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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Capítulo XIII

Joyce engole em seco e instintivamente dá um passo para trás buscando apoio em Lisa. Luiza com um sorriso irônico dá mais um passo a frente.
- Ok. ok. Não preciso ser apresentada. – Estende a mão para Joyce – Acredito que seja a mãe da aniversariante não!?
Joyce olha a mão estendida à sua pessoa com receio. De lado observa a expressão de Lisa se transformar de surpresa para divertida diante de sua reação cautelosa. Com arrogância aperta a mão da outra morena.
- Sim... Por acaso sou. – Tenta soltar a mão, mas sente esta presa pela outra. - E também a sem vergonha que por acaso estava dando em cima de minha namorada – O sorriso de Luiza se torna ainda mais frio e o olhar mais ameaçador.
- Eu... Você está enganada. - O coração de Joyce dispara e o medo toma conta de suas feições ao sentir o aperto cada vez mais forte na mão. – Lisa... diga a ela que não dei em cima de você!
- Lisa não tem que dizer nada querida... Tenho olhos e ouvidos. - Faz um silencio intimidador e logo após solta a mão de Joyce que a esfrega tensa. - Agradeça eu ter classe e não querer estragar o momento de uma jovem tão querida à família de Lisa. Mas... Entenda bem... Se você ousar se insinuar a minha mulher novamente não respeitarei momento, lugar ou pessoa.
Estende a mão a Lisa que a segura surpreendida diante da situação que se vislumbrava a sua frente. Os olhos bem abertos denotavam não querer perder nem por um segundo o embate das duas. Sentia- se estranha e calma, sem vontade de impedir em nada o que acontecia entre as duas morenas.
- Alias – Luiza sorri ainda mais arrogante – A festa está linda. Parabéns.
As duas se retiram do toalete deixando uma Joyce pálida e tremula para trás.
- Luiza do céu! Precisava tudo aquilo!
- Foi pouco Lisa... Muito pouco. O olhar de Luiza estava frio e tenso. Para por um momento e vira-se para Lisa. - Você baqueou diante dela.
- Eu? Não!! Eu... Lu... eu senti o passado voltar dentro de mim mas só por alguns segundos. Jô sempre será a mulher egoísta que deixei para trás. Ela é o passado, não meu presente e muito menos meu futuro! Luiza observa atentamente Lisa e depois num leve balancear da cabeça retorna o caminho interrompido. - É o que espero Lisa... É só o que espero.
Lisa observa a morena se afastar e a apreensão toma conta de si. Não queria e não podia perder Luiza.
‘Você estragou minha vida uma vez Joyce... Não permitirei que o faça novamente’ Acelera os passos e delicadamente põe as mãos nas costas morenas num ligeiro carinho.
- Lu, por favor, não permita que ela coloque duvidas em sua cabeça. Por favor... eu... é você que eu quero.
- Lisa... Olha, temos uma festa para curtir. Não vamos deixar que nada estrague este momento ok. Depois conversamos. E segue em frente sem mais palavras.
- LISA!
Lisa já estava ao lado dos pais quanto ouve o chamado. Olha para trás e lá estava ela... sua Mari!!
- Mari! Nossa como você está linda!!
- Lisa! Mariana a abraça forte. – Eu sabia que você viria! Eu sabia!
As duas não se soltam. Lisa feliz aperta ainda mais a cintura delicada de Mari como a não acreditar que a tinha nos braços e esta feliz agradecia a Deus ter trazido sua Lisa para ela.
- Mari, você está linda menina!
- Vindo de você Lisa é o maior elogio! Mas... não vai me apresentar? Diz se virando para Luiza.
- Claro, Luiza, Mari, Mari, Luiza.
Luiza estende a mão para a outra.
- Linda festa Mari. É um prazer estar aqui.
O sorriso vem fácil a seus lábios e olhos. Não sabia bem porque, mas simpatizara com a jovem mulher. Seus olhos atentos observam a beleza que despontava naquele corpo adolescente e ao encarar os belíssimos olhos verdes percebe ali uma alma verdadeira e sincera. Olha para Lisa e vê nos olhos da amada uma claridade jamais vista. ‘Um belo encontro de almas. ’ Não sentia ciúmes da jovem. Não via perigo em relação a ela. A história entre elas – Lisa e Mariana - não lhe pertencia e não interferiria na sua com Lisa. Tinha plena convicção disso.
Mariana sorri educada para a convidada de Lisa. Era bonita e simpática apesar da pose esnobe. Encolhe o ombro, uma tristeza se instala em seu coração. Era a hora errada, seu lugar não era ali naquele momento. Olha de novo para Lisa que dirigia um sorriso luminoso e agradecido a morena. ‘ Lisa... será que um dia terei minha chance?’. Retorna o foco de sua atenção a Luiza que lhe dirigia um olhar compreensivo. Sentiu o coração palpitar. Ela parecia saber demais.
- Lisa... eu... queria que soubesse que sua presença faz muita diferença pra mim... muita mesmo.
- Eu sei Mari... por isso vim. As duas se abraçam novamente.
- Gente olha quem veio prestigiar a pimentinha!
Um belo homem chegava de braços dados com uma simpática mulher.
- Junior! Lisa abraça o irmão feliz. - Que saudade seu tratão! Disse que ia me visitar e necas.
- Calma mana, para de babar em mim. - Abraça Mariana carinhoso e sorri a irmã - Não tive tempo ué. Mas não vai...hum...não vai me apresentar sua amiga?
- Mal educado. Ei Alice, ainda não conseguiu por meu irmão na linha? Troca três beijinhos com a cunhada.
- De forma alguma Lisa. Adoro estes momentos descontraídos de Junior. Ele tem mais é que perder a seriedade. Olhava curiosa a mulher que permanecia sentada à mesa.
- Junior, Alice, esta é Luiza... uma médica que trabalha junto comigo.
- Médica??? Amor acho que vou ficar doente. Sorri divertido e se inclina um pouco segurando a mão elegante de Luiza. – Prazer bela mulher. Sorri lhe dando um beijo suave e cavalheiro na mão.
- Mas que marido é esse? Desaforado!! Não, não se levante Luiza. - Alice arregala os olhos. - Já está em minha altura sentada. Ave Maria. Quem dera tivesse essa sua altura. Junior ia andar fininho comigo. Alice ri divertida.
- Como se não andasse – Marcos ri diante do próprio comentário e olha o filho divertido.
Mariana gargalha diante do olhar assassino que Junior direciona ao pai. As provocações continuam. Lisa ria e participava das brincadeiras. Uma família e tanto pensa Luiza encantada. Junior, irmão de Lisa, a tratara de forma brincalhona e natural e seu olhar apesar de admirado não dizia mais nada a não ser uma clara aceitação de sua pessoa. E Alice sua esposa era divertida e palhaça. Simpáticos, muito simpáticos.
- Ah mãe, Fernando não vem. – Junior vira-se para Mariana - Pediu para dar suas desculpas Mari, mas infelizmente o clube não o liberou de vir.
- Ele está em Salvador né.
- Está sim. Vida de treinador é barra!
- O que importa é que esteja feliz.
Um rapaz loiro e bonito se aproxima da mesa.
- Mari, você pode vir aqui? As meninas estão cheia de dúvidas na entrada pra valsa.
- Claro Peter. Bom gente dá uma licença tá. - Olha Lisa que lhe sorri doce. – Eu volto tá.
- Vai lá Mari, estarei aqui. Observa os dois jovens que se retiram. Um belo casal. ‘ Será que eram namoradinhos?’
- Ela é linda Lisa.
- Como Lu?
- Eu disse que Mariana é linda.
- Demais né amor? Eu sou fascinada com a beleza dela. Viu os olhos dela? Que cor!!
- Sim... lembra muito a mãe.
- Joyce? De forma alguma! Mari é muito mais bonita, mais tudo!
- Pode ser... mas puxou a beleza da mãe. - Lisa se vira para Luiza.
- Quer me irritar? É isso?
- Acalma loira que sua ex vem ai.
Lisa sente o coração gelar. Vira-se lentamente na cadeira. Joyce aproximava-se encarando - as altiva. Um silencia estrondoso se fez na mesa antes divertida. Todos observam a troca de olhar entre elas. Joyce com seus olhos negros expressava claramente o desgosto da presença de Lisa. E esta com os belos olhos cor de mel claros a olha fria.
- Lisa. Quanto tempo. Que... surpresa vê-la aqui.
Lisa se surpreende com a atitude de Joyce. ‘ Como assim surpresa?’ Percebia que Joyce agia como se só a encontra-se nesse momento Relance-a o olhar para Luiza que se mantinha séria e calma apesar do olhar irônico dirigido a Jô que a ignorava.
- Olá Joyce. Tem razão... é muito tempo. - ‘ Preciso me controlar’.
É quando sente uma mão tocar com carinho a sua. Luiza estava seu lado. Joyce coloca-se ao lado do marido, mas não se senta à mesa. Olha para Luiza e com um olhar frio e controlado diz:
- Não vai nos apresentar sua amiga?
Luiza então se ergue tranquilamente e se põe frente a frente com Jô.
- Luiza. Ergue a mão arrogante em direção a Joyce que novamente se encolhe intimidada com a altura da outra. Cautelosa Jô lhe segura a mão.
- Você é alta Luiza.
- Um pouco mais de 1.80m. Solta – lhe a mão educadamente
- Fiquei... Surpresa. Desculpe-me se lhe pareci indiscreta.
- Sem problema. Estou acostumada às pessoas surpreenderem com minha altura.
- Pois é... Sabe, mulheres como você não deviam usar salto.
- Por quê? Minha altura a intimida?
- Não. É apenas uma questão de bom senso. Salto alto não combina com mulheres altas.
- Bem... Joyce. Você está equivocada. Salto combina com toda e qualquer mulher que se sente bem com sua própria beleza e postura diante da vida. Repare bem... estou mais a vontade com os meus saltos que você com os seus.
Joyce estreita o olhar diante da frase da outra.
- Engano seu Luiza.
Joyce se senta na cadeira ao lado do marido. Sentia-se cansada física e mentalmente.
- Mas realmente não importa não é? Salto é salto. Se você está à vontade é o que importa.
- Com certeza.
As duas se encaram fixadamente. Lisa, encabulada com o clima, começa a puxar assunto com Junior e logo toda a mesa debatia sobre a política brasileira. Joyce não conseguia tirar os olhos de Lisa. Carlos não tirava os olhos de Luiza. Junior calado observava toda a situação. Volta o olhar para o pai que com um olhar sério meneia a cabeça. Problemas a vista.

Mari caminha lentamente de volta a mesa dos pais. De longe percebia claramente o clima pesado. ‘ Basta minha mãe chegar e tudo merda. Saco. ’
- Lisa? Toca ligeiramente o ombro da loira
- Oi Mari? Senta aqui a meu lado!
Mari sorri e senta-se sem cerimônia entre Lisa e Luiza. Pela primeira vez na noite Jô se sente vingada. Sorri irônica e se vira para dar um beijo rápido em Carlos.
- Que foi querida?
- Nada Carlos. Deu vontade. Tudo está correndo bem né!
- Está sim.
- Reparei que não tira os olhos da morena amiga de Lisa. Carlos avermelha
- Er... Ela é bem imponente. Mas não veja isso com maldade.
- Claro que não amor... Ate porque ela é sapata... Nem olharia para você. – Sorri lhe dá outro beijinho, e se volta para conversar com Paula. Tudo sem perder a atenção em Lisa e Mari.
Carlos engole em seco e volta novamente o olhar para Luiza que sorria e conversava com Marcos e Junior. ‘Sapata? Porra será que elas são amantes? Que desperdício! Isso é porque ainda não conheceu o poder de um bom pau! Quem me dera poder lhe mostrar o verdadeiro prazer’ Frustrado toma um gole longo da bebida. Passa a mão sobre o ombro da esposa e suspira. A noite ia ser longa.
Lisa observa Carlos dançar a valsa com Mari. Como ela estava linda! Sorri quando ocorre a troca de par e vê o amigo da jovem a pegar desajeitadamente nos braços. ‘Estranho... não passei por isso’. As nossas opções muitas vezes não nos permitem vivenciar alguns momentos
de nossa juventude.
- Tudo bem Li?
- Tudo Lu... Melhor que eu imaginava.
Joyce, depois do primeiro momento, não mais se aproximara delas. Na mesa se manteve educada e na dela. Passado o primeiro momento de mal estar todos souberam lidar bem com a situação constrangedora. E também Mari, com sua alegria e emoção de estar ao lado daquela que muito admirava, impedia qualquer atitude mais infeliz entre ela e Joyce. Antes de tudo Mari.
A noite seguiu festiva. Já eram 3 h quando decidiram embora.
- Lisa! Você não vai embora logo vai? Quer dizer, de BH.
Lisa se vira para Mari e percebe que esta se aproximava junto com a mãe. As duas evitam se olhar.
- Bem Mari, eu ainda fico esta semana. Consegui uns dias na clinica. Mas Luiza terá que voltar infelizmente.
- Serio? Uau! Que legal!! Vamos sair conversar!! – Passado o primeiro momento de euforia Mari se volta sem graça para Luiza. – Nossa desculpe... Eu queria também que ficasse... Mas olha, numa próxima eu levo você em todos os passeios turísticos de BH falou?
Luiza ri achando graça.
- Eu entendi você Mari. Tranquiliza. Infelizmente não poderei mesmo ficar, mas não dispenso a oferta numa próxima. Isso, claro, se sua mãe deixar. – E olha Jô com fingida seriedade.
- Na época vemos. - Jô sorri educadamente. – Foi... Um prazer recebê-las na festa.
Prazer maior era o calor que sentira por dentro ao saber que Lisa ficaria mais uns dias em BH. ‘Mostre seus 32 dentes Jô e seja educada. Depois você decifra esse calor e pensa em tudo que ocorrera na noite. No momento se atenha a dispensar esse poste. ’
Já no hotel, da varanda, Luiza olha para o céu estrelado. Não fora tão horrível quanto pensara.
- Lu? Acho que precisamos conversar.
Ao ouvir a frase Luiza suspira e se vira para Lisa.
- Eu sei amor... Podemos nos sentar?

 "Digno de admiração é aquele que, tendo tropeçado ao dar o primeiro passo, levanta-se e segue em frente.”
(Carlos Fox)

3 comentários:

  1. ai ai ai ai ai...
    caramba...
    q suspense...
    isso mata a gente..rsrs
    mais ta mt bom...
    uma delicia de historia...
    parece q o clima vai esquentaR..RSRS
    só espero q a Lisa nao saia ferida como da ultima vez em q esteve com Jô...
    tadinha..rsrs

    Parabens minha querida...
    amei como sempre..
    beijokassss

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  2. uau, qz q a festa pega fogo, mas acho q o q vira sera ainda mais qnte. esta tudo otimo.
    bjin

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  3. Nosssssa , não tenho nem mais palavras pra te falar de como sua estória é MARAVILHOSA. Demora a posta, mais quando posta é de tirar o fôlego. Torço muito pela felicidade de Lisa.

    PS: Fiquei muito feliz por saber que posso comentar no seu blog, pq não quero deixar de ler sua estória, que tanto me faz bem.
    Continue assim sendo esta pessoa tão maravilhosa.
    Beijos.
    Beijos pra Bruna.

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