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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Capítulo IV

- Lisa!! Lisa olha para trás ao ouvir seu nome. Luiza vinha com passos acelerados em sua direção. Sente a respiração acelerar e observa a morena. Como era elegante com aquele andar arrogante, confiante de quem sabe que impõe, cativa, domina.
- Obrigada por esperar Lisa. A médica um pouco ofegante pela marcha acelerada respira fundo e se apoia em seu braço. Sente um formigamento tomar conta de todo o seu lado direito. ‘ Que isso gente? Pare Lisa ela nem é seu tipo’
- Pois não Luiza? Percebe tensa que sua voz saiu meio tremula A morena a observa séria e Lisa instintivamente desce os olhos para a covinha em seu queixo. Que vontade de dar uma lambida, pensa sonhadora.
- Lisa me ouviu?
- Ah?
- Você aceita ir?
- Aceitar? Aceito tudo!
- Lisa você esta bem?
- Maravilhosa!
- Lisa você bebeu? Luiza lhe dá uma ligeira sacolejada.
- Claro! Esfrega a testa nervosa e... excitada, percebe arregalando os olhos. – Eu... vou aonde mesmo? A médica a olha assustada.
- A festa em meu novo apartamento. Vou fazer tipo uma inauguração na sexta de vem.
- Serio? Puxa! Legal! Eu vou claro. A morena começa a rir. Lisa lhe parecia uma linda bobinha ali meio perdida, com um olhar inseguro e porque não dizer infantil.
- Luiza posso te fazer uma pergunta?
- Claro – sorriu - apesar de que eu que deveria as estar fazendo diante de sua atitude – responde com um olhar meio sedutor.
- Qual sua altura? E sua idade?
- Fez duas. Diz Luiza erguendo uma sobrancelha
- Aff.
- Calma Lisa... menina, você é muito esquentada. Tenho 40 anos e 1 81 cm e excelentes antecedentes. Quer também o numero de minha CI? Diz um tanto irônica. Lisa a olha ainda meio sem ação.
- Não, não precisa. Estarei lá.
Retoma seu caminho se sentindo fora do corpo. Não gostara nada das sensações de seu corpo na presença da morena. E aquele olhar? Nossa! NÃO! Nada de pensar na médica desta forma. Balança a cabeça vigorosamente. Sentia-a como uma ameaça a sua postura de vida e não queria de forma alguma mudanças nela.

Luiza, meio rindo, observa Lisa afastar totalmente distraída. Observa quando ela balança a cabeça numa negativa veemente. Percebera que de alguma forma atingira a loira. Sorri satisfeita. Com sua experiência percebera que ela gostava de mulheres. Seus olhares aos corpos femininos não a enganavam e a forma que há olhara uns minutos antes fora totalmente revelador. Com um pouco de paciência - e isso ela tinha de sobra - ela logo teria Lisa em seus braços.

- Burra! Idiota! Retardada! Ignóbil! Débil!!
 - Uau Doutora! Ninguém saberia expressar meu sentimento em relação à equipe medica desta clinica com tanta clareza.
Lisa levanta os olhos para cima erguendo os braços num ar de enfado e com uma postura irônica vira o corpo para trás.
- Com certeza seu problema não é audição. Deise ri divertida e simula estar se preparando para uma luta de Box.
- Olha lá em doutora! Já consigo me defender de uma boa briga!
Interessante como ela não a questionara do porque estar se xingando, pensa Lisa
- Não abuse menina! Fala, sem perceber que sua conduta se amaciara e seu olhar se tornara mais meigo. - Parece que a dor diminuiu bastante.
- Bom – A ruiva coça a cabeça - Entreguei pra Deus. Tudo que quero agora é voltar a tocar meu violão e voltar a minha vida normal. Diz erguendo ligeiramente a mão e olhando-a pensativa. – Na verdade o tratamento da Doutora Luiza é uma benção. No inicio era complicado. Mas agora...
- Fico feliz Deise – olha o relógio – não sabia que tocava violão... Mas porque esta até esta hora na clinica? Deise a olha agora sem o ar brincalhão.
- Já não consigo tocar... apesar que estou sempre tentando. Mas dói muito ainda. Quanto a sua pergunta estou sem vontade nenhuma de ir pra casa. Alias minto... estou morrendo de vontade de ir pra casa que, não sei se sabe, não é esta cidade infernal, bagunçada e barulhenta. Já não suporto esse barulho.
- Não exagera Deise! SP é uma cidade alegre e cheia de atrativos. Mas onde mora realmente?
- Florianópolis – diz a ruiva com os olhos sonhadores. Olhos... os olhos de Deise eram verdes escuros, mas hoje pareciam mais claros. Engraçado... cada dia mais ela lhe parecia mais familiar.
- Linda cidade, alias o sul é maravilhoso.
- É...
- Alguém vem lhe buscar Deise?
- Não... minha mãe teve que voltar pro sul... meu pai chega amanha. E assim eles revezam.
- Mas, e hoje?
- Hoje é dia de batatas fritas e televisão.
- Mas onde esta hospedada?
- Numa pousada um pouco longe do centro graças a Deus. – Faz um fingido ar de alivio.
- Sei... Sente naquele banco e me espere. Vou te levar para casa. Deise sorri brejeira
- Floripa??? Começa a dar pulinhos com uma fingida alegria. – Eba!!!
- Engraçadinha! Não vamos tão longe. Me espere aqui.
E retoma seu caminho com um sorriso a despontar nos lábios. Sentia-se leve. Deise senta no banco pronta a esperar a doutora. Passa mão nos longos cabelos e suspira. Lisa tinha um olhar tão doce! Sentia-se segura com ela.

Da porta de entrada da clinica Luiza observa a jovem. Seus olhos penetrantes se desviam para a sala por onde Lisa adentrara. Em nenhum momento pensara poder ter algum empecilho entre ela e Lisa. Agora descobrira que sua arrogância lhe fechara os olhos. Lisa tivera com esta jovem uma postura delicada, muito diferente da sua atitude normal. Deise de alguma forma despertava na loira algo de muito puro e suave. Aperta as mãos num gesto nervoso. Abaixa a cabeça e sem se fazer notar volta para trás e caminha em direção ao jardim da clinica. Senta-se num banco de madeira e observa com olhar fixo as flores a sua frente. ‘Lisa... não cometa erros. Eu sou seu futuro. Só eu posso te fazer feliz’  

"Nunca faças aposta. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes és um tonto."
(Confúcio)

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