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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Capitulo XXI

Lisa entrou em casa quase na ponta dos pés. Ouviu barulho na cozinha, mas seguiu em direção ao quarto. Tinha ainda a mente agitada pelos acontecimentos da semana e, principalmente, do desentendimento com Junior. Assim, trancara-se dentro de si mesma e, evitando muita conversa, não dava margem para que sua mãe se aproximasse para o tão comentado papo. Bem... ao menos acreditava nisso.
- Lisa, não precisa evitar fazer barulho. Percebi que chegou.
A loira olhou para trás e viu sua mãe parada na porta da cozinha enxugando as mãos no pano de prato, encarando-a.
- Ahh... Oi, mãe. É que eu... estou com dor de cabeça e preferi evitar muito barulho... É isso.
- Lisa... – a mãe se aproximou séria. – Sei que está me evitando.
- Eu? Que é isto! – Lisa ensaiou uma cara de espanto, mas sentindo o quão falso soaria, baixou o rosto. - Desculpa mãe. É que não estou mesmo me sentindo bem.
- Não está bem desde a conversa com Junior, certo?
- Mãe, não quero falar nisso, ok. Vou para o meu quarto – virou-se em direção ao quarto.
- Filha, eu sei o assunto que você e Junior conversaram.
Lisa virou-se repentinamente para a mãe e respondeu agressiva.
- Não! Você não sabe nada! Nada, entendeu! Junior é um intrometido! Você não sabe da missa a metade, dona Paula! Então não se ache entendida do assunto!
- Lisa, não adianta ser agressiva comigo! Baixe o tom, modere a língua e me respeite! – Paula elevou ligeiramente a voz.
- Então não se intrometa na minha vida! - Lisa entrou no quarto e tentou fechar a porta, mas sua mãe a impediu.
- Eu sei de você e Joyce, Lisa! - falou alto. - Eu sei que vocês são... estão... que vocês... estão juntas.
Lisa parou, em choque. Olhou sua mãe fixamente até sentir perder a força das pernas. Caminhou com dificuldade até a cama, sentou-se e começou a tremer. Paula lentamente adentrou no quarto, fechou a porta e foi sentar-se ao lado da filha.
- Lisa, eu sempre desconfiei. Sempre! Quando Junior me contou eu já percebia os sinais, mas não queria ver. Só que existe sempre o momento em que não da mais para fechar os olhos. Ultimamente percebia sua angústia e criava coragem para lhe falar.
- Mãe... mãe... Deus... eu... mãe... – Lisa explodiu em lágrimas desesperadas. – Não me odeie mãe!! Eu... eu não faço por querer... eu... não faço por querer... desculpe – começou a balançar o corpo para frente e para trás abraçando os próprios braços.
- Lisa... filha! - Paula abraçou a filha, angustiada. – Filha, eu... não chore, por favor! – beijava o rosto tão amado de sua menina. - Calma Lisa...
Lisa, porém, não a escutava. Em prantos abraçava a mãe fortemente, temerosa. Sabia que agora não havia mais volta. O que mais temia estava acontecendo e só conseguia pensar que o bem maior de sua vida - sua família - estava por um fio. Sentiu as forças lhe faltarem e, lentamente, perdeu a consciência. Paula, em pânico, a segurou com mais força, deitando-a na cama em seguida. Chorando, percebeu que começava naquele momento a maior provação de sua vida. Sabia não ter opções. Só havia dois caminhos a tomar: apoiar sua filha em sua escolha, ou não. E sabia que qualquer que fosse a decisão tomada, sofreria.
- Ah Lisa... Lisa... Por que você não é como as outras? Por quê?

Joyce respirou fundo. “Ok, vamos ligar para Lisa”. Discou o número e... desligou. Soltou o ar que prendia angustiada. “Vamos, Jô! Que covardia é essa?” Discou novamente o número. Ouviu o toque chamando e sentiu o coração disparar.
- Alô?
- Dona Paula? Oi... é Joyce. Lisa está?
O silêncio do outro lado deixou-a insegura.
- Paula? Dona Paula?
- Desculpa Joyce... eu... bem, Lisa passou mal e está deitada. Melhor que ligue mais tarde.
Joyce sentiu a apreensão tomar conta de seu corpo. “Como assim passando mal? Lisa tem uma saúde de ferro!”
- Mas... ela tá bem? O que ela tem? Eu vou pra aí agora!
- NÃO! Não... Joyce, não. Olha, ela está dormindo... Melhor não vir, não quero nada a agitando.
Joyce sentiu um gelo descer ao coração que antes batia acelerado. A voz de Paula estava estranha, tensa, fria. Começa a se sentir como uma menininha que fez algo muito, mas muito errado. “Será que ela está chateada com meu sumiço?”
- Ah, olha Dona Paula... sei que andei sumida. Sabe como é, a faculdade, Mariana. Andei meio agitada esta semana. Mas... eu quero muito, mas muito mesmo ver Lisa. Por favor.
Um novo silêncio tomou conta da conversa. Jô começou a sentir o ar lhe faltar. “Mas o que está acontecendo?”
- Esta bem, Jô. Mas olha, não quero Lisa agitada. Se estiver dormindo não irei acordá-la entendeu?
- Mas... que aconteceu? Dona Paula, que aconteceu?
- Emocional Jô. Apenas isso. Ou melhor, tudo isso. Bem, até logo.
Paula desligou o telefone. Jô se sentia na Antártida tal o gelo que sentia na voz de Paula. Desligou rapidamente o telefone.
- Mãe vou à casa de Lisa! Ela não está bem! Não demoro!
Jô saiu correndo sem esperar a resposta. Pelo caminho só rezava que não fosse nada sério. Lisa não! Sua loirinha tinha que estar bem! Emocional!? “Será que foi por minha culpa? Aff! Com certeza! Ah, Jô você está magoando a melhor pessoa de sua vida! Loirinha, amo você. Amo você. Tô chegando!” Parou em frente à casa de Lisa e tocou a companhia. Ouviu os passos que reconheceu serem de Paula. Sem entender bem por que, sentiu o peito se oprimir. Nunca sentira isso com a mãe de Lisa. Por que isso agora?
- Olá, Joyce. Veio rápido.
- Eu... Oi Dona Paula. Eu... Cadê Lisa?
- Olha Jô... Joyce. Ela está dormindo. Pode vê-la sim, mas, por favor, não a acorde, ok.
- Mas... o que ela teve?
- O médico esteve aqui. A pressão caiu e ela desmaiou. Mas está tudo bem. Vá lá vê-la.
Joyce queria fazer mais perguntas, mas via-se claramente que Paula não estaria disposta a responder. Aliás, a mãe de Lisa também estava muito abatida. Caminhou em direção ao quarto de Lisa sentindo o olhar de Paula em suas costas. O ambiente estava pesado e ela, sem saber como agir, entrou no quarto de Lisa de cabeça baixa. Ao ver sua loirinha dormindo, o coração deu um baque. Lisa! Sua loirinha! Aproximou-se dela. Estava com um semblante tão triste, abatido. “Loirinha... que aconteceu?” Segurou a mão amada e começou lentamente a acarinhá-la. Perdeu minutos ali, procurando transmitir a Lisa todo seu amor e carinho. “Lisa, diz que não está assim por minha causa, diz. Acorda, diz que me ama, que me entende. Desculpe... desculpe.“ Levou a mão de Lisa ao rosto e o acariciou com ela se pondo logo depois a beijá-la.
- Ah, loirinha... loirinha - disse baixinho. Sentiu então alguém nas suas costas, olhando para trás viu Paula a encarando fixamente. Voltou o olhar a Lisa, colocou sua mão calmamente sobre a cama com carinho e se ergueu lentamente.
- Ela está mesmo bem, Paula? - perguntou ainda olhando Lisa.
Paula percebeu em Jô o olhar preocupado, carinhoso, fixo em sua filha. Teve uma vontade louca de tirá-la dali, afastá-la de Lisa. Expulsá-la. Mas ao mesmo tempo sentia um carinho imenso por esta jovem que vira crescer. Ainda assim não se sentia pronta para o que estava acontecendo.
- Sim, Joyce. Eu já disse que ela está bem. Só precisa descansar. Fique... tranquila. Melhor sairmos agora e a deixarmos dormir.
- Claro... claro - Joyce deu um beijo no rosto de Lisa e acompanhou Paula na saída do quarto.
- Dona... Paula – segurou o braço da mãe de Lisa e a sentiu ficar tensa. – Eu... é verdade que Lisa está bem, né.
Paula virou-se devagar para a jovem e responde carinhosamente.
- Sim, Jô. Ela está bem. Só precisa descansar. Mais tarde ela te liga, fique tranquila.
- Está bem... Qualquer coisa me avisa??
- Aviso sim... pode deixar. Mas está tudo bem.
Jô baixou ligeiramente e cabeça e quando a ergueu os olhos estavam cheios de lágrimas.
- Eu não quero que nada aconteça a Lisa, Paula. Não me esconde nada, tá! Se precisar durmo aqui... eu..
- JÔ! Eu já disse que está tudo bem. Façamos assim, se algo acontecer te ligo. Dê um beijo em Mariana e em sua mãe por mim, está bem. E fica calma porque não foi nada.
Joyce percebeu que foi dispensada e se retirou devagar da casa de Lisa. Despediu-se da mãe da loira sem se sentir ressentida com a atitude dela. Acreditava ser tensão por Lisa não estar bem. Ao chegar em casa viu que tanto a mãe como Mariana não estavam. Sentou-se lentamente no sofá e suspirou. Ainda bem que sua loirinha estava bem. Por que a vida tinha que ser tão complicada?

 Lisa acordou lentamente. Sentia fraqueza no corpo, mas ainda assim se levantou. Parecia que dormira por séculos. Olhou o relógio e se assustou ao perceber que já eram dezessete horas. Caminhou lentamente em direção à sala onde a mãe assistia televisão. Paula, ao vê-la, ergueu-se imediatamente. As duas se encararam e então, lentamente, a mãe estendeu os braços para a filha. Lisa correu e se aconchegou neles. A escolha estava feita. Paula apoiaria Lisa em todas as circunstâncias e a amaria... sempre. E para sempre.
Mais tarde, já bem mais calma, Lisa resolveu ligar para Joyce. Ficara muito feliz ao saber que ela estivera lá. Estranhou que não tivesse permanecido, mas sua mãe assumiu alguma culpa nisso, pois expressara certa resistência à presença da morena.
- Alô, Jô?
- Lisa? Meu Deus, Lisa!! Como você está? Nossa, tava aqui já meio enlouquecida, mas não liguei porque sua mãe disse para deixar você descansar. Você está bem? Que houve? Como está agora? Quer que eu vá ai? Tá sentindo fraqueza? Não devia estar deitada? – parou para puxar fôlego, e Lisa aproveitou o momento para interrompê-la, sorrindo.
- Jô, calma! Está tudo bem. Eu estou bem. Foi só minha pressão que baixou. Eu... bom... depois queria falar com você.
- Claro Li, tudo bem. Vamos falar, sim. Eu sei que tive meio ausente estes dias, mas... eu... a faculdade tá foda. Mas eu vou aí. Claro que vou. Mas... bom... acho que nem pensar ir lá na festa da sua faculdade, né!? O melhor é você deitar e descansar viu!
- Claro Jô, eu já desisti! Bom, vem pra cá, então. A gente vê um filme, sei lá.
- Não, Lisa hoje não. Sua mãe tava meio estranha, sei lá. Prefiro ir amanhã, tá.
- Hum... ok te entendo. Mas amanhã você vem, né. Tenho muita coisa pra te contar mesmo, Jô.
- Claro que vou, né loirinha! Pode me esperar. E vê se cuida melhor de sua saúde.
- Jô... é serio. Eu... bom, te conto amanhã.
- Está tudo bem mesmo, Lisa?
- Está. Só queria te ver um pouco. Mas amanhã falamos, então.
- Esta bem. Lisa... eu te amo loirinha.
Lisa sentiu o coração se aquecer.
- Também te amo, Jô. Boa noite.
- Boa noite, loirinha.
Lisa desligou o telefone. Estava feliz de ver que ela e Joyce estavam bem, mas ainda assim sentia necessidade de contar a ela tudo que acontecera durante o dia. Estava se sentindo muito bem. Sabia que muita coisa ainda tinha a enfrentar, mas no momento só queria estar com Jô.
- Mãe! – gritou. – Eu vou à casa de Joyce. Não demoro, tá.
- Lisa, espera – Paula surgiu na porta. – Eer... jante primeiro, depois você vai. Por favor. Ficarei mais tranquila.
Lisa olhou para ela. Estava ansiosa para ver a morena, mas sabia que a mãe tinha razão, e que isso a tranquilizaria.
- Está bem, mãe. Vou jantar primeiro.
Lisa viu a mãe caminhar um pouco arqueada em direção à cozinha. Sabia que ela estava triste, confusa e se entristecia de saber ser ela a causadora de tudo isso. Mas ao mesmo tempo sentia alívio. Era muito bom poder ser o que era para as pessoas que amava. “Espero que meu pai tenha a mesma ponderância”

Joyce desligou o telefone aliviada. Lisa estava bem. Olhou para o relógio. Ainda estava em tempo de se encontrar com Carlos. Mas se questionava se devia ir. “Bom, Lisa já está bem, não foi nada sério. Não vamos mesmo à festa da Federal. Não vejo problema de sair.”
- Mãeeeee! Eu vou sair mais à noite. Será que você pode ficar com Mariana pra mim?
- Joyce, não grite! Fico sim, você vai sair com Lisa?
- Lisa? Não, ela passou mal, mas já está bem. Eu... eu vou sair com uns colegas, nada muito chique. Tudo bem?
- Tudo bem, Jô. Mas não volte tarde.
Joyce revirou os olhos. Sua mãe ainda era jovem, mas sempre a tratava como uma menininha.
- Dona Lúcia, a criança aqui agora é Mariana. Aliás, você anda saindo bem menos. Está agindo como uma velha.
- Bom, alguém tem que cuidar de Mariana.
- Ah, me poupe! Te peço isso uma vez ou outra.
- Sei... Jô, melhor ir se arrumar que faz mais negócio.
Joyce saiu rindo. Agora tudo estava bem. Sentia que seria uma bela noite. “Bom, com que roupa vou?” pensou franzindo a testa e caminhando em direção ao seu quarto.
Mariana viu a mãe caminhar para fora da sala. Ouvira-a falando com a avó e não gostara de saber que Lisa estava doente. Caminhou em direção ao seu quarto e se ajoelhou frente à cama. Rezou baixinho. “Papai do céu, cuida da Lisa. Não deixa ela sofrer, não. Eu amo ela muito... muito. Se ela sarar eu prometo pro Senhor que serei boazinha e comerei... argh, jiló.” Ergueu-se feliz. Tinha certeza que depois da promessa de comer jiló, Deus iria sarar Lisa rapidinho.

 “Não é a montanha que nos faz desanimar, mas a pedrinha que trazemos no sapato.”
 (Autor desconhecido)

Um comentário:

  1. aaaaaaaaah meeeeeeo euuuu liiiiiii
    coitadinha vai t ki come jilo
    aposkaposkaposkpaoskpaoska


    aaaaah so euuu né.
    a menina do orkut fotolog.bla bla
    a dssa.da familia virada.
    é ki to sem o bloog :/
    bjooo
    ja to loka pra le o proximo.
    xD

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