma afim, não sua alma gêmea.
- Jô... sinto muito. Te peço perdão também. Éramos jovens, não soubemos lidar com algo tão complexo, complicado.
- Não acho Lisa. A verdade é que não tivemos empenho realmente. No fundo sabíamos que aquele não era nosso destino. Mas... a amizade sim. - Sorri para a loira.  
- Jô... – Lisa aperta-lhe a mão mais forte – Acha que podemos recuperar a amizade, o carinho que temos uma pela outra?
- Loirinha... ele sempre esteve aqui – Solta-lhe a mão e toca o coração. – Sempre esteve aqui.
As duas sorriem uma para a outra. Sabiam que muito havia ainda para trilhar para reconquistarem a amizade perdida. Mas estavam no caminho certo.
Com certeza estavam no caminho certo.

Depois de deixar Lisa fazendo compras, Joyce caminha distraída pelas ruas da Savassi. Inventara uma desculpa para sair do Shopping, pois não suportava a ideia de vê-la comprar uma aliança para Mariana. Passa as mãos no cabelo. Ainda tinha muito que superar, mas ia conseguir.
Tinha que conseguir. Tinha que transformar este amor dentro dela em algo fraternal, afetuoso, amigo.
- Tenho que conseguir... Preciso conseguir... Vou conseguir. VOU conseguir.
Não percebe que pronuncia as palavras em voz alta ate perceber uma mulher olhando-a com ar maroto.
Vendo-se notada esta lhe sorri.
- Com tanta convicção com certeza você vai conseguir.
Joyce sorri sem graça.
- Espero que seja a única que tenha notado... minha atitude.
- Difícil. – A loira a observa com um sorriso insinuante. – Com sua beleza dificilmente passa despercebida.
Joyce arregala ligeiramente os olhos. A mulher discretamente lhe cantara. Observa-a melhor. Não era bonita como Lisa, mas tinha seu charme.
- Na verdade não gosto realmente de passar despercebida. – Inconscientemente muda sua postura, se tornando mais sensual e insinuante – Assim consigo atrair as pessoas certas.
- Hum... mesmo? – A loira sorri e se aproxima dela. – Casada? – Aponta a aliança
- Sim...
- Sempre mais emocionante.
Sorri expondo abertamente seu interesse na morena.
- Que tal uma xícara de café?

Três anos depois

Mariana acorda um pouco desconcertada ao som do despertador. Olha as horas arregala os olhos, joga a coberta longe e corre para o banho. Mais uma vez perdera a hora. ‘Logo hoje!’
Hoje era um dia mais que especial. Era o dia de sua formatura. Sorri em expectativa. Também era o dia que iria anunciar à família e amigos a decisão de ir morar definitivamente com Lisa.
Sorri intimamente. Não que isso fosse ser uma grande novidade as pessoas. Ela praticamente passava todos os dias e noites com Lisa desde que esta comprara um apartamento no mesmo bairro da clinica onde trabalhava. Na verdade desde que começaram a namorar queria que morassem juntas. Mas Lisa fora irredutível

Amor moramos perto, na mesma cidade. Quero que tenha certeza do passo que vai dar. Forme-se primeiro. Se ainda for o que deseja, aí sim, vamos morar juntas’

Achara um absurdo as palavras de Lisa. Mas a respeitara. Agora contava os segundos para finalmente, definitivamente estarem juntas para sempre. Mesma casa, mesma cama, uma única vida.
O celular toca.
- Oi amor!
- Ei minha vida! Pronta para o grande dia?
- Nem me fale! Maior ansiedade.
- Vai tudo dar certo amor. Eu estou com você. Já disse a você que é linda hoje?
O coração de Mari se derrete.
- Ainda não amor...
- Você é linda amor... E eu te amo... Muito.
 
A festa de formatura estava linda. Mariana, maravilhosa num vestido da cor de seus olhos, atraia os olhares de todos os homens presentes no evento. Joyce a observa e sorri orgulhosa. Ela se tornara uma linda mulher. Nota- lhe o olhar sempre a procura de Lisa. Esta conversava, gesticulando espalhafatosamente, com o irmão Junior e a cunhada.
‘Ah Lisa... toca ligeiramente o coração... sempre teremos nossa historia.’
Desvia o olhar e percebe Marcos, Paula com o neto no colo, sua mãe, Fernando, o outro irmão de Lisa, conversando alegremente em uma mesa. Ao lado deles, Daniel ria divertido de algum comentário da noiva. Mariana fizera questão da presença do pai. Na verdade não vira nenhum empecilho a isso. Há alguns anos decidira deixar o passado para trás e somente olhar para frente. Daniel era um bom homem.
Franze a testa vendo os outros lugares vazios. Onde estava Carlos e os meninos? Caminha em direção ao jardim fora do salão e o vê brincando alegremente com os gêmeos. Carlos mudara muito. Estava mais presente, mais carinhoso. Logo, ela também correspondera à afeição. Assim era o relacionamento dos dois. Afetuoso, amigo. Estava bom no rumo que tomara. Às vezes ele saia sem dizer aonde ia e Joyce evitava perguntar. Não queria mais conflitos no casamento. Ela mesma sentia a mesma necessidade de... arejar a cabeça em outras paisagens.
Sorri lançando um ultimo olhar a família amada e volta ao salão. Não percebe a jovem morena que caminha apressada entre os convidados.
- Opa! Desculpe! Ah, olá Dona Joyce.
Jô olha surpreendida a jovem mulata que trombara nela.
- Nádia?
- Eu – Sorri mostrando os dentes charmosamente desalinhados.
Não era uma jovem classicamente bonita, mas tinha seu charme.
- Está diferente.
- É... Eu deixei o cabelo crescer. Está procurando Mari?
- Não... eu... já a vi. Posso lhe pedir uma coisa?
- Claro – Nádia se sentia estranhamente ansiosa. Joyce estava simpática, agradável. Nas poucas vezes que estivera na casa de Mariana ela lhe dedicara pouca atenção.
- Me chame de Joyce. Somente Joyce.
- Eu... tudo bem.  Bom... eu vou... vou... – Aponta o caminho que ia seguir desajeitadamente  – Buscar um vinho.
- Se imposta de pegar um para mim?
- Claro que não!
- E toma-o comigo? - Sua voz sai sensual
Nádia sente-se avermelhar ligeiramente.
- Eu... claro... Vou adorar. – Olha a bela mulher morena em silencio e parada. Jô a encara divertida.
- Então... vai?
- Vou... – Nádia balança a cabeça um pouco desconcertada. – Vou indo.
Joyce observa a jovem mulher afastar-se.  Que corpo perfeito! O rosto agradável, os cabelos agora longos. Os cachos pareciam bem macios. Combinava com o tipo exótico dela. E o olhar... não tinham aquela inocência dos de Mariana. Era uma jovem vivida. Com certeza sabia diferenciar uma ilusão passageira do verdadeiro amor.
Olha distraída pelo salão e percebe Lisa e Mariana a um canto sorrindo e conversando com os rostos muito próximos. O rosto de ambas estava iluminado. Realmente se completavam. Desvia o olhar triste e conformado.
- Aqui está. Seco e encorpado.
Joyce sorri para Nádia.
- Obrigada querida. Mas me fale de você. Sinto que... vou gostar muito de sua história.

A vida é um caminho cheio de curvas sinuosas. Nesta estrada nos mantemos atentos, prontos a desviar dos obstáculos da vida. Aqueles que buscam uma estrada reta, sem surpresas inesperadas, se tornam displicentes, distraídos. E assim deixam passar as mais belas oportunidades da vida.
Ah! Haverá um dia que o homem perceberá que a verdadeira felicidade se encontra nos caminhos mais perigosos, mais cheios de curvas e imprevistos. Ávido pelas descobertas da vida verá surgir pelas diversas trilhas que compõe a estrada, os melhores amigos, as mais belas historias de amor. Perceberá também que, logo depois da próxima curva estará o seu destino, sua meta maior. E que, neste destino terá grandes encontros.
A traição... Que trará as lágrimas, as desilusões.
O amor... Repleto de alegrias e perdas.
O perdão... Que alivia o coração e retira todas as magoas da alma. Que renova o espírito, nos elevando para mais perto dos anjos.
E quando cansado parar e desanimado pensar em desistir, uma mão se estenderá em sua direção. E uma voz dirá... “não desanime”.
Erguer-se-á renovado, com uma energia inexplicável, para então perceber que outro alguém se ergue com você. E não se sentirá mais só.
Será completo, único. Amado.

Lisa coloca a pequena caneta sobre a mesa. Suspira feliz e fecha o caderno sobre a mesa.  Fixa o olhar sobre a capa clara, sem nada escrito. Há algumas semanas sentira uma estranha necessidade de colocar sua historia no papel. Não sabia se um dia alguém a leria, mas sentia-se bem em deixar um pouco de sua existência marcada em algumas folhas de papel. Poder recordar toda a obra de sua vida até o momento atual, as pessoas que fizeram e fazem parte dela, suas alegrias, tristezas, acertos e enganos, lhe mostravam o porquê estar viva, o porquê crescer e evoluir. Confirmavam a certeza de sua fé.
Folheia o pequeno caderno delicadamente. Ainda tinha muitas páginas vazias...
Ergue o olhar e se encara no espelho da pequena cristaleira à frente da mesa. Mas com certeza seriam preenchidas. Estariam repletas de momentos marcantes, especiais, únicos.
- Amor? Cadê você? Cheguei!
- Mari?  - O coração dispara ante o chamado da amada esposa. – Estou na sala de jantar vida.
Fecha o caderno novamente e o alisa com carinho.  Sua vida... Com um sorriso pega a caneta e escreve sobre a capa.
Mariana adentra o ambiente e com o semblante iluminado se senta sobre o colo amado.
- Mulher! Dê atenção a sua vida!
As duas se beijam cheias de saudade e paixão.
- Hum... Que delicia!
Mari a olha com os olhos verdes, profundos, cheios de amor e felicidade.
- Trouxe um presente. – Sorri safada.
- Mesmo? – Lisa a olha desconfiada. – Conheço este olhar.
- Amor... Lembra quando estivemos naquele sexshop da Savassi e vimos um... – Começa a sussurrar baixinho no ouvido da esposa.
Os olhos de Lisa escurecem de paixão.
- Mari...
- Ah amor... Não vai abrir o seu presente?
Sem pensar duas vezes Lisa se ergue levando Mari consigo.
- Ah Mari... Como te amo! Como te amo!
- Lisa... – Mariana toca seu rosto com carinho e enlevo - Sou sua... Sempre fui... Sempre serei.  No ontem, no hoje, no amanha. Obrigada por ser minha, por me fazer sua. Obrigada por acreditar em mim, confiar em mim, em meu amor. Te amo... Te amo pra sempre. Te amo por toda minha vida.
Juntas, trocando beijos e carinhos caminham em direção ao quarto, para mais uma vez reafirmarem, em momentos maravilhosos de paixão, o amor que as une.
Esquecido sobre a mesa o caderno... Testemunha silenciosa de todos os segredos de Lisa.
Na capa, a última frase escrita por ela, num resumo desta linda historia de amor.

TRAIÇÃO, AMOR E PERDÃO


FIM

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Capítulo XXI

Joyce, desanimada, toma mais um gole do café recém coado. Já eram nove horas da manhã e estava totalmente sem animo.  Essa postura já durava algumas semanas.  Solta um suspiro lento. ‘Mais um dia... ’
- Mãe você ainda está aqui? Não foi trabalhar?
- Mariana? – Jô olha surpresa para a filha – Posso dizer o mesmo. Que faz em casa? Não tinha que ir trabalhar?
Mariana senta frente à mãe e se serve do café.
- Resolvi me dar esta folga. Nunca faltei e hoje não estava a fim. Mas e você? Que faz em casa mãe?
Jô olha a filha desconfiada. Mariana era responsável demais pra simplesmente ‘não estar a fim’ de trabalhar. Sem falar que estava com uma energia diferente, animada, agitada. Não sabia bem dizer o que era.
- Tenho audiência só à tarde. Mas... O que realmente a fez faltar Mariana?  - Ergue a mão e continua antes da filha responder. – E não me venha com este papo de ‘não to a fim’. Conheço-te o suficiente para saber que o motivo para você faltar tem que ser muito maior que isso.
Mari encara a mãe e suspira. Devia contar suas intenções a ela? Sabia que no fundo a mãe não a queria com Lisa. Que no fundo... ela queria Lisa.  Sentia isso.
- Mãe...  eu... quero lhe perguntar uma coisa.
Joyce imediatamente fica tensa.
- Você... disse para Lisa que não desistisse de mim?
- Ah Mariana... – Jô faz uma expressão de culpa mesclada com dor.
- Mãe... você disse! – O rosto da jovem se ilumina – Você não sabe o valor que isso tem para mim.
Ergue-se da cadeira, contorna a mesa e abraça a mãe com força.
- Eu te amo mãe. Mais que você pensa. – Olha-a com carinho – Sei o quanto é difícil você aceitar meu amor por Lisa. Sei como é difícil aceitar que... ela também me ama.
Joyce engole em seco e os olhos lacrimejam.
- Ela... te procurou filha?
- Sim mãe... procurou.
- E...
- E que eu... não soube lidar bem com a situação inicialmente, mas... mãe, eu amo Lisa. Não vou desistir dela. Você... aceita isso?
- Mariana... eu... estou tentando... aceitar isso. - A garganta lhe doía só de pronunciar estas palavras.
- Mãe... eu também estou tentando lidar com o fato que você e Li... vocês... foram namoradas. Não é fácil, mas... – Faz um gesto vago com a mão. – Preciso dela mãe. Ela me... completa, me realiza.
- Mariana... Mas você é tão nova.
- Eu sempre soube mãe. Sempre soube que vim para Lisa.
Joyce meneia a cabeça conformada.
-S e vocês se amam... lute para ser feliz filha. Eu... não serei empecilho para sua felicidade.
- Eu sei... Bom, vou sair.
- Vai... atrás dela?
- Vou mãe. –Mariana a olha firme. – Vou atrás da minha felicidade.
Joyce abaixa a cabeça e discretamente limpa uma lágrima.
- Mãe... Perdão.
Jô levanta a cabeça olhando-a surpresa.
- Por que filha?
- Por não ser o que gostaria que eu fosse. Por decepcioná-la.
- Mariana! Você não me decepciona! Jamais! Tenho é muito orgulho de você.
- Mas... não queria que eu fosse... lésbica.
- E que mãe quer filha? – Balança a cabeça triste e ao mesmo tempo irônica - Eu mais que qualquer uma, sei o que é isso. Olha, vá em frente. – Faz um gesto solto com a mão. - Você tem força suficiente para lidar com tudo isso. E... Lisa... é alguém que sempre estará a seu lado. Tenha certeza disso.
- Mãe... Ela me disse que você... é muito importante para ela.
- E ela para mim filha. Mas, infelizmente... nem sempre a vida é como gostaríamos. Eu... Ah Mari, não me peça que tenha com ela, neste momento, uma convivência tranquila ou mesmo harmoniosa. Talvez um dia eu possa, mas não agora.
Mariana balança a cabeça em afirmativa.
- Eu entendo... Mas mãe.
- Oi?
- Nunca deixarei de estar a seu lado. Você é muito importante para mim. Nunca se esqueça disso.

Por muito tempo Joyce olha a porta pelo qual Mariana sai. Seu coração estava anestesiado. Abaixa a cabeça e a coloca sobre o tampo da mesa.
- Não sei se admiro seu gesto ou acho-o absurdo.
Surpresa Jô ergue a cabeça e vê Carlos adentrar a cozinha. Havia semanas os dois evitavam-se, mesmo morando no mesmo teto.
Carlos abre o armário e pega uma xícara, sentando-se depois à frente da esposa. Serve-se do café e o sorve devagar. Olha Jô que o observa em silêncio.
- Mariana é linda demais para ser sapata, mas... Lisa também é.  Parece que os conceitos hoje estão mudando não é Joyce? As... pessoas estão se assumindo mais, não se escondem dentro de uma vida que, no fundo, nunca desejaram para elas.
Termina a frase baixinho, a voz triste e conformada. Joyce treme por dentro. Era uma indireta para ela. Observa o marido. Que alegrias ela trouxera à vida dele? Estava sofrido.
- Eu... Te fiz tão infeliz assim Carlos?
Carlos arregala ligeiramente os olhos.
- Não... na verdade não. No inicio então era maravilhoso. Depois... nos perdemos pelo caminho e por mais que tentássemos... parecia que não nos achávamos.
Joyce impulsivamente segura a mão de Carlos.
- Carlos. Olha, não posso mudar meu passado, nem as palavras duras que falamos um para o outro. Mas quero que saiba que eu nunca tive uma vida que não desejei para mim. Nunca.
- Joyce... você mesmo disse que gostava de uma mulher. De sua... amiga.  – Evita pronunciar o nome de Lisa.
- Sim... Mas este é meu passado Carlos... Como o pai de minha filha também o é. Mas acho que está na hora de me perdoar por ele. Não vou destruir o resto de minha vida pelos erros de meu passado. De alguma maneira eles me trouxeram benefícios, me enriqueceram me tornaram a pessoa que sou hoje. – Olha o marido séria - Carlos, eu sempre quis uma família. Eu sempre quis um companheiro, filhos. Eu estou na vida que sempre desejei, nunca pense o contrario.
- Joyce... Você sabe o que acaba de fazer? Isso que fala realmente é realidade? Veja bem, sua filha... acaba de sair daqui, disposta a lutar pela mulher que... ambas amam.
Joyce engole em seco. Respira fundo e o olha nos olhos.
- Carlos há anos atrás tomei uma decisão em minha vida. Dizer que, por muitos momentos tempestuosos, fragilizei diante dessa escolha é mentir. Mas depois, passado este momento, só posso reafirmar mais uma vez. Fiz a escolha certa. – Suspira angustiada -  Saber que... Mariana e Lisa estão juntas dói meu coração. Demais. Não porque queria estar no lugar de minha filha, mas sim porque... De alguma forma isso sempre será um agravante em nossa relação entende? E isso me arrasa. Como vou conseguir olhar Lisa e Mariana... minha filha e minha... ex amante juntas? Olha o marido constrangida, mas disposta a toda a sinceridade.
Carlos a olha sério. Há muito tempo não eram tão sinceros um com o outro.
- Joyce... como disse é passado. Eu sempre soube que você teve um envolvimento com Lisa. Mas casei-me assim mesmo. Sabia que... era comigo que queria estar. Muitas vezes o ignorar parece o melhor caminho. Hoje percebo que não é. Veja como estamos! – Ergue a mão desalentado. – Você falou em se perdoar. Acho que está na hora de nos perdoarmos. – Suspira tenso – Olha, vou dar minha opinião sincera. Mariana escolheu o caminho dela. Um caminho que desaprovo, mas não irei interferir. E você... como mãe e... principalmente como amiga de... Lisa deve lutar para... aceitar e conviver harmoniosamente com elas.
Joyce o olha surpresa
- Por que esta me dizendo estas coisas Carlos?
- Porque cansei de lutar Jô. Cansei de ir contra a maré. Cansei de fingir uma indignação por saber que minha esposa teve uma amante mulher. Sempre soube. Sempre soube de vocês duas. E ainda assim a quis para mim. – Respira tensamente - Lisa antes de se envolver com você era sua amiga. Sua melhor amiga. Acho que isso conta bastante não é?
- Conta... Eu...
- Joyce. – Carlos a interrompe - Será que também conta bastante eu ser... seu marido? Eu... querer manter nosso casamento? – Passa a mão no cabelo - Nunca estivemos tão perto de uma separação e isso... abalou-me demais. – Segura a mão da esposa forte. – Eu não quero a separação. Realmente a amo. Sei que temos nossos momentos de conflito, mas... sei que podemos ser felizes juntos.
Joyce treme e sente o coração acelerar.
- Carlos... são tantas magoas...
- Podemos vencer isso. Sei que podemos. Éramos felizes Jô! Olha, eu prometo que vou melhorar e... aceitarei Mariana como é. Estarei a seu lado a cada momento difícil de sua vida. Nós podemos salvar nosso relacionamento Jô, sei disso.
- Carlos não sei o que dizer.
- Jô, pense nisso. Se você realmente quisesse a separação teria insistido que eu saísse de casa não vê?
Joyce encara o marido vendo-lhe o olhar ansioso. Vislumbra naquela expressão o jovem de antes, que terno segurava sua mão e dava-lhe o primeiro beijo.  Sente os olhos lacrimejam.
- Carlos... – Toca-lhe o rosto com a barba por fazer – Sinto muito o mal que lhe fiz.
O marido segura sua mão emocionado.
- Eu que peço desculpas Jô. E uma chance. Vamos tentar?

Mariana bate ansiosa o pé no chão. ‘Que demora meu Deus!’
- Mari? O mundo está acabando?
- Puta merda! Finalmente hem! Se fosse o fim do mundo você seria a ultima a saber.
- Sei. – Nádia se senta a seu lado – Fala rápido o que quer, tenho que voltar para a academia.
- Nádia – Olha a amiga ansiosa. – Não me apressa! – Respira fundo – Resolvi lutar por Lisa.
- Mentira!! Que bom Mari! Nem acredito.
- É bom, mas não sei ainda como fazer isso.
- Explica melhor
- Nádia, preciso de um plano para atrair ela para meus braços.
Nádia olha para o céu enfastiada.
- Gente, para que complicar? É só você chamar que a mulher vem correndo.
- Puta que pariu né Nádia!  Eu... vai ser... Nádia nunca fiquei com Lisa. Eu quero me entregar a ela e que seja especial, inesquecível.
Nádia a olha meio abobada.
- Deixe-me entender. Você quer fazer amor com ela... hoje? Já!!!
- Já a porra! Estou esperando por isso há anos. E TEM que ser hoje. Não vou me segurar, nem vou tentar.
- Mas... mas... sei lá, Lisa parece mais... cuidadosa. Acho que vai ponderar vocês namorarem um pouco antes.
Mari dá uma risada divertida. Depois engole em seco ao relembrar os gemidos amados no telefone.
-Te garanto que ela também não espera. Nádia conheço Lisa. E se tiver enganada, te juro. EU a agarro e faço tudo que sempre sonhei. Chega de esperar. Vou marcar esta relação definitivamente com ferro e fogo. Lisa é minha.
Nádia observa o olhar fogoso da amiga.
- É... você está explodindo. Coitada da Lisa. – Dá um sorriso safado. – Mas que quer exatamente fazer.
- Queria um lugar que pudesse levá-la.  Um lugar que ficássemos sozinhas entende. E onde ninguém interromperia. Que tivéssemos toda privacidade do mundo.
- Mas hoje? Sabe que dia é hoje? É dia de trabalho mulher! Meio de semana!
Mariana olha a amiga irritada.
- Sei exatamente que dia é hoje. Dá para ajudar?
- Que menina irritada! Ok, vou ajudar.
Nádia observa a amiga séria e pensativa.
- Olha, tem como você buscar umas mudas de roupa dela?
- De Lisa?
- Não, minhas. Claro que delas né Mari!
- Tem, por quê?
- Vocês vão para a chácara.
- A chácara de seu pai em Macacos? – Mari arregala os belos olhos verdes.
- Tem lugar mais discreto que aquilo? Ali é um marasmo. Tudo que terão para fazer é sexo mesmo. Ideal.
- Sexo não... Amor.
Nádia a olha divertida.
- Ok, sua romântica. Fazerem amor.  – E faz biquinho
- Não zoa... Eu to nervosa. Mas como farei para chegar lá!
- Quer algo que marque mesmo?
Mariana faz um gesto afirmativo com a cabeça.
- Tem certeza? – Nádia faz um ar demoníaco.
- Nádia... que você esta pensando?

Lisa caminha em direção ao restaurante para almoçar. Sentia uma paz imensa no coração, desde que Luiza a visitara em sonhos. Estava tomada de uma certeza maravilhosa, de que tudo ia dar certo em sua vida. Que finalmente caminhava na direção certa, rumo a seu destino.
- Dona, não grita. Se ficar quietinha nada acontece.
Lisa sente a garganta paralisar. Gritar como? O medo trancara a sua voz. Sente algo duro tocar a altura de sua cintura.
- Se tem amor à vida não faça movimento brusco. Faça tudo que eu mandar e nada te acontece.
- E... ee...ee... Le... va tudo que... quiser... eu... não faz nada...
- Já disse dona, fica calma que a gente não te faz nada. Mas se gritar...
Um carro escuro para a sua frente. Não consegue ver quem está ao volante.
- Entra aí dona.
- Pelo amor de Deus! Leva tudo! Mas não faz maldade! Eu... – Lisa começa a suar abundantemente
- Entra! – Lisa sente o cano apertar sua cintura. Entra desesperada no banco de trás do carro, onde outro rapaz a esperava. Este segura firme seu braço.
O carro se põe em movimento. Lisa olha pelo vidro escuro o movimento da rua, na esperança que alguém tenha visto o sequestro. Respira fundo, buscando se acalmar e depois se vira para o rapaz ao lado.
- Amigo... Se isso é sequestro relâmpago eu...
- Cala a boca! Sem falar nada, ok.
- Eu não vou me entregar facilmente! Se pensam fazer qualquer coisa!
O rapaz a olha calado, mas com um olhar divertido. Nesse momento Lisa percebe que seus sequestradores são muito bem arrumados, fortes, afeiçoados. Não pareciam de forma alguma sequestradores. Mas... Quem vê cara não vê coração.
- Que... Querem de mim?
- Põe essa mascara.
- Como é? – Olha o tapa olhos para dormir que ele coloca em suas mãos.
- Olha vou repetir só mais uma vez. Coloque isso e me dá sua bolsa.
A voz era tão ameaçadora que Lisa entrega imediatamente a bolsa e tapa os olhos. Começa a rezar baixinho, sentindo o desespero tomar conta de seu ser.
Os minutos passam e o carro não para. Lisa imagina que estejam rodando em círculos pela cidade para ela perder a noção de espaço.
‘Meu Deus, e se forem estupradores? Devia ter reagido! Não devia ter entrado no carro!’
- Por... favor... não... me faz maldade. Leve tudo, já esta com tudo que é meu!
Não obtêm resposta. Começa a tremer sem controle. ‘Lisa mantém o controle’
Parecia que tinha passado horas quando sente o carro parar.
- Vamos desça!
Lisa é retirada firme, mas sem violência do carro. O sequestrador a induz por um caminho sinuoso. A cada passo, mais a garganta de Lisa se fechava. Seu autocontrole estava por um fio.
Sente uma porta se abrir e é levada para dentro de um cômodo onde a sentam sobre uma cadeira.
- Eu...
- Cala a boca!
A movimentação diminui. Ouve o bater de uma porta e o silencio de faz presente. ‘Mas que loucura é essa?’ Ouve o barulho de um carro se afastando. Procura aguçar os ouvidos e escuta ao longe o cantar de pássaros. ‘Mas... Que merda tá acontecendo?’ A raiva começa a tomar o lugar do medo. Ainda assim, evita movimentos bruscos ou mesmo tirar o tapa olho. É quando escuta seu celular tocar.
- Como é que é?
Tira o tapa olho num movimento brusco e olha surpreendida o cômodo que se encontrava.
Era uma copa gigantesca, cujas portas de vidro fumê davam para um deque, onde a vista deixava vislumbrar a beleza de montanhas das mais variadas.
- Mas... Que diabos esta acontecendo? – Diz em voz alta
Olha a seu redor. Nada, ninguém. Cautelosamente caminha ate a porta. Devagar sente o coração acalmar. Se fosse um sequestro com certeza o cativeiro era de 1° classe.
Geme e busca na bolsa abandonada sobre a mesa, seu celular. Era o alarme. O bandido o preparara para alarmar. Olha o sinal. Nada. Suspira e esfrega a testa ainda mais tensa.
- Deus... Deus... Que está acontecendo?
- Lisa...
Surpreendida se volta em direção ao som da voz que lhe chama da porta.
- Mari... Mariana?
- Lisa... espero que... meus amigos a tenham tratado bem.
- A... amigos?
- Sim... eu... eles me disseram que trariam você em segurança.
- Segurança?
- Li? Você esta bem? Está... pálida.
- Pálida?
Lisa não consegue mais pensar em nada, pronunciar nada. Cai desfalecida no chão.
- Lisa!!!!!

Lisa sente alguém a lhe bater suavemente no rosto.
- Li.. lisa, pelo amor de Cristo, acorda. Você desmaiou!
- Mari... Mariana!
Sente um ar frio lhe bater no colo e percebe que sua blusa estava desabotoada. Mari lhe acompanha o olhar preocupada.
- Eu abri. Sei lá, achei que podia respirar melhor.
- Melhor? – Lisa sente a raiva dominar seu ser. Ergue-se enfurecida - Você tem noção do que fez?
- Do que... fiz?
- Que diabos pensou conseguir com essa loucura? Você poderia ter me matado do coração! Sabe o desespero, o pavor que passei nas mãos daqueles rapazes? Achei que iam me matar, estuprar, a merda a quatro!!!
- Eu... Li... como assim? Não to entendendo!
- Você não esta entendendo!! E eu!!! Acha que entendo algo! – Ergue as mãos para o alto - Meu Deus dê-me controle!
Vira-se para a morena com os olhos em chamas.
- Mariana! Envelheci dez anos com essa brincadeira de mau gosto! Dez anos!!! – Termina a frase aos gritos.
- Lisa, eu não entendo. Porque o ato dos rapazes a trazerem te deu tanto medo? Nádia disse que eles eram de total confiança. Um deles é primo dela!
Lisa a olha incerta. Como assim Nádia? Quem era Nádia? Quem era a merda da Nádia!!
- Quem é essa merda de Nádia!
- Minha amiga Li... Eu... Ela... – Mari passa as mãos nos longos cabelos angustiada. – Ela me disse que estava tudo certo. Que o primo dela tinha conversado com você e que... Vocês iam vir depois do almoço para cá.
Lisa a olha entre o choque e o alivio.
- Eu... Mariana... Mari. Eu... Deus que alivio! – Senta-se sobre a cadeira sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
- Li! - Mariana corre e se ajoelha a seus pés. – Que eles fizeram? Que merda! Que eles fizeram com você?
- Eu... Mari... Eles me sequestraram.
- Como é?
- Eles me sequestraram. – Lisa começa a sentir uma calma imensa tomar o lugar do desespero e angustia anteriormente sentida.
- Se... Sequestraram? Quem? Os rapazes? – O olhar de Mariana era horrorizado.
- Os rapazes.
- Mas... como? Era só para eles te trazerem. Nádia disse que estava tudo resolvido, que... – O olhar de Mariana se modifica. – Nádia... Eu mato ela!
Lisa a olha agora tranquila. Respira fundo,  procurando agora acalmar também os tremores do corpo, ainda tenso pelas ultimas horas.
Mariana se ergue nervosa e busca seu celular na mochila.
- Não adianta Mari, não tem sinal.
- Puta que pariu Li! Não era para ser assim! Nádia... ela me trouxe para cá dizendo que os rapazes iam te trazer mais tarde. Vim mais cedo por que... porque queria me arrumar para você. Eu... – Olha Lisa incerta. – No meio da BR o celular dela tocou e ela me disse que eles tinham te trazido mais cedo e que a gente... ia chegar depois e...  e... eu entrei aqui e você... começou a gritar e... eu... eu...
- Mari!
- Lisa eu não fiz isso! Juro! Eu nunca ia fazer uma brincadeira dessas! Eu... cara, sequestro assim é coisa de novela. Não acontece na vida real.
- Acaba de acontecer.
- Eu... que merda... – Diz baixinho - Estragou tudo!
- Mari... o que estragou? Por que... queria-me aqui?
- Lisa eu... queria que a gente conversasse. Eu... sabe... achei que tínhamos que conversar, mas tinha que ser em um lugar onde tivéssemos... que ninguém interrompesse. – Mariana sente o rosto avermelhar. – Er... bom... aqui é do pai de minha amiga e ele emprestou para mim.  – Mariana a olha sem graça – Mas só aceitei depois que Nádia me disse que você tinha conversado com o primo dela e aceitado vir conversar. O resto... ia ser surpresa.
- Que resto?
Mariana se senta desanimada na cadeira ao lado da mesa.
- Quando você chegasse aqui, quer dizer, você só ia perceber que tava indo para Macacos depois de já estar no carro. Eu ia estar aqui te esperando com... roupas. – Olha Lisa sem graça. – Roupas... por que... vamos passar a noite aqui.
Lisa a olha surpresa.
- Bom... Parece que sua amiga e primos resolveram incrementar o plano.
- Putz Lisa... Desculpa. Eu... queria tanto que hoje fosse um dia especial. – Abaixa a cabeça arrasada.
Devagar Lisa se aproxima.
- Especial por que Mari?
- Eu... eu... – Mariana a olha com o olhar perdido. Lisa sente o coração disparar. Respira fundo e busca controlar as emoções. Muita adrenalina para um dia só.
- Mari vamos passar então a noite aqui... É isso?
- É...
- Suponho, alias espero, que dentro do plano mirabolante de sua amiga, esta tenha a idéia de avisar em meu serviço que... Estou com um imprevisto e não poderei voltar.
- Eu... Acho que ela deve ter feito isso sim. – Mariana tenta disfarçar o ar de incerteza.
- Ok... –Lisa observa a insegurança da jovem e resolve dar um tempo para ambas porem a cabeça no lugar. – Bom... o que trouxe para eu vestir?
- Short... aquele vermelho que fica lindo em você. - O rosto avermelha mais uma vez. – E uma camiseta.
- Calcinha?
O rosto de Mari fica vermelho de vez.
- Só de biquíni.
Li a observa atenta. As mãos começam a formigar na ânsia de puxar a mulher amada para seus braços.
‘Lisa calma, deixe-a dar o passo. O primeiro passo. ’
- Então vou tomar um banho. Estou suando, nervosa e angustiada depois do que passei. Acho que a água... Vai me acalmar.
- Por que não põe o biquíni e vamos nadar? – Mariana a olha já empolgada. – O tempo tá gostoso e a piscina é linda!
Lisa sorri. O alivio de ver que tudo não passara de uma brincadeira de mal gosto a deixara mole. Tudo agora lhe parecia bom demais. Olha a mulher a sua frente. Sua Mari... Fizera tudo isso para estar com ela.
- Por que não! Cadê o biquíni?
- Aqui... – Mariana tira dois biquínis da mochila. Lisa sorri e termina de desabotoar a blusa. Mariana a olha ansiosa e vira-lhe as costas nervosa. – Eu... Vou por o meu... No quarto. – Sai quase fugida da copa.
Lisa sorri divertida. Mari ficara tímida de repente.
O dia hoje era de sol... com certeza.

- Nossa que delicia de água. Sou capaz de ficar aqui a tarde toda!
- Eu não Mari... Estou morrendo de fome,
A bela morena para de flutuar e a olha sem graça.
- Você não almoçou?
- E acha que meus sequestradores deixaram?
- Putz... eu... deve ter o que fazer na geladeira. Os pais de Nádia estão sempre aqui. Vou lá ver.
Lisa observa a morena sair da piscina. Como era linda! Corpo maravilhoso, curvas bem feitas, bunda boa... seios suculentos... ‘LISA! Pare já com estes pensamentos! Ela que tem que vir a você!’
- Mari!
A jovem se vira para ela.
- Você é linda!
Mariana sorri tímida.
- Você também é linda Lisa. Demais!
- Acha?
- Sim...
- Sabe – Lisa caminha na água em direção a morena – Pensando melhor, acho que no momento estou sem fome.
- Mas... disse que estava morrendo de fome.
- Não estou mais... Eu... Estou é morrendo de vontade de usufruir dessa natureza maravilhosa.
Mari sorri contente e senta-se na beira da piscina.
- Aqui é lindo né. Quando estive aqui pela primeira vez babei no lugar.
- Dá vontade de ficar a vontade.
- Ah Li! Eu já estou à vontade – E sorri respirando fundo o ar puro.
Lisa a olha divertida. Devagar começa a desamarrar o sutiã do biquíni.
- Pois vou começar a ficar a vontade agora.
Mari a olha em choque. Lisa tira o sutiã do biquíni e o coloca na borda da piscina.
- Nossa é uma delicia sentir a água nos seios nus.
Mariana não consegue desviar os olhos dos seios de Lisa sob a água. Eram lindos. Não percebe a boca entreabrir ligeiramente e sem pensar passa a língua sobre os lábios. O coração de Lisa dispara ante o claro desejo da mulher amada.
- Mariana... Experimenta. Vai gostar.
Mas a bela morena não parece escutá-la. O olhar permanece fixo em seus seios.
- Li... você é linda! Seus... seios são como... são lindos.
- Mari...
Devagar a morena entra a água e se aproxima da loira. Para na sua frente e estende a mão.
- Eu... eu... – Lisa percebe a mão amada tremer. Com suavidade, como temendo assustar a outra, segura sua mão e a coloca sobre seu seio direito.
- É seu Mariana.
- Li... – Tremendo de emoção Mari segura o pequeno monte e o aperta com carinho.
- Macio... tão macio. – Ergue a outra mão e segura-lhe o seio esquerdo. - Eles são lindos.
Desvia o olhar deslumbrado dos seios de Lisa e a olha nos olhos.
- Li... – A voz insegura parece pedir ajuda.
Lisa não pensa duas vezes. Segura Mari pela cintura e a puxa para si buscando os lábios carnudos num beijo quente e profundo. Um gemido rouco sai de sua garganta.
- Mari... minha Mari... Como te amo Mari, como te amo!
- Li... Li...
Lisa penetra a boca da jovem com volúpia e desejo. Com a língua experimenta cada cantinho, saboreia, encanta. As línguas se encontram, digladiam exigentes, ávidas pelo prazer encontrado. Finalmente se separam pela necessidade de ambas buscarem o ar perdido na paixão do beijo.
- Eu... - Mariana procura evitar olhar os seios nus da loira. - Eu... Não posso deixar você sem o que comer! Vou à cozinha!
Sai da piscina e corre em direção à cozinha. Lisa a olha sem acreditar. Mariana fugira dela?
Respira fundo e passa a mão no pescoço. ‘Lisa... calma. Calma. Respeite o tempo dela. Respeite o tempo dela’
Mariana se segura na bancada da pia. Que beijo! Que vontade de arrancar o biquíni e pedir para ela a fazer sua! Mas... e se ela achar que estou apressada demais? Oferecida demais? ‘Deixa de ser boca Mariana! A mulher gemeu para você ontem no telefone! Cara que faço?’
Vira-se com intenção de ir em direção a geladeira ver o que tinha para cozinhar e dá de cara com Lisa, nua da cintura pra cima, atrás dela.
- Li...
- Vim ajudar na cozinha. O que tem para fazer?
- Eu... ia olhar.
- Ok
Devagar Mariana passa por ela e abre a geladeira, olhando cegamente o que tem dentro dela. A verdade que a ultima coisa que queria era cozinhar.
Sente braços a enlaçarem por trás e endireita o corpo. Lisa aproxima a boca de seu ouvido e sussurra.
- Amor... estou com fome... mas não de comida.
- Li...
Devagar a loira a afasta da geladeira e fecha a porta da mesma. Com Mari ainda de costas para ela começa a desfazer o nó do seu sutiã.
- Li...
- Chii... confie em mim.
Retira-lhe o sutiã e leva as mãos aos seios jovens apertando-os com carinho.
- Eu amo seus seios Mari... São lindos, cabem na minha mão. – Aperta-os com carinho - Macios...
- Li... - Mariana começa a tremer de paixão. Era tão bom sentir aquelas mãos em seus seios. Queria mais. – Li...  – Vira-se de frente para a loira. – Me beija de novo.
As duas se abraçam avidamente, os seios se tocando. As bocas cheias de paixão se encontram.  Lisa sente dificuldades de se controlar. Desce as mãos para os quadris bem feitos e os aperta.
-Você é uma delicia Mari... Amor...
Marina geme e balança sensualmente o quadril. Lisa leva as mãos a sua cintura e novamente as desce em direção ao quadril, desta vez por baixo do biquíni. Aperta-lhe as nádegas, as acariciando lascivamente.
- Minha... Você é minha Mari... Você veio para mim!
Mariana não consegue segurar o gemido quando sente os dedos de Lisa afastarem as nádegas firmes e a puxar com mais força em sua direção.
- Quero você! Deus!!
Lisa a solta repentinamente.
- Li... Lisa?
Lisa a olha cheia de desejo.
- Não Mari! Não esperei tanto tempo para... te ter no chão de uma cozinha!
- Lisa! Puta que pariu! Puta que pariu!
Pega a loira pelo braço sem nenhuma delicadeza e a empurra em direção a porta do quarto.
Abre-a com um safanão e totalmente descontrolada joga Lisa dentro dele.
- Aqui serve?
- Ma... Mari?
Lisa não tem tempo de pronunciar mais nada. A bela morena totalmente descontrolada a beija profundamente, enquanto segura seus seios com força.
- Não tem mais desculpas. – Sussurra entre beijos quentes. – Quero você. Hoje! Agora!
Lisa não responde. Empurra a bela morena na cama e se põe sobre ela. As mãos passeiam pelos corpos quentes. Mari bruscamente vira Lisa e se coloca sobre a mesma.
- Mais Lisa... mais. Trate-me como sua mulher. Sua mulher.
Lisa geme ao sentir a boca da amada sugar seus seios.
Mari estava em êxtase. Não sabia onde segurar, estava desejosa de tocá-la toda. Parecia não ter tempo, tamanha sua ânsia.
- Mari... Amor... Por favor – Não consegue conter o gemido a mais uma sugada cheia de paixão em seus seios. - Bela... eu preciso... ai Deus... Amor que delicia! Eu quero que seja especial... eu... Mari!!!!
Grita surpresa e extasiada ao sentir a mão amada se insinuar entre suas pernas por baixo do biquíni.
Mariana começa a tremer. Lisa estava molhada. Põe a cabeça entre os seios amados e passa a mão sobre o sexo de Lisa, sentindo os pelos macios.
- Li... Lisa eu quero mais... mais... 
Ergue o corpo e se coloca de joelhos, olhando Lisa deslumbrada. Era tão linda. Desliza o olhar fogoso pelos seios, barriga... e biquíni. Franze a testa e sem nenhum cuidado segura o cós da calcinha descendo-a pelas pernas.
- Mari...
A morena não tirava os olhos do sexo de Lisa. É como se nunca tivesse visto uma mulher nua antes. Uma calma momentânea surge dentro dela.
Devagar estende a mão e o toca.
- Lisa... você é tão delicada.
Tenta abrir as pernas de Lisa.
- Mari...
- Não diz nada! Por favor... deixa...
Lisa suspira e abre as pernas. Mariana se coloca entre elas. Desce o olhar repleto de amor e desejo sobre o corpo amado e começa a deslizar os dedos por ele.
- Eu sempre quis fazer isso... tocar você... deslizar minha mão por sua pele... tão macia...
- Amor... – Lisa se ajeita melhor sobre o colchão sem nenhuma vergonha da nudez exposta.
Mari a olha sorrindo tremula. Desliza os dedos por entre os grandes lábios de Lisa e os abre vislumbrando o clitóris já inchado da loira. Toca-o delicadamente, fazendo-a gemer suavemente. Começa a movimentar sobre ele em pequenos círculos. Lisa abre mais as pernas e estende os braços por cima da cabeça evidenciando ainda mais os seios bem feitos.
- Mari...
A jovem morena não aguenta por muito tempo manter o controle. Gemendo alto se coloca novamente sobre a loira e começa a se mexer freneticamente, sem tirar a mão do sexo de Lisa.
- Lisa... Li... Lisa te quero...  eu preciso de você... muito... muito. Eu quero tudo... tanto.
Lisa percebe a jovem morena descontrolada. Queria a primeira vez delas especial, inesquecível. Segura o próprio desejo e com uma postura firme, mas cheia de paixão freia o movimento da amada.
- Calma amor. Temos todo o tempo do mundo.
Começa com carinho a deslizar as mãos pelas costas, cintura e quadris da morena. Abraça-a com força beijando-lhe com carinho o pescoço. Era hora dela comandar o espetáculo.
Devagar puxa a calcinha do biquíni ate seus joelhos e coloca sua perna entre as dela. Coloca-a de costas na cama. Mariana tinha o olhar febril, mas se mantinha submissa.
- Isso... quero você quietinha... deixe-me fazer tudo.
Termina de lhe tirar a calcinha. Desliza as mãos por suas pernas, acariciando lhe toda. Segura-a pelas coxas abrindo-lhe ligeiramente as pernas. Sente uma pequena resistência de Mariana.
- Tudo bem amor... tudo bem. Se mostra para mim.
- Li... eu...
- Dá para mim amor? Dá?
Mariana olha a mulher amada com timidez. Era Lisa. Seu sonho realizado. Não havia lugar ali para inibições.
Relaxa o corpo permitindo que Lisa abra suas pernas e a exponha a seus olhos.
Observa, fascinada, o olhar de Lisa sobre seu sexo, a boca amada entreabrir e gotículas de suor brotar de sua testa. Lisa expressava claramente a paixão por cada poro de seu corpo. Sente dedos a tocarem e geme fechando os olhos.
Lisa toca os grandes lábios deslizando pela vulva macia. ‘Calma Lisa, mantenha o controle... ’ Abre os pequenos lábios, vislumbrando o clitóris muito inchado de Mariana. Lambe-o delicadamente.
- Li!! – O grito de Mari sai baixinho.  Um frêmito passa por podo seu corpo. Uma dor latente se faz ainda mais presente em seu sexo.
Lisa abocanha com os dentes o pequeno clitóris passando a ponta da língua sobre ele ritmadamente. Depois o solta e passa a língua toda por toda a vulva exposta.
Afasta-se um pouco para olhar o objeto de seu desejo. Mari estava aberta, exposta, vulnerável. Totalmente entregue. Lasciva, penetra-lhe  a língua no sexo fazendo-a soltar um grito cheio de prazer. Numa lambida quente, volta novamente sua atenção ao clitóris enquanto seus dedos brincam com os pequenos lábios de Mari.
- Eu... não vou... aguentar muito tempo Li...
Arregala os olhos e geme ainda mais alto ao sentir o dedo de Lisa penetrá-la.
- Ahh Deus...
Mariana era virgem. Lisa a penetra com cuidado, trincando os dentes numa tentativa gigantesca de controlar o próprio desejo. Sua vontade era penetrá-la com força arrancando-lhe gritos de dor e paixão.
- Meu Deus, Mari... preciso controlar-me... você... é... é... sua primeira vez...
- Li... Li... – Mariana mexe o quadril freneticamente. Em desespero, numa exigência muda de ter seu desejo satisfeito.
- Me faz sua Li... Me faz sua!
Lisa geme alto. Mariana era tão quente, tão saborosa, tão... sua. Tudo lhe parecia perfeito, natural.
‘Controle-se Lisa, controle-se’
- Calma Mari... calma amor.
Mariana era tão gostosa por dentro. O movimento de vai e vem do dedo é cauteloso, receoso.
- Lisa!! – A jovem morena eleva o quadril – Amor! Por favor, vai mais rápido. Eu... ai Li...
Lisa olha sua bela deslumbrada. Devagar, o coração acelerado, introduz outro dedo em Mari.
Mariana fica tensa.
- Dói amor?
- Não... eu... Li você é a primeira. Quero... tudo com você...
Como que querendo reafirmar isso pressiona o quadril em direção a mão de Lisa aprofundando a penetração. Uma dorzinha se faz presente dentro dela.
- Mari... você é virgem querida. Temos que ir devagar.
- Porra Lisa!!! –Mari ergue a cabeça desesperada por ter seu desejo satisfeito. – Me fode com vontade. Que se dane que eu seja virgem. Me faz sua!!!
Ansiosa, nervosa, cheia de desejo, pressiona ainda mais o corpo em direção à mão de Lisa, forçando-a a penetrá-la ainda mais.
- Ahh!
É o fim. Lisa já não tinha mais controle sobre si mesma. Começa a forçar a passagem com os dedos no interior de Mari que geme, sentindo dor e prazer. Lisa os  introduz cada vez mais rápido e profundo. Mari começa a gritar, sentindo um frêmito subir de seu sexo ao estômago até explodir num grito na sua garganta. O orgasmo era forte, misturado a dor da perda da virgindade. Lisa se deita sobre Mariana e começa a ondular os quadris num esfregar pele a pele, até que um orgasmo delicioso toma conta de todo seu ser.
As duas ofegantes, exaustas permanecem em silencio.  Mari fecha os olhos e abraça seu amor, que permanecia sobre ela.
- Foi... lindo.
Lisa ergue a cabeça e olha seu amor nos olhos.
- Eu... machuquei você?
- Li... foi lindo!
Devagar Lisa sai de cima da jovem e observa seus dedos. Estavam ainda com vestígios de sangue.
- Ah Mari, amor... eu machuquei você!
Mariana imediatamente se senta.
- Lisa! Olha para mim! Pareço machucada? Estou é... extasiada de felicidade. Cara eu... nossa... foi lindo! Mágico!
- Mari... – Lisa abaixa a cabeça contrita. – Queria não ter perdido o controle. Queria que tudo fosse perfeito.
Mariana segura o rosto de Lisa e o ergue.
- Lisa, eu te amo. Eu te amo demais. Eu queria deixar de ser virgem. Mas com você. Só você poderia fazer isso. Mais ninguém.
Lisa se sente explodir de orgulho pelas palavras de Mariana.
- Hum... quer dizer que viraria freira se não ficássemos juntas?
Mariana gargalha.
- Quer dizer que morria virgem, freira jamais.
Seu olhar muda inesperadamente.
- Li... também quero te dar prazer.
O olhar de Lisa se suaviza.
- Vou adorar Mari.
Devagar se deita.
- Sou sua amor. Faça o que quiser de mim.
Mariana engole sem seco. Lisa era sua. Sua!
Leva a mão aos seus seios e os aperta, para depois chupá-los, saboreando a maciez da pele. Distribui beijos por toda a pele de Lisa. Pescoço, seios, barriga, braços, coxas, virilha. Respira fundo sentindo o cheiro de sua amada. Depois com a ponta da língua experimenta o mel de Lisa.
Ouve um gemido.
- Ai Li... você é tão gostosa... tão gostosa.
Sem hesitar começa a chupar Lisa, lambendo, mordendo, saboreando cada pedacinho de seu sexo doce. Sorve seu mel e geme a cada suspiro, cada gemido amado.
Introduz os dedos na amada e suspira deliciada. Era a primeira vez que sentia uma mulher por dentro. Percebe os músculos se contraírem a cada movimento que faz.
- Li... Li... me ensina a te dar prazer.
- Ma... Mari... você esta indo bem amor. Continua.
O movimento de vai e vem é ritmado, tenso, ansioso. Mariana sente dentro de si o desejo renascer, a vontade de explodir de novo num orgasmo se faz presente. Instintivamente começa a mexer os quadris enquanto penetra Lisa cada vez com mais vontade. E quando Lisa explode num orgasmo maravilhoso a acompanha surpresa.
O prazer mutuo as extenua. Mari se deita nos braços de Lisa e fecha os olhos.
- Perfeito... Perfeito...
Não havia como saber quem pronunciara tais palavras. Nas expressões de ambas, a paixão satisfeita, o amor verdadeiro.
Estavam completas.

Mariana acorda e esfrega os olhos sonolenta.
- Li?
- Oi amor?
Estava escuro.
- É noite?
- Sim vida. São duas da manha.
Mariana se aconchega melhor nos braços de Lisa.
- Foi lindo.
Lisa sorrindo a aperta mais nos braços.
- Ah Mari, nem acredito eu a tenho nos braços. Nem acredito que você é minha!
Mariana ergue ligeiramente a cabeça.
- Eu te amo Li. Demais. Para sempre.
- Sim, para sempre amor.
As duas sorriem. Mariana olha a boca convidativa de Lisa e sente o desejo nascer dentro de si.
- Li...
- Oi amor.
- Quero mais.
- Quer minha bela?
- Quero... – Aproxima a boca da de Lisa e a beija - Vou querer sempre. Me faz sua amor?
O dia amanhece, mas as duas amantes nem percebem. Exaustas, depois de uma noite de prazer e descobertas, dormem o sono tranquilo de quem sabe ser amado.

Joyce sentada sobre a poltrona da sala lê pela enésima vez o bilhete que Mariana lhe deixara.
Suspira. O sonho de Mariana se realizara. Seu pesadelo também. Ela finalmente estava nos braços de Lisa. Passa as mãos nos cabelos longos. Já não tinha mais o que fazer. O destino tratara de tirar de suas mãos qualquer possibilidade de ter Lisa para si. Com os olhos vazios, volta a mente ao passado, recordando todos seus momentos com Lisa e mesmo sem ela.
Não concorda muito com a idéia que todo ser humano tem um destino certo. Na sua visão cada um era responsável pelo seu destino. Ela escolhera seu caminho e agora tinha que se desviar das pedras que criavam empecilhos na sua passagem. Ergue o olhar e admira, sobre a cristaleira, uma foto dela, Carlos e seus filhos. Uma foto em família.
Esta fora sua escolha.
Dizer que esta escolha a completava era mentira. Mas era satisfatório. ‘Será que Lisa me completaria?’
Relembra as palavras de Paula, mãe de Lisa, e balança a cabeça conformada.
‘Não, não me satisfaria. Eu a faria infeliz’
Fixa o olhar sobre a imagem de Carlos. Eles eram iguais. Sempre buscando algo, nunca se satisfazendo com o que tem. Mas realizados na família. Contraditório? Talvez. Mas real.
Suspira e se coloca em pé. Rasga o bilhete em vários pedaços. Mariana escolhera seu destino. Lisa também. Restava a ela buscar o seu. E ela sabia exatamente o que fazer.

Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima

"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…
Clarice Lispector