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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Capítulo XX

- Mentira! Fala sério! Não acredito!
- Eu tô dizendo amor... O cara esteve lá como se fosse a ultima bolacha do pacote. O salvador das mulheres que não conheceram ainda o poder de um bom pinto!
Dramaticamente ao contar Luiza põe a mão sobre o peito em fingida emoção.
- Gente que cara de pau meu!
Lisa não consegue segurar a risada. As duas se encontravam na cama após momentos maravilhosos de êxtase e paixão.
- Que raiva! Se eu pudesse matava este sujeitinho! – A indignação aparece na expressão de rosto de Lisa. - Que homem sem noção. Sem vergonha! Coitada da Jô... – O rosto se anuvia. Um aperto no coração se faz presente. Balança a cabeça como a tentar fugir dos pensamentos.
- Pois eu tenho pena amor – Lu ante o rosto agora indagativo de Lisa continua sua ideia. – Pense bem. O cara é casado com uma bela mulher... que não passa de uma lésbica mal resolvida. Deve ser muito frustrante.
- Que isso Lu! Joyce não é lésbica.
Joyce a encara irônica.
- Não!?
- Bom... tá... eu... acho que ela é bi... é isso. Joyce é bissexual.
- Lisa acredita mesmo nisso?
- Eu... não sei Lu. – A loira solta um suspiro desanimado – Ela é casada há tanto tempo e... Bem, ela tem uma vida com o marido, seja boa ou ruim, tem.
- Certo, mas só pela atitude dele percebesse que algo não vai nada bem. Acredito que ela também deva ter atitudes que demonstrem alguma insatisfação. Diz encarando Lisa fixadamente. A mesma engole em seco.
- Lu... amor... na verdade... – Lisa a encara nos olhos. – Na verdade Joyce deu em cima de mim.
Luiza sente um pequeno aperto no coração. Não queria saber nada que acontecera em BH.
- Tudo bem Lisa... eu prefiro não saber e...
- Mas quero contar Lu! Não quero guardar isso pra mim. Por favor. – Lisa imediatamente se ajoelha sobre o colchão se inclinando ligeiramente sobre Luiza.
Esta respira fundo. Porque as coisas não podem ser simplificadas? Por que o ser humano tem sempre esta necessidade de expor os fatos quando tudo parece caminhar perfeito? Porque não simplesmente esquecer?
- Conte amor.
- Lu... quando você foi embora e me disse que resolvesse as pendências do passado, me senti desamparada. Totalmente desamparada. Hoje sei que o ultimato me fez bem... foi o melhor a fazer.
- Não foi ultimato Lisa!
- Claro que foi! E não me interrompa!
Luiza a olha com os olhos ligeiramente arregalados e brincando faz um sinal de fecho na boca.
- Bom... a partir dali Joyce resolveu que ia reviver o passado. Quando quis sair com Mari ela impôs antes uma saída com ela. E eu aceitei. – Olha Luiza cautelosa percebendo ao perceber o rosto dela se fechar. – Lu... eu... eu... fiquei com ela.
Luiza engole em seco. Taí. era exatamente isso que não queria ouvir.
- Para que está me dizendo isso Lisa? – Luiza se levanta da cama e sem se preocupar com a nudez começa a caminhar pelo quarto. – Que prazer é este de me expor os detalhes? É necessário realmente me expor fatos que só me magoam?
- Lu! Não é isso! Entenda... é como uma redenção. – Lisa levanta e se abraça a bela morena. – Amor... só assim pude perceber que o passado estava morto. – A abraça ainda mais forte como que querendo lhe tirar toda a tensão do corpo. – Lu... quando ela... tentou ficar comigo; e isso foi mais de uma vez, percebi que não era ela entende! Era você! Você que devia estar ali. Você! Foi como se tudo clareasse em minha mente.
Luiza suspira profundamente, passa as mãos no basto cabelo castanho e, com Lisa nos braços, volta para a cama de ambas.
O silencio se faz presente entre elas. Finalmente é interrompido pelo sussurro de Lisa.
- Lu... Você é meu amor. Joyce ficou no passado. O momento meu e dela passou. Agora somos eu e você. Tenho tanta certeza disso... tanta! – Num gesto repentino Lisa se levanta da cama - Me espera.
- Lisa? Luiza acompanha sua amada se retirar do quarto. Abaixa ligeiramente a cabeça e dá um suspiro triste. Não queria mais doía. Mesmo sabendo ter vencido a disputa pelo amor de Lisa doía saber que ela estivera nos braços de Joyce.
Observa Lisa voltar lentamente para o quarto.
- Li... Lisa.... Você... você... fez... amor com ela?
Lisa arregala os olhos.
- Lu!! Não!!! Não amor, eu não fiz. Eu sou sua. É com você que faço amor.
Devagar se aproxima da cama onde Luiza se sentara e se ajoelha aos pés desta.
- Eu queria fazer isto em outro momento com flores e um lindo jantar, mas... Prefiro fazer neste.
Olha amorosamente Luiza que a encarava surpresa e ergue as mãos que seguravam uma linda caixa de joia. Abri-a expondo duas belas alianças de ouro.
- Luiza quer ser minha esposa? Prometo lhe ser fiel, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. – Seu olhar era de expectativa. – Quer?
Luiza, que odiava expor suas fraquezas, não consegue se conter e deixa as lágrimas virem aos olhos.
- Amor... Chorando baixinho, ajoelha-se também no chão e abraça a amada. – Você é tudo para mim. Te amo tanto! Dou a vida por você! Quero... quero.
Lisa pega a aliança e a coloca no dedo de Luiza.
- Ficou perfeito! – Sorri extasiada e fungando permite que as lagrimas lhe caiam dos olhos.
Luiza sorrindo, segura a outra aliança e a põe no dedo de Lisa.
- Prometo por toda minha vida amá-la e desejá-la, ser-lhe fiel, para todo o sempre.
As duas se abraçam entre lagrimas e sorrisos. O passado não mais interferiria no amor das duas. Assim estava escrito. Era o destino.

Mariana caminhava devagar por entre as árvores da pracinha do bairro. Suspirando senta-se no banco. Lisa partira ao encontro do amor. E ela? O que restava a ela? Lembra as palavras de Lisa sobre viver cada momento de sua vida, viver experiências. Abaixa a cabeça suspirando baixinho. ‘Lisa... Porque tenho que esperar? Porque você não enxerga que vim pra você? Eu sei... não me importa você ser mulher. Você é a pessoa que sou destinada. ’
Observa uma jovem que patinava entre as arvores. ‘Linda’ pensa sem, no entanto sentir nada mais. Diferente de quando olhava Lisa e queria abraçá-la, beijá-la, senti-la.
Suspira baixinho. Lisa tinha razão. Esta era a verdade. Cada pessoa tinha o livre arbítrio de fazer seu destino. E Lisa escolhera Luiza, a morena alta, arrogante e simpática. Quem era ela para interferir naquele amor?
Observa a jovem que patinava cada vez mais perto de onde estava sentada. Esta sorria a cada volta pela praça numa clara tentativa de aproximação.
‘ Você tem razão Lisa. É preciso viver. A vida continua. Está na hora de eu começar a minha. ’ E sorri para a jovem que devagar para a sua frente e começa a puxar um papo agradável. Mariana começava o seu caminho de amores e descobertas.

Joyce assistia à televisão trocando os canais aleatoriamente. Nada lhe parecia interessante. A casa estava vazia. Os gêmeos estavam com os avôs paternos e Mariana caminhava pelo bairro. Os olhos se enchem de lagrimas quando, mais uma vez, relembra os momentos com Lisa. ‘Lisa’ sussurra baixinho. Balança a cabeça tentando segurar as lágrimas. Será que realmente escolhera o caminho certo? Era feliz?
Ouve a porta da frente se abrir e Carlos adentrar pela mesma segurando a mala. Os olhares de ambos se encontram. Olhares cheios de culpa e mágoa. Carlos suspira e caminha em direção a esposa.
- Jô... Nós precisamos conversar.
Joyce abaixa a cabeça. Não queria discutir, não queria explicar. Nada lhe importava.
- Jô... Eu não tô feliz... Nós não estamos felizes.
A morena ergue o olhar surpreendida.
- Sei que não estou sendo um marido presente, nem um pai legal pros meninos. Mas quero tentar. – Carlos se vira para a esposa. – temos uma história Jô. Uma história que vale a pena acreditarmos. Você... acredita nisso?
Joyce observa o marido atentamente. Percebe em sua têmpora pequenos fios de cabelo branco que antes não havia ali. Uma ternura acende em seu coração. Não o amava. Amou a ideia de amá-lo. Mas Carlos era um bom homem. Com defeitos e qualidades, mas um bom homem. Devagar estende os braços e Carlos se aconchega neles. E ali permanecem juntos, unidos por uma vida em comum, por um carinho perdido, mas não irrecuperável. Somente o futuro dirá se o caminho escolhido é o certo. No momento o importante é tentar. Acreditar. ‘Você não tem nada a perder Jô. Você tem uma família linda e maravilhosa. Está mais que na hora de viver para eles’.

Um ano depois

-Amor!! Cheguei!
Lisa caminha pela sala jogando a pasta sobre o sofá
- Luiza?
Caminha pelo apartamento surpresa de não ver a esposa em lugar alguém. Suspira tensa e se joga no sofá. ‘ Que dia!’
O dia fora corrido e ainda pela tardinha tivera que atender um paciente a domicílio. Odiava essas eventualidades, mas o colega que o fazia estava de licença médica.
‘ Mas... Onde diabos está Luiza?’ Busca o celular na bolsa e liga para a amada. Nervosa vê o telefone cair na caixa postal. ‘Vou matar aquela amazona. Custava ao menos deixar um recado de onde ia?’
Levanta-se e tirando a roupa pelo caminho entra debaixo do chuveiro. Deixa água escorrer pelo seu corpo permitindo-se relaxar debaixo d’água. Por longos minutos permanece ali se deliciando com o frescor da água. Coloca um roupão e caminha em direção a cozinha. Ao fechar a geladeira se surpreende com o bilhete colado na mesma.
Pega-o curiosa e ri logo a primeira frase escrita.

Minha querida esposa. Depois de esbravejar bastante contra minha pessoa, tomar seu banho e se acalmar eis que encontra o tão esperado bilhete (pois é tsts. A cozinha é seu ultimo refugio na casa que sei).
É duro ser casada com alguém que lhe conhece tão bem.

Agora meu amor, coloque um belo vestido e me encontre neste endereço. Por favor, não demore. Estou ansiosa para vê-la.
Te amo minha amada.
Lisa olha o endereço e sorri feliz. Luiza era sempre uma surpresa. Caminha em direção ao quarto e escolhe um belo vestido branco que ajustava divinamente bem nas curvas de seu corpo. Tira da cômoda uma bela combinação e a olha pensativa. Sorrindo safada volta-a para a gaveta. ‘ Você não é a única que gosta de surpresas aqui Lu’. Já vestida maquia-se suavemente e chama um taxi. Pelo caminho sorri extasiada. A noite prometia ser maravilhosa.

O hotel era um dos mais chiques de SP. Dá o nome na recepção que imediatamente lhe entrega a chave da suíte principal. Ignorando o olhar curioso do rapaz atrás do balcão Lisa balança a cabeça sorrindo ‘ Luiza é louca! Suíte principal?’. À sua entrada no elevador imediatamente o recepcionista liga a suíte avisando Luiza de sua chegada.
Abre a porta vagarosamente e se surpreende com a bela mesa ao centro da sala. Duas lindas velas acesas davam ao ambiente um ar deliciosamente romântico. Respira enlevada e percebe um sutil perfume de rosas. Caminha em direção ao quarto e sente o coração aquecer diante da maravilhosa cama repleta de pétalas de rosas vermelhas.
- Eu te amo Lisa.
Emocionada Lisa se vira para a porta do quarto e vê Luiza, maravilhosa em um lindo vestido negro, lhe estender uma taça de vinho. Devagar se aproxima da amada e pega a taça.
- Amor... eu...
Luiza coloca suavemente um dedo em sua boca lhe silenciando.
- Hoje faz exatamente um ano que minha vida mudou. Encontrei o amor de minha vida.
Lisa surpresa franze a testa.
- Hoje? Mas ainda não é nosso dia amor!
Luiza sorri amorosamente. Lisa nunca cansava deste sorriso. Ele lhe pertencia. Luiza, em todo este ano de convivência, nada mudara na forma de tratar as pessoas. Cada dia mais arrogante e dona da verdade reservava apenas a ela seu lado doce e suave.
- Lisa... exatamente no dia de hoje nos conhecemos. A vi pela primeira vez e soube que você era meu destino. – Estende a mão e toca o rosto amado – No dia de hoje o amor se fez presente em minha vida e em todos os dias vindouros. A felicidade passou a fazer parte de minha existência. Amor... nunca imaginei merecer tanto!
Lisa não consegue conter o soluço que lhe vem da garganta. Abraça Luiza emocionada.
- Você também me faz a mulher mais feliz do mundo Lu. Obrigada. Obrigada por não ter desistido de mim.
O beijo começa suave e delicado. Mas logo a paixão, constante em suas vidas, se faz presente e o beijo se torna profundo e impaciente. Luiza, tentando conter o fogo que se instala dentro de si, afasta Lisa com dificuldade de seus braços.
- Não é assim que planejei a noite.
Estende a mão para Lisa e a encaminha para a mesa onde um delicioso jantar as aguardava. A conversa flui animada e conflitante entre elas. Quase nunca suas opiniões batiam e sempre uma queria mostrar a outra que estava certa. Ao final riam divertidas com o debate e brindavam a forte personalidade de ambas. Tudo era uma suave e deliciosa rotina em suas vidas.
Após o jantar Luiza se ergue e caminha em direção ao som e colocando um CD para tocar. Estende a mão à loira convidando-a a dançar.
A música “In my life” dos Beatles ecoa no silencio da sala. As lágrimas começam a correr dos olhos de Lisa. Era a sua musica preferida.

In my life

There are places I remember
All my life though some have changed
Some forever not for better
Some have gone and some remain

All these places had their moments
With lovers and friends I still can recall
Some are dead and some are living
In my life I've loved them all

But of all these friends and lovers
There is no one compared with you
And these memories lose their meaning
When I think of love as something new
Though I know I'll never lose affection

For people and things that went before
I know I'll often stop and think about them
In my life I'll love you more
Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before
I know I'll often stop and think about them
In my life I'll love you more
In my life I'll love you more...

Tradução

Há lugares de que me lembro
Toda minha vida, apesar de alguns terem mudado
Alguns para sempre, não para melhor
Alguns se foram, e alguns permanecem

Todos esses lugares tem seus momentos
Com amores e amigos que eu ainda me lembro
Alguns estão mortos e alguns ainda vivem
Em minha vida, eu amei todos eles

Mas de todos esses amigos e amores
Não tem nenhum que se compare a você
E essas memórias perdem o sentido
Quando eu penso no amor como algo novo
Apesar de saber que nunca vou perder o amor
Pelas pessoas e coisas que vieram antes
Eu sei que sempre vou parar e pensar neles
Em minha vida, te amo mais

Apesar de saber que nunca vou perder o amor
Pelas pessoas e coisas que vieram antes
Eu sei que sempre vou parar e pensar neles
Em minha vida, te amo mais

- Eu... Nunca ouvi essa versão. Soluça apoiando a começa no colo de Luiza que delicadamente a conduzia na dança.
- É uma versão na voz de Dave Matthews. Achei que ia gostar – Luiza sussurra baixinho no ouvido de Lisa.
- Eu amei. Amei! Ergue a cabeça e beija a morena procurando no gesto mostrar todo a amor e paixão que explode em seu peito.
- Amo você amor. Amo você.
Luiza geme suavemente quando percebe o beijo se transformando e a paixão dando lugar ao carinho. Aperta a cintura amada e desliza as mãos para os quadris. Surpresa arregala os belos olhos castanhos.
- Lisa você está sem...
- Pensa que só você sabe surpreender meu amor? Lisa dá um sorriso safado ainda com os olhos cheios de lagrimas.
- Sua safada! Vem aqui!
As duas caem sobre a cama repleta de pétalas vermelhas e começam o suave balé das amantes. Luiza desliza o vestido pelo corpo perfeito e admira extasiada o corpo de Lisa. Nunca se cansaria de sua beleza.
- Você é tão linda!
- Você é mais meu amor. Sabe... – Lisa toca a bela covinha do rosto moreno. – Ainda não consegui ver o duende que se esconde nesse cantinho.
- Ah amor... é porque ele só aparece para velar seu sono. – Luiza pisca o olho matreira.
- Ah... assim não vale - Começa esfregar o corpo no de Luiza tocando-a mais intimamente – Ainda vai continuar vestida?
Os beijos apaixonados os toques exigentes, tudo parecia pouco às duas belas mulheres. Os gemidos roucos, a paixão evidente tão somente era uma pura demonstração do amor presente.
Lisa grita em êxtase ao sentir o orgasmo enlouquecedor e se entrega confiante nos braços morenos. Acompanha feliz sua amada gemer enrouquecida, também em êxtase e sorri feliz. Adorava ouvi-la, tocá-la, satisfazê-la.
- Satisfeita meu amor?
Luiza ergue a cabeça com um ar malandro.
- Ainda não amada. Não lhe dei o presente.
- Presente – Lisa se empolga. Adorava ganhar presentes. Observa Luiza se erguer da cama e se aproximar da sacola ao lado da cortina. O sorriso congela no rosto ao vê-la tirar da mesma um enorme vibrador cor de rosa.
- Mas... o que é isso? Sente o sangue gelar nas veias.
- Gosta? Luiza empolgada não repara os olhos da amada se arregalarem ainda mais ao ouvir o barulho do vibrador que começa a tremer e girar suavemente.
- Vê amor... tem três velocidades. Dezoito centímetros de prazer. – Olha irônica a amada.
- Eu... eu... NEM PENSE QUE VAI COLOCAR ISSO EM MIM!
Luiza a olha surpreendida. Sorri tranquilamente procurando acalmar Lisa.
- Calma amor... tudo vai dar certo. Olha, não é o único presente que comprei.
Lisa sente o coração acelerado. Respirando fundo varias vezes pergunta cautelosa.
- E o que mais tem?
Luiza abre um sorriso enorme.
- Lubrificador!! Grita alegre tirando um enorme tubo a base d’água da sacola.
- Nem vem!!!
Lisa pula da cama já em pânico. Luiza gargalha e pegando rapidamente algo na sacola que Lisa não tem tempo de ver, sai ao encalce da loira.
- Fica longe Luiza!! Tô fora! Sai pra lá!! Ergue as mãos para frente tentando impedir que a morena alcançasse seu corpo. Qual não é sua surpresa ao ver ambas as mãos
presas numa algema forrada de forma a não machucar seus punhos.
- Que isso? Tira isso de mim!!!!
- Nem por sonhos Lisa. Você agora vai me servir.
- Luiza!! NÃO!!!
Lisa tenta por todas as formas impedir Lu de levá-la de volta a cama. Mas não era páreo para a força da morena. Impotente, quase em desespero vê a morena prende-la na grade da cabeceira. Indefesa, observa Luiza admirar seus seios.
- Você me fascina.
- Lu... Por favor, faz tudo... Tudo que quiser... Mas não mete... aquela coisa em mim.
- Amor... Luiza a olha condescendente – Sinto lhe dizer, mas quem manda aqui... SOU EU!! – Toca-lhe o rosto levemente - Não precisa ter medo amor. Você vai adorar.
E agarra os seios claros chupando-os loucamente. Lisa se contorce de prazer e medo. Sente-se molhar cada vez mais com os beijos e toques de Luiza e uma expectativa de desejo e medo toma conta de seu ser.
- Amor... Amor... Não...
Geme roucamente ao sentir suas pernas abertas e dedos lhe penetrarem o sexo fortemente. Luiza começa um movimento de vai e vem que enlouquece Lisa. Seus gemidos são altos e prazerosos. Perdida num orgasmo delicioso não nota Luiza lubrificar o vibrador. Arregala os olhos em choque ao sentir algo grande e volumoso penetrá-la
- Não!! Não!! - Em desespero, tenta de todas as formas impedir que o dildo fosse colocado dentro de si. Indiferente aos gritos da amada Luiza a penetra cada vez mais fundo e liga o vibrador. Lisa grita ainda mais alto, não sabe descrever se era de prazer ou dor. Tudo se misturava dentro de si. O movimento de vai e vem junto à vibração despertam um vulcão de sensações fortes dentro de si e espasmos violentos tomam conta do corpo delicado.
- Não... pare... não quero... ahhhhhhh
- Você gosta sua sem vergonha! Sente... sente! - E penetra a loira ainda mais fundo sentindo seu próprio sexo contrair só de ver o prazer da amada.
- Deus... Deus... Lu... Luuu! Merda! Me solta!! DEUS!! Aiii!
- Goza safada! Goza! – Luiza quase não conseguia conter o próprio prazer só de ver a amada em convulsões de prazer. E quando Lisa geme num orgasmo forte e intenso, Luiza solta um grito extasiado. Nunca o prazer lhe fora tão satisfatório. Lisa lhe completava.
Luiza ainda tenta recuperar o fôlego quando sente pequenos empurrões no corpo.
- Merda Luiza... – Lisa com os quadris a empurrava quase em desespero. – desliga essa porra... eu não aguento mais.
Luiza quase desfalecida desliga o vibrador e o tira sem nenhum cuidado de dentro de Lisa.
- AII!! Merda!! Quer me arrancar a buceta fora? Sua... pervertida!!!
- Ai amor... desculpe... eu... tô exausta. - Luiza se deixa cair novamente ao lado da amada. Estava impressionada com o orgasmo que tivera. Fora um prazer mais emocional que físico. E isso a deslumbrava. Fora tão bom!
- Vai é morrer se não me soltar dessa merda!! Porra! ME SOLTA JÁ LUIZA!
- Meu Deus Lisa. Nunca vou me acostumar a essa sua boca suja. – Levanta-se com dificuldade e liberta Lisa das algemas. Esta esfrega os pulsos e observa a morena se jogar sobre a cama de bruços. Um sorriso sem vergonha começa a surgir em seu rosto ao ver a morena totalmente relaxada e distraída. Pega a algema e num golpe rápido e certeiro se coloca sentada sobre a morena prendendo- lhe o pulso esquerdo.
- Que isso?
Sem responder e sem deixar que a morena tivesse tempo de reagir Lisa passa a algema pela grade da cabeceira e a prende no outro pulso. Luiza sente o coração contrair. Detestava se sentir indefesa.
- Lisa para com isso. Me solta.
- Mesmo? – Lisa ainda se recuperando do orgasmo enlouquecedor que tivera, pega o vibrador e o olha quase clinicamente.
- Nossa amor! Olha só! Tem até o formato das veias. Que nojo!
- Lisa!  Me solta. - Luiza ergue a cabeça o máximo que pode e olha indignada a esposa. – E não se faz de inocente! Sei que já viu muitos desse.
- Fica quieta ai. Puta merda. Você meteu tudo isso dentro de mim. Sua sádica!
- Lisa!! ME SOLTA!
Lisa a olha inocentemente. Sem responder se levanta e caminha em direção ao banheiro. Luiza escuta a torneira se abrir e fechar
Lisa volta tranquilamente ao quarto, linda em sua nudez, e vagarosamente pega o lubrificador esquecido sobre a cama.
- Lisa! Para já com esses pensamentos! Eu já gozei!
A loira analisa detalhadamente o vibrador para ver se o tinha lubrificado totalmente. Depois volta o olhar sorridente para Luiza.
- Quem é mesmo a dona aqui?
- LISA!
Ajoelhando-se sobre a cama Lisa força as ancas morenas de forma a colocar Luiza de joelhos. Observa cheia de desejo o sexo de Luiza. Ver a morena indefesa e de quatro era para ela uma experiência única. Não podia deixar de aproveitá-la.
- Como você disse mesmo Lu? Você vai adorar. – Diz com a voz ligeiramente tremula.
- Lisa... vamos conversar. Não é assim que as coisas funcionam, não é... ahh!!!
Luiza grita surpresa. Lisa num único movimento penetrara-lhe fundo com o vibrador. Ao senti-lo todo dentro de si Luiza geme quase lamentosa. Lisa liga o vibrador e começa a movimentá-lo quase que violentamente.
- Sinta gostosa. Você também quer. E bate nas nádegas morenas como a querer reforçar suas ordens. Luiza começa a acompanhar com os quadris o movimento do dildo.
Luiza sente o orgasmo próximo, mas quando este parecia vir tudo para repentinamente.
- O que? O que? O QUE?? LISA!! NÃO PARA!
Lisa a olha irônica.
- Quem manda aqui?
- Lisa pelo amor de Deus, não faz isso! Luiza tenta soltar as mãos desesperada.
- Quem manda aqui?
- Você merda! Mete logo!
- Quem é sua dona?
- Droga! Você! Você! Mete!!!
Lisa já totalmente tomada pelo desejo de satisfazer à amada a penetra novamente com o dildo ligado e começa um movimento intenso de vai e vem. Acomodando-se melhor atrás da morena penetra o dedo em Luiza e sente esta se contrair.
- Lisa? Onde diabos está metendo este dedo? Lisa? Meeeuuu... Deusss... Eu... vou... gozar... eu...
Luiza sem inibições solta um grito rouco e satisfeito. O prazer era louco. Se debate sobre a cama estremecendo a cada estocada que recebia de Lisa. Ao final se deixa cair sem forças sobre a cama.
- Você... é... louca. – Diz com a respiração entrecortada.
- Louca por você amor... louca por você... - Responde Lisa distribuindo vários beijinhos pelas costas morenas.
A noite fora perfeita.
O tempo é o melhor autor: sempre encontra um final perfeito.
 (Charles Chaplin).

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Capítulo XIX

O sábado chegara iluminado. Mariana caminha em direção à cozinha, mas antes passa no quarto dos irmãos para ver se dormiam tranquilos. ‘ Bah, ate parece que são tão santinhos’ pensa ao os ver dormindo angelicamente. Olha o relógio. Nove horas da manhã. ‘ Cedo pra ir à casa de Li’. Ainda comia tranquila quando sua mãe adentra a cozinha.
- Bom dia mãe.
Joyce olha a filha desanimada.
- Bom dia Mariana.
Senta-se a mesa com a filha e põe a mão sobre o queixo. Mariana se surpreende com as olheiras da mãe.
- Mãe... tá tudo bem?
Jô a olha triste. Como dizer q filha que, no dia anterior, todas as suas esperanças, mesmo que inconscientes haviam sido assassinadas friamente pela serial killer Lisa?
- Na medida do possível sim Mariana. Estou com problemas no serviço só isso.
Mari a olha séria. Sua mãe estava apática, sem vibração. Essa não era ela. Poxa, preferia ela aos gritos, nervosa e dona da razão que aquela mulher sem energia a sua frente.
- Hã... Mãe... Vou ir à casa dos padrinhos. – Com estas palavras esperava despertar alguma coisa na mãe. Afinal ela detestava Lisa.
- Ok... – O olhar de Jô se torna ainda mais triste e se enche de lágrimas. – de um olá a todos por mim.
Levanta-se da mesa e caminha rapidamente para o quarto onde se tranca sem dar a Mariana a oportunidade de resposta. Esta não sabia se surpreendia com a postura da mãe ao contar que iria ver Lisa ou com sua falta de reação ao fato. ‘Algo não está nada bem’. Vai em direção ao quarto da mãe.
- Mãe abre a porta.
- Me deixe em paz Mariana.
- Mãe você não tá legal. Abre a porta!
O silencio é a resposta de Mari. Devagar volta a cozinha e senta-se pensativa na mesa. Ouve a porta abrir e a empregada adentrar o ambiente. Bem, quando a Joyce quisesse falaria com ela. Ainda pensativa custa a perceber o telefone tocando.
- Alo?
- Mari?
- Lisa!!!! O coração da jovem acelera. – Estava pensando em você.
- Mesmo? Que bom Mari! Olha, eu estou ligando porque resolvi voltar hoje para São Paulo.
- Como é? Mari sente como se lhe jogassem um tijolo bem no meio dos olhos.
- Pois é linda. Eu... bom... Resolvi voltar hoje, mas não poderia ir sem despedir de você.
- Posso ir ai agora?
- Estou esperando.

Lisa abre a porta com um sorriso suave. Estava linda como sempre. Mari não consegue disfarçar a tristeza do olhar. Lisa a abraça com carinho.
- Mari... Não fica assim. Até parece que estou indo para outro planeta!
- Para mim é como se fosse Lisa... você é a única mu... er... adulta que eu confio e desabafo.
- Então me ligue sempre que precisar. Pode ser a cobrar.
- Hã... ok... – De repente vem a memória de Mari a atitude estranha da mãe.
- Lisa, minha mãe sabe que vai partir?
A loira engole em seco.
- Não Mari... Por quê?
- Ela está estranha esta manha. Bem estranha. Nem ligou quando disse que vinha vê-la.
Lisa sente o coração se apertar.
- As pessoas mudam Mari.
- Não minha mãe. Li... um dia posso ir visitá-la em SP?
Lisa a abraça mais uma vez sorrindo.
- Minha casa está sempre aberta para você Mari. Venha vamos tomar um suco no jardim.
A conversa flui naturalmente entre elas. Mariana se sentia bem com Lisa. Esta conversava com ela sem fazer distinção de idade. Sentia-se tranquila, sem medo de Lisa a ver como uma adolescente boba e sem papo. Lisa respeitava a maturidade de seus 15 anos.
- Lisa... Como você descobriu que gostava de meninas?
Lisa se assusta com a pergunta e engasga com o suco. Tossindo muito e forçadamente olha de lado para Mariana que aguardava pacientemente a resposta.
- Ah... bom... eu... ah... foi... eu gostei... de uma colega e... e... é isso né.
- Falou, falou e não disse nada. Quantos anos você tinha? Quem era a menina? Alias era menina da sua idade? Ou alguém mais velho? Como foi que ficaram juntas?
Lisa arregala os belos olhos castanhos. ‘ Fudeu’
- Mari... Mariana... bom, ah... eu era um pouco mais velha que você e... gostei de uma menina de minha sala. E pronto, só vou dizer isso.
- Por quê???
- Porque devo respeitar a outra pessoa. Não vou sair contando os nomes das mulheres que sai ate hoje.
- Nossa!! Tantas assim? – Mariana não consegue esconder um tom de ciúmes na voz e Lisa a olha surpreendida.
- Por que a curiosidade Mari?
- Eu... eu... ah sei lá. Acho normal querer saber mais sobre isso. Mas vem cá Lisa. – Mariana se ajeita melhor na cadeira - E minha mãe? Sabia? Por isso vocês cortaram amizade? Porque ela descobriu?
- Mariana, prefiro não falar deste assunto está bem? Não me sinto a vontade de falar de minha vida.
- Hum... – Mariana olha Lisa nos olhos e suspira tentando disfarçar a decepção pela falta de informação. Lisa mantém o olhar fixo no da jovem surpreendida pela profundidade deste. Depois de alguns segundos o desvia. Sentia-se desconcertada com o olhar tão firme e profundo. Isso a assustava, pois por alguns segundos não parecia olhar para os olhos de uma jovem de 15 anos.
- Um dia Mariana posso lhe falar mais sobre isso ok.
- E por que um dia? Acha que poderá me influenciar nas escolhas? Me poupe né Lisa. Eu já sei bem o que quero.
- Mesmo? E o que quer?
Mari fixa novamente os belos olhos verdes nos seus.
- Que minha alma gêmea perceba a minha existência e se conscientize que vim pra ela. Só para ela.
Lisa há olha um pouco descredita.
- Meu Deus Mari! Acredita mesmo nisso de almas gêmeas?
- Acredito Lisa. Totalmente.
- Mas... por acaso já sabe quem é a sua? Parece ter tanta certeza.
- Não vem ao caso né Lisa. Também tenho meus segredos como você. O que sei é que de alguma forma tudo tem que acontecer. Eu sinto! É o destino.
- O destino somos nós que fazemos Mari.
- Não Li, nos temos o livre arbítrio, mas o que viemos para cumprir acontece.
- Ok... Lisa a olha condescendente. – Mas não esqueça que muitas vezes as pessoas se desviam do caminho traçado. Diz imitando um sinal de aspas com os dedos.
- Lisa... Não me pergunte por que, mas eu sei que vai acontecer. É assim... simplesmente acontece. Mari a olha já um pouco impaciente, deixando entrever sua personalidade forte ainda não totalmente moldada pela vida.
- Ok. ok. Mas... e nesse meio tempo? Não vai se envolver com ninguém ate sua... alma gêmea chegar?
Mari se avermelha ligeiramente.
- Não sei... talvez sim... talvez não. Não sei mesmo. Vontade não tenho.
- Está bem Mari. Olha se quer um conselho, não deixe a vida passar só por acreditar nisso. Viva, namore, conheça pessoas diferentes.
- Só? Você disse só? Você não tem direito de menosprezar o que penso Lisa!
- Não quis dizer isso Mari, por favor!
- Não quis, mas disse. Olha você pode não acreditar, mas o destino quando traçado não muda. Pode demorar, mas acontece.
- Tudo bem Mari.
- Tudo bem nada!!! Não peço que acredite só respeite tá!
- Táaaa! Acabou?
Mari ligeiramente emburrada cruza os braços e passa olhar a rosa bem a sua frente. Lisa sorri ligeiramente e toca seus cabelos com carinho.
- Desculpe Mari. Você tem razão. Não tinha o direito de desmerecer o que acredita. Me desculpa?
- Tudo bem... ‘ você me derrete Lisa’ Pensa sufocando o sentimento que expandia em seu peito e extravasava nos belos olhos. Aquecida pelo carinho de Mari, Lisa a abraça e beija os belos cabelos negros.
- Sentirei sua falta pequena feiticeira...
Mariana fecha os olhos conformada e emocionada com o apelido carinhoso. Era a primeira vez que o ouvia. Seu espírito acalenta a certeza que o destino não tardará. Era preciso paciência. Ergue a cabeça e sorri para Lisa.
- Eu também Lisa... eu também...

Luiza aguardava impaciente no saguão do aeroporto. O telefonema de Lisa a pegara de surpresa. Porque esta decidira voltar mais cedo? O que acontecia? Sente as mãos geladas e tremulas e fecha os punhos buscando controlá-las. É quando vê Lisa aparecer a sua frente.
Lisa caminha devagar em direção à mulher amada. Para na sua frente e sorri amorosamente.
- Lu... Eu amo você.
- Como? Lisa... eu...
- Lu... Quer dividir sua vida comigo? Hoje? Agora? Para sempre? Presente e futuro? Preciso de você. Só de você. Sem duvidas, sem receios... inteiramente.
Luiza sente o coração se aquecer.
- Você... tem certeza? Aconteceu algo?
- Sim Lu... aconteceu. Descobri que cansei de viver do passado. Amo meu presente e mais ainda a pessoa que está a meu lado nele.
Deixando o carrinho em que carregava as malas de lado e sem se importar com as pessoas que passavam Lisa abraça Luiza fortemente.
- Você é meu amor Luiza... Você é minha felicidade presente. Você é meu futuro. Amo você. – Ergue a cabeça do colo moreno – Amo você.
E segurando o rosto amado beija-lhe os lábios saudosa. Não importava os olhares críticos e confrontados. Estava nos braços de seu amor.
Luiza a abraça feliz. Não lhe interessa os caminhos que Lisa percorrera as formas que utilizara para se conscientizar de seu amor. Ela a tinha agora por inteiro. Só isso lhe importava. Lisa lhe pertencia... para sempre.

As duas chegam impacientes no prédio que moravam. Luiza ainda no elevador larga a mala de Lisa no chão e a agarra sôfrega. Beija-lhe com ânsia despertando em ambas o desejo. A loira a agarra pelos ombros e geme extasiada, as pernas tremulas. Ansiosa pega a mão de Luiza e a põe entre suas pernas.
- Vê... Sente o desejo que me desperta. Me come amor.
- Safada!! Luiza abre o fecho da calça jeans de Lisa e busca com os dedos seu ponto de prazer.
- Meu Deus amor... quer me deixar louca! Arfa ao sentir o quanto sua mulher estava molhada!
- Quero... vem... me fode... mete em mim mete! Lisa se oferece a bela morena. Um beijo ainda mais profundo acontece. As línguas saudosas do sabor amado não se cansam de dançar embaladas no desejo de seus corpos.
Luiza ergue a blusa de Lisa e afasta o sutiã, beijando-lhe os seios freneticamente Enfia a outra mão no jeans da amada e segura sua nádega com força.
- Você quer é? Então vai ter safada! Você é minha!
- Sou... sua... só sua! Lisa geme alto e roucamente
Tentando ajudar Luiza segura o cós do jeans e o desce até os joelhos.
- Te amo Lu... te amo... vem...
Inesperadamente o elevador para. Em choque, ambas olham as portas se abrirem. Luiza tenta esconder o corpo de Lisa, mas o espelho atrás dela não deixava muito à imaginação.
O casal idoso para encabulado. A mulher chocada não tirava os olhos do espelho que mostrava as mãos de Luiza ainda a segurar o quadril da amada. Encabulada ela as retira e se vira para o casal.
- Er... linda noite não!?
- Que absurdo! Que pouca vergonha é essa? Alfred vamos embora!
O tal Alfred não tirava os olhos do espelho. Sorrindo safado, pisca para Luiza e diz.
- Aproveitem! Tentando ver o rosto de Lisa emenda. – Só se é jovem uma vez!
- Alfred venha já!!! Vou denunciar estas... moças ao condomínio. Pouca vergonha! ALFRED!!!
O velho hesitante e lamentoso solta a porta do elevador que se fecha lentamente. Lisa sai de detrás de Luiza totalmente vermelha.
- Meu Deus... Meu Deus!
Luiza a olha com o rosto serio. Lisa se encontrava com a blusa erguida e a calça abaixada ate os joelhos expondo a calcinha vermelha transparente. Lentamente o rosto vai se transformando e ela solta uma gargalhada estrondosa. Lisa a olha indignada, mas logo faz coro com a amada. As duas se abraçam fortemente. Nunca a vida lhes parecera tão maravilhosa!!

Não importa o que o passado fez de mim. Importa é o que farei com o que o passado fez de mim.
 (autor desconhecido).

sábado, 24 de outubro de 2009

Capítulo XVIII


A sexta amanhecera chuvosa. Joyce caminha pelas ruas do bairro resmungando. Fora uma semana péssima. Tudo dando errado. O olhar se torna ainda mais revoltado ao lembrar a noite de sexta com Lisa. Tudo corria bem até ela dar aquele showzinho bem típico dela. Pior; ver a filha chegar no dia seguinte toda feliz por causa dela... Isso mesmo!!! Ela! Lisa! E para terminar receber um telefonema do desaforado, mal humorado de seu marido dizendo que voltaria sábado e não domingo como o previsto.
Pisa em uma poça de água e grita revoltada. ‘Que dia!! Que dia!! QUE SEMANA!’
Joyce não admitiria nem por jura brava que todo seu nervo era frustração. Ter Lisa nos braços e não tê-la era desesperador. ‘Tudo bem assumo. Lisa é meu ponto fraco, minha sina, meu desejo. Praga!!! Praga!!! Praga!!!’ Passa as mãos pelo cabelo respirando angustiada.
- Ei Jô curtindo o solzinho?
A morena olha surpreendida para trás e dá de cara com Marcos pai de Lisa.
- Oi Marcos! O tempo está ingrato demais. - ‘ Se bem que combina com minha vida’
- Verdade. Custei a querer sair da cama. Mas ainda assim vou ter que ir a Lagoa Santa no sitio. Deixei varias coisas ao ar livre e com esta chuva... Mas e você? Que faz?
- Deixei o carro na oficina. Ele está esquentando. Pedi uma revisão. Como é perto resolvi voltar andando. Mas Marcos, você vai agora pro sitio?
- Já tô saindo. Só fui ali no João pegar minhas ferramentas – Diz sorrindo e erguendo ligeiramente o braço a mostrar as mesmas.
- Ah, legal... e... vai sozinho?
- Joyce até parece que não conhece Paula – Marcos gargalha – Vou com minha mulher a tiracolo. – O ar dramático e fingido esconde o orgulho e prazer que tem pela compania da esposa.
- Mas... e Lisa? Não vai?
- Não, Lisa resolveu que a tarde vai visitar umas amigas por ai. Eu sinceramente, com este tempo, também não ia querer ir a um sitio.
Joyce tenta esconder o empolgue.
- Bom!!! Quer dizer... bom, boa viagem Marcos. Volta hoje ainda né.
- Não sei Jô... talvez. Vamos ver o que encontro por lá. Se cuide e beijos na afilhada.
- Ok... Darei vários... se ela deixar. Rindo e esquecida do mau humor Joyce segue seu caminho. Um plano começava a traçar na sua mente.
Chega à casa ansiosa e corre para o quarto. Tira toda a roupa e entra debaixo do chuveiro. Ali permanece por longos minutos. Veste-se informalmente e coloca uma suave maquiagem. ‘ Tudo bem natural, ao acaso. Apenas não fui trabalhar hoje, só isso. ’
Com um sorriso safado e ligeiramente irônico se olha no espelho. ‘Perfeito’.
Pega a bolsa, sai do quarto, cumprimenta rapidamente a babá das crianças e sai para a rua em direção a casa de Marcos e Paula.
Já ia tocar a campainha quando o portão abre-se repentinamente.
- Marcos! Que susto! Põe a mão sobre o coração, os olhos arregalados.
- Oh, olá Joyce. Já estávamos de saída. Diz apontando o carro do outro lado da esquina, cujo assento de passageiro encontrava-se Paula. Ligeiramente avermelhada Jô dá um aceno tímido para ela que com ar preocupado, mas simpático retribui.
- Bom Marcos, eu... Na verdade, eu vim conversar com Lisa.
- Algo sério?
Marcos relanceia um olhar para Paula e sente um aperto no coração. Uma ânsia de ficar se faz presente, mas ao mesmo tempo encara a situação como algo que Lisa, sua filha, deve resolver. Já era mais que tempo elas definirem a situação.
- Não... eu... é sobre Mariana. Não quero ser motivo para que elas se afastem.
- Ah sei... bom, entre de uma vez então Jô. Você sabe onde fica a chave reserva. Lisa ainda está dormindo. Temos mesmo que ir antes que caia outra tempestade.
Marcos atravessa a rua, entra no carro e antes que a esposa abra a boca diz.
- Paula, elas que são adultas que se entendam.
- Mas Marcos, Lisa será pega de surpresa. Não é correto.
- Talvez seja o melhor. Deus faz as oportunidades. Cabe a nós fazermos valer à pena.
Paula silencia. Talvez Marcos esteja certo. Às vezes o melhor é lavar as mãos e deixar os filhos enfrentarem seus dilemas.

Com o coração aos pulos Jô adentra a casa dos pais de Lisa. Respira fundo várias vezes tentando se acalmar e devagar caminha em direção ao antigo quarto da loira. Ao entrar estaca emocionada. Lisa dormia tranquilamente, a expressão do rosto totalmente relaxada. A boca úmida e entreaberta convida a beijos apaixonados. Devagar se aproxima da cama sussurrando baixinho o nome do antigo amor. Lisa inconsciente se mexe sobre a cama colocando-se de bruços e expondo as costas nuas. O coração de Jô dispara. ‘Ela estava nua!’. O lençol a cobria até a cintura expondo a suavidade das costas delicadas. Devagar quase com referencia Jô a toca, deslizando os dedos por sua coluna. Lisa geme suavemente. Sem conseguir se conter Jô senta-se a beira da cama e, suspirando, desliza agora as duas mãos pelo corpo desejado. Passa as mãos pela lateral do corpo de Lisa sentindo o contorno dos seios. Sem pensar se é certo ou errado afasta o lençol e não consegue conter o gemido rouco ante a visão da nudez de Lisa. Fascinada não consegue desviar o olhar do corpo perfeito. Sentindo uma emoção há muito tempo esquecida, toca as nádegas de Lisa as apertando com delicadeza. Esta afasta ligeiramente as pernas, quase inconscientemente. Joyce não consegue tirar o olhar da loira indefesa e exposta e suavemente adentra a mão por entre as pernas de Lisa a tocando intimamente. Lisa dá outro gemido e suavemente abre as pernas como a permitir um toque ainda mais profundo. Isso descontrola totalmente Joyce que se inclinando sobre a outra começa a distribuir beijos pelas costas amadas. Lisa geme mais alto ao sentir a língua deslizar por toda a extensão de seu corpo e vira-se para cima abraçando a morena. O beijo inevitável estremece os corpos insaciados e imediatamente Jô se põe sobre Lisa esfregando seu corpo no dela. Desliza os lábios ate alçar os seios rosados e os chupa enlouquecida. Tinha Lisa novamente nos braços.
Lisa gemia enlouquecida. Que sonho maravilhoso estava tendo. Luiza deslizava as mãos por seu corpo e a beijava enlouquecida. Seus seios eram degustados quase com desespero e ela os oferecia ansiosa pela satisfação que não tardaria. Abraça a amada e sussurra sedutora.
- Me come amor... Me faz sua... Me mostra seu desejo.
Joyce, sem acreditar no que acontecia, desce a boca até o sexo da loira e a chupa. Como era maravilhoso sentir o gosto de Lisa. Nunca esquecera este sabor. Geme baixinho e a saboreia por longos minutos antes de colocar língua dentro de Lisa.
Esta suspira extasiada.
Joyce se ergue novamente em direção a boca de Lisa e a beija apaixonadamente. Toca-a intimamente e quando a penetra Lisa não consegue conter o grito.
- Lu!!! Ah Lu, que saudade amor!
Abre os olhos a querer ver o rosto moreno transformado pela paixão e arregala os olhos em choque.
- JÔ!!!
Joyce decepcionada e angustiada sente o coração sangrar ao ver a expressão horrorizada da loira.
Com um grito, agora revoltado e desesperado, Lisa tira os dedos da morena de dentro de si e impulsiona o corpo para cima, atirando Joyce que estava desprevenida no chão.
Enrola-se no lençol e ergue-se da cama encostando-se nervosa no armário às suas costas.
- Você é louca? Que estava fazendo? Saia de meu quarto!!
Joyce se levanta do chão ainda mais nervosa.
- Louca é você! Como ousa dizer o nome de outra ante meu toque?
Lisa a olha abobada e revoltada.
- Porque para mim era a ‘outra’, que por acaso é minha namorada, que me tocava!
Joyce engole em seco e passa as mãos nos cabelos negros. Lisa acompanha seu gesto ainda mais nervosa. A morena era tão linda que às vezes isso lhe parecia um afronta a força de vontade de não ceder.
- Saia de meu quarto Jô. Agora!
- Sair? SAIR? Você quer que eu fique Lisa! E sabe disso. Você pode negar muitas vezes, quantas quiser, mas você adora meu toque. – Joyce tenta esconder a decepção que sentia em pensar que Lisa gemia, não para ela, mas sim para a... outra.
- Seu toque!! Você abusou de mim! Aproveitou que eu dormia! Meu Deus Jô, não imaginei que descesse tão baixo. Esfrega a mão na testa quase deixando o lençol deslizar sobre o corpo. O segura mais forte ao ver os olhos negros se desviarem para seus seios.
- Saia daqui!!!!!
Joyce se aproxima dela ainda angustiada.
- Sei que o que fiz não foi correto Li, mas... Você estava tão linda dormindo... tão... você. Eu... – Passa novamente as mãos tremulas no cabelo – Eu não resisti. Precisava tocá-la.
Lisa suspira tensa. Aperta as pernas e sente revoltada o quanto estava molhada.
- Lisa... Olha – Jô ergue as mãos – eu to entregue. Eu tô aqui me expondo para você. Tudo bem, eu errei, mas... está além de mim. Eu... ainda amo você.
Lisa a olha ainda mais chocada.
- O que???
- Eu... nunca esqueci você Lisa. E Deus sabe o quanto tentei. Seu toque... seu corpo... – Ergue a mão e desliza os dedos pelo colo de Lisa. – Tão suave... tão... certo.
Lisa fecha os olhos ante as palavras sussurradas suavemente e o toque delicado. Sente o corpo estremecer quando Jô segura sua mãos.
- Você é maravilhosa Loirinha. Te quero tanto!
O lençol desliza para o chão expondo mais uma vez a nudez de Lisa. Joyce sorri deliciada e então aperta os seios claros.
- Você está gostando não é? Adora ser tocada nos seios. Sempre gostou. – lambe os biquinhos rígidos. – São deliciosos... Que saudade nossa!!
Lisa espalma as mãos no armário atrás de si e geme ao sentir os lábios de Jô descerem por seu corpo. Esta se ajoelha diante dela e começa a sugar entre gemidos roucos o clitóris inchado da loira.
- Li... Li...
Sem se conter Lisa começa a movimentar os quadris. Joyce se ergue e novamente aperta os seios maravilhados. Ansiosa a penetra com os dedos e suspira ao sentir o interior tão úmido e sequioso. Era tão bom! Tão bom! Sorri vitoriosa e cheia de prazer.
- Vê Li... não adianta lutar. Você me pertence. Você sempre será minha!
Ao escutar as palavras Lisa sente um baque no coração. Abre os olhos e cessa os movimentos do corpo. Joyce sem se aperceber da quietude repentina da loira continua a tocá-la apaixonadamente.
- Li... Li... – sussurra e a olha apaixonadamente. O olhar de Lisa estava claro. Tão claro quanto se lembrava quando a vira partir a tantos anos atrás. Seu coração se desespera ante este olhar. Nunca o passado se fizera tão presente.
- Lisa? NÃO!! Lisa você é minha!
Agarra a loira em desespero, a beija enlouquecida e a penetra ainda mais profundamente. Lisa começa a se debater em seus braços.
- Me solte! Me deixe!
- NÃO!!! Não de novo! Você não vai me deixar! Você é minha Li!!!!
- Joyce! Me solte!
Consegue se libertar dos braços morenos e coloca uma distancia segura entre elas. Jô imediatamente se apoia no armário começando um choro sentido.
Lisa a observa em silencio. O coração antes tão magoado começa a se acalmar. Devagar caminha em direção à mala, de onde tira um vestido de verão que põe sobre o corpo nu.
Suspirando senta-se sobre a cama.
- Jô... Precisamos conversar.
- Não... Lisa... de novo não... você não pode...
Lisa tensa esfrega os dedos na testa e ergue o olhar para a morena que a observava agora numa pose de total derrota. Nunca o silencio dissera tanto entre elas. Quando Jô dissera que lhe pertencia Lisa imediatamente sentira o coração gelar. Esta a sua frente não era sua “dona”. O rosto de Luiza surgira ante seus olhos e o corpo todo esfriara, a paixão por Jô toda se esvaíra. Finalmente mente corpo e coração se uniam na certeza que somente uma mulher poderia satisfazer todos os seus desejos, ânsias e paixões. Somente uma mulher poderia completá-la e a fazer a mulher mais feliz do mundo. A felicidade lhe pertencia e nunca isso lhe estivera tão claro e presente em sua vida. Luiza era sua amiga, sua amante, seu AMOR. O desejo por Jô se fora... assim como se fora todo o passado.
O olhar de Lisa mais uma vez feria o coração de Joyce. Tão claro, mas com uma luz diferente. Joyce sente mais uma vez as lágrimas virem aos olhos. Estava derrotada. Não mais lhe importava Lisa ver isso. Olha novamente para Lisa que a olhando com um misto de pena e certeza.
- Não me olhe assim!!!! NÃO ME OLHE ASSIM! Lisa! Eu te amo!
- Não Jô, você não me ama. Você só ama a si mesma. E sabe... Acho que apesar de tudo você é feliz assim.
- Não é verdade! Lisa... Você sabe que gosta de meus toques.
- Não é que goste Jô. Na verdade eu estava presa ao passado. Você é uma pessoa única e marcante em minha vida. – Olha para a morena na certeza de suas palavras – Jô, nunca poderei negar que te amei. Mas como a adolescente que fui e não como a mulher que sou hoje. Esta mulher já tem um amor que a completa e realiza.
Joyce sente os ombros pesarem nas costas. Parecia que toda sua energia esvaia do corpo. Caminha devagar até a cama e se senta derrotada ao lado de Lisa que delicadamente lhe segura as mãos.
- Jô... finalmente o passado está onde deve estar. Você é linda, mas não é meu amor. Não mais.
- Você... Lisa... você gemeu em meus braços... você me quis.
- Não posso negar isso. Sabe... eu não conseguia separar as coisas. Passado, presente, tudo parecia a mesma coisa dentro de mim. Na verdade eu queria resgatar a gente, o que tivemos. O que não percebia era que isso é impossível. Porque não somos mais as mesmas não é?
- Fale por você Lisa! Continue! Tente se enganar! Você sabe que tudo isso é ilusão de sua mente! Nunca aceitará né! Nunca aceitará que sou eu que te farei feliz!
- Jô... Jô... – Lisa a olha tristemente. Era incrível como a conscientização de um sentimento fazia com que toda a paixão fosse embora. Era como se de repente ela se torna-se Joyce... simplesmente. A amiga de infância, a companheira de brincadeiras. A paixão sumira e com isso resgatara os sentimentos de carinho e afeto.
- Jô... eu... gosto de você. Mas não mais como amante, como... companheira. Você é minha amiga!
- NÃO QUERO SUA AMIZADE!! QUERO SEU AMOR!
- Que amor Jô? Um amor omisso, escondido, do qual se envergonha?
- Não é assim... Você não entende!
- Entendo melhor que pensa Jô. Olha, está na hora de nos focarmos em quem verdadeiramente amamos ou queremos. Volte pra casa, converse com seu marido, me esqueça, esqueça o passado. Não sou mais parte de você e nem você de mim.
Joyce sente o coração estremecer. As palavras de Lisa eram tão definitivas! Tinha vontade de agarrá-la, mostrar que suas palavras eram vazias, superficiais. Mas era como se a loira tivesse erguido uma barreira invisível sobre seu corpo. Sentia-se intimidada, insegura, perdida. Todo o poder que acreditava ter sobre os sentimentos da outra, pareciam agora fantasias de sua mente. Solta as mãos das de Lisa e abraça o próprio corpo balançando-se para frente e para trás.
- Jô... Para com isso! Lisa sentia o coração apertar. Mesmo ela não conseguia entender tudo que acontecera. Como que diante da paixão pela outra, viera a certeza que não a amava, não a queria.
Nunca se sentira tão leve na vida, tão certa sobre qual caminha deveria trilhar. O pensamento se volta para Luiza. Precisava tanto vê-la, contar seu amor, suas verdades.
- Vou embora.
Lisa desperta de seus pensamentos e observa Joyce se erguer da cama e caminhar tropegamente em direção a porta.
- Jô, espera! Não vai assim. Vamos conversar.
- Apenas me deixe ir Lisa. Apenas... Me deixe partir.
E sai, fechando a porta devagar. O coração parecia querer explodir no peito de tanta dor. Viera à casa de Lisa com a certeza que conseguiria tudo dela. Seu corpo, sua mente, seu amor. E saia com a certeza que a perdera. Não havia como explicar isso. A postura do olhar, do corpo de Lisa, tudo a colocava fora de seu alcance. A paixão não superava um amor verdadeiro essa era a verdade. Usara o passado para seduzi-la e saia com um presente sombrio. Olha para trás, para a porta fechada e sente mais uma vez os olhos se encherem de lagrimas. Nunca o amor em seu coração fora tão verdadeiro. E por isso partia.
Lisa ouve os passos se afastarem. Suspira triste e ao mesmo tempo aliviada. Um sentimento de alegria e tristeza dentro de si se faz presente. Alegria por redescobrir em Joyce, seu amor do passado, a amiga verdadeira e única. Vê-la sem magoas e sem dor. Era como recuperar o melhor do passado sem ter que vivenciá-lo a cada dia. E tristeza por permitir que toda a magoa e dor as fizesse perder o melhor de ambas. A amizade e o carinho de toda uma vida.
Um momento único e derradeiro sentido de formas tão diferentes por ambas.
Lisa, pensativa e extasiada, se alegrava com a certeza de seu amor por Luiza e com a nova historia de amor que construiriam juntas. Suspira suavemente e olha o relógio. Será que ainda haveria tempo de trocar a passagem e antecipar a volta para São Paulo?
Joyce, derrotada e infeliz, caminha pela calçada com a certeza que nunca mais teria seu amor nos braços. Para e olha para trás, para a casa que acabara de deixar. Fora momentos tão bons... Tão únicos. Seriam gravados para sempre em seu coração. Suspira como que conformada. Volta a caminhar cabisbaixa e observa o traçado uniforme e reto das pedras que pisava. Era um caminho certo, com destino único. Igual o destino que ela escolhera e que traçaria para sempre em sua vida.

A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.
(Mark Twain)