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sábado, 7 de agosto de 2010

Capítulo III

' Estou sonhando?'
Mariana fecha novamente os olhos, aperta e os abre novamente. A mulher loira ainda estava a sua frente, com os olhos arregalados e a mão sobre o coração.
- Lisa?
- …
- Lisa... Lisa... eu... eu só posso estar sonhando. - Esfrega os olhos se colocando sentada na cama. Escuta um gemido baixo e abre-os novamente fixando-os na mulher perto da cama.
- Lisa? Lisa... Você voltou? - Mariana diz baixinho, quase com medo da imagem a sua frente desfazer como tantas vezes no passado.
Lisa respira fundo. Não conseguia desviar o olhar dos seios desnudos agora expostos a seus olhos.
' Respira Lisa, esta é Mariana!'. Encara a bela jovem.
- Eu... eu... er... Mari? Você está... adulta.
- LISA!!!!
Mariana pula da cama enlouquecida.
- Eu não estou sonhando!! Lisa!!! - Abraça a loira em total felicidade. - Eu recebi todas as suas cartas, seus postais, tudo! Tão lindo Lisa!! Eu amei! Que saudade!!! Como eu te amo!
A loira abraça a jovem que a agarrava quase em desespero como que com medo que ela desaparecesse. Suas mãos tremulas deslizam suaves pela cintura fina. Sente a pressão suave dos seios e com muita dificuldade segura o gemido que lhe vem a garganta.
- Mari... minha Mari... eu... Tambem tinha muitas saudades... eu... er...
Lisa com dificuldade segura os braços que a enlaçavam e se desprende da jovem eufórica. Afasta-se ligeiramente de Mari procurando não olhar o corpo coberto apenas por uma calcinha de renda. Solta uma risada sem graça.
- Você dorme bem vestida né!?
Mariana arregala os olhos e olha para baixo, para o próprio corpo. Seu rosto se avermelha e num gesto quase inocente tapa os seios.
- Cara, esqueci!
Volta correndo em direção a cama e pega a colcha se cobrindo com ela. Lisa sente um misto de alivio e tristeza em ver toda aquela beleza agora coberta.
Mariana ainda de costas para ela, respira fundo e, procurando se controlar, volta-se para a loira.
Lisa a olha fixo num olhar incerto. As duas se encaram agora em silencio.
Mariana repara cada mudança na amada. Lisa parecia tao diferente, mas ao mesmo tempo tao igual a sua lembrança. A expressão do rosto, a postura elegante e altiva. Linda... Lisa era linda.
- Você... não mudou nada.
Lisa se assusta com a voz de Mariana. Devagar solta o ar, que sem perceber que o retera em sua admiração pela jovem mulher.
- Eu mudei sim Mari... mas acredito que para melhor.
Caminha em direção a cama e se senta nesta. Dá um ligeiro tapinha no colchão a convidar a jovem a sentar a seu lado.
- Mas vendo você hoje, tao linda, tao jovem, nunca me senti tao velha, madura, vivida. - Sorri delicada já no controle de suas emoções.
- Que isso Li... Você é jovem.
- A idade de sua mãe. - E sorrindo abraça a jovem pelo ombro. - Suficiente para dar ordens em você mocinha!
Mariana se afasta do abraço fraternal.
- Minha mãe é jovem Lisa. E vocês são muito diferentes. Não consigo te ver como ela. E não sou mocinha, sou mulher. Sou dona de meus atos ok. Não preciso de ordens.
- Ei, calma! Eu brinquei. Eu vi que já é mulher. E aponta brincalhona os seios da jovem.
Marina sente novamente todo o sangue subir a seu rosto.
- Eu... não quis dizer isso.
- Mari... eu... nossa senhora. Você puxou o gênio de sua mãe? Tudo menos isso. - Ergue as mãos em brincadeira.
- Eu … ah Li... Você é foda. Mal chega e quer me comparar com minha mãe? Eu não pareço com ela. Não sou duas caras. Sou sincera e se considera ser geniosa falar na cara o que pensa, então eu sou. Não guardo pra depois. E outra. Penso para falar. Não vou dando a cara pra bater por ai achando que o mundo tem que estar a meus pés. Não me compare com ela!!
Lisa arregala os olhos a medida que a voz da jovem vai aumentando de volume. Ao ver Mari silenciar para respirar, cala a boca dela com a mão.
- Tem razão Mari... Você não tem o gênio de sua mãe. - E ri ruidosamente ao sentir esta tentar se soltar de sua mão. - Mas por via das duvidas prefiro me prevenir, diz irônica.
- Humuuhum...
- Cumã? Disse algo?? Mari?? - E rindo, aperta ainda mais a mão sobre os lábios de Mari.
Vendo que esta começa a se impacientar a solta repentinamente, abraçando-a imediatamente e jogando-a sobre a cama.
- Saudade de você princesa!!! Que saudade…
Mariana sorri , o coração disparado. Nunca a raiva lhe passara tao rapidamente. Lisa a abraça com tanto carinho que seu coração derrete. Retribui o abraço amado procurando transmitir todo o amor que sentia. Suspira enlevada em sentir a loira sobre si. Era tão bom...
' Você voltou Lisa... voltou para mim...'
E chora...

Lisa abraça a jovem sentindo seu choro sentido. A acolhe ainda mais carinhosamente nos braços. Beija com carinho os cabelos perfumados e o carinha suavemente com a face. Esta era sua Mari. Sua menina. Fecha os olhos procurando lembrar Mari em varias fases de sua vida. Recém nascida, menininha, a bela jovem de 15 anos. Suspira. Nada mudara certo? Estava tudo bem. Ergue um pouco o corpo e olha jovem que agora enxugava as lágrimas. Levanta-lhe o queixo sorrindo, mas logo fica séria.
Verdes... O olhar de Mariana. Profundo, firme, adulto. Lisa procura lembrar a criança, mas somente lhe vem a mente o olhar de Mariana. Como agora. Fecha os olhos, a tentar quebrar o contato entre elas. Mari nunca tivera um olhar de acordo com sua idade. Nem quando criança. A sensação de predestinação surge forte no coração de Lisa. ' Isso não está certo'
Ergue-se agitada.
- Eu... preciso de um banho. Olha a jovem apoiada sobre o colchão. - não saia daí Mari... temos muito que falar.
Pisca alegre, procurando não demonstrar a confusão que lhe vai no coração e se retira rápida para o banheiro. Encosta a porta e coloca as mãos na testa. Não queria pensar, não queria sentir. Estava confusa, era isso. Retira a roupa e entra no chuveiro deixando que a agua lhe cair sobre o corpo. Mariana era a cara de Jô. Por isso a confusão, a angustia. Precisava saber separar seu passado e presente. Era isso! Ver Mariana lhe trouxera a Joyce adolescente ao coração. Bastava separar esses sentimentos. Só isso. Respira e começa a tranquilizar mente e coração.

Mariana se ergue tremula da cama. Lisa estava de volta! Põe a mão sobre o coração. Estava disparado. 'Respira Mari, respira. Você não pode se expor assim. Ela não pode perceber! Tem que ir devagar.' Solta um grito e num pulo salta da cama. Começa uma ligeira dança pelo quarto. Sorrindo rodopia sobre si mesma e ergue os braços em total alegria. 'Lisa voltou para mim !'
Corre para a cômoda e, pega sobre ela, a roupa que usara no dia anterior. Seu rosto se anuvia. Sua mãe...
Senta-se ao lado da cômoda e alisa a roupa no colo. 'Droga mãe... que você está fazendo?' Emburrada começa a vestir-se. Até no momento mais valioso de sua vida sua mãe dava um jeito de interferir. Procurando esquecer o assunto, penteia o cabelo com a mão e a passa pelo rosto. Olha a porta do banheiro cautelosa. Caminha devagar para ela e testa a maçaneta. Estava aberta. Com o coração disparado entra no mesmo. Vê a silhueta de Lisa no banho, através do box. Geme baixinho.
Lisa... põe a mão sobre a boca. Desliza o olhar pelo corpo nu, e se angustia por não poder vê-lo com exatidão. Uma dor se faz presente na virilha. Arregala os olhos e se vira saindo rapidamente do banheiro. Somente Lisa a fazia sentir isso.
Sai do quarto.

- Bom dia Mari. Dormiu bem?
- Madrinha... Mari procura controlar o tremor do corpo. - Muito bem … eu... vi Lisa.
- Ah filha! Não é maravilhoso! Nossa menina voltou! E abre os braços acolhendo a afilhada querida.
- Demais madrinha. Ela... tá linda né.
- Demais. Vamos ter muito que conversar. Você está melhor?
- Muito.
- Quer falar sobre o que lhe angustia?
- Madrinha... já passou. Deixa pra lá.
- Tudo bem. Então venha tomar café.
- Já vou, só vou rapidinho no banheiro. Lisa tá tomando banho no do quarto.
- Ok filha. Olha, vou com seu padrinho na feira. Com Lisa em casa quero fazer um almoço especial. O café vai estar sobre a mesa ok.
- Tudo bem. Te amo madrinha.- E dá um beijo no rosto de Paula.
- Tambem te amo querida.

Lisa sai do banho coma toalha sobre o corpo. O quarto estava vazio. Suspirando caminha em direção a cômoda e a abre. Sorri. Sua mãe ainda tinha guardado algumas peças de roupa suas. Segura-as sobre o corpo. Balança a cabeça nostálgica e as coloca novamente na gaveta. Retira da mala um short e uma camiseta. Olha a cama desarrumada. Perdera totalmente a vontade de descansar. Delicadamente passa a mão na colcha. Suspira. Sua volta para casa estava sendo realmente uma surpresa.
- Mãe?
- Ela saiu Lisa.
Lisa volta-se surpresa para a porta da cozinha. Mariana segurava um pão fresco e uma faca na mão. Esta os ergue brincalhona.
- Quer?
Marina come deliciada a rosca .
- Cara, a madrinha tinha que comercializar essas roscas. Ia ficar rica.
- Realmente ela cozinha bem .- Lisa põe a mão sobre o queixo a observar Mariana.
- É uma delicia ver como saboreia a comida Mari.
- Lisa, se tem algo que não faço media é comida.
- Perceptível.- Volta o olhar para a boca de Mari. - Você tem um pouco de manteiga no canto da boca.
- Onde? Mariana passa língua suavemente sobre os lábios.
Lisa fascinada acompanha o movimento. Não havia nenhuma malicia no gesto, mas percebe angustiada o quanto tal ato a afeta.
- Limpou Li?
- Sim...
Mariana percebe o olhar de Lisa sobre sua boca. Novamente passa língua sobre os lábios e vê as pupilas de Lisa se dilatarem. Esta ergue o olhar e a encara.
- Mari...
- Que foi Li?
- Nada... nada. Ou melhor... Você está bem?
- Como? - Mariana a encara surpresa. - Estou sim, porquê a pergunta?
- Minha mãe disse que você chegou tarde da noite muito angustiada. Aconteceu alguma coisa?
- Aff... Tia Paula também é muito preocupada.
- Realmente ela é. Mas com certeza aconteceu algo. Quer falar nisso?
'Você está é desviando o assunto Lisa' Pensa Mariana afastando uma mecha de cabelo da testa e encarando a loira agora mais séria. De repente, uma ânsia de falar sobre o que vira na noite anterior se faz presente. 'Li...'. Pedira tanto sua presença para poder conversar sobre tudo que acontecera.
- Li... eu... eu quero falar. Preciso falar.
- Estou aqui Mari.- E segura a mão da jovem.
- Lisa... ontem eu vi minha mãe num bar... com outra mulher.
Lisa solta sua mão como se esta a queimasse. ' Jô com uma mulher?'
- Como é?
- Eu vi minha mãe num bar GLS. Aos agarras com outra mulher!
- Eu... Mari... tem certeza?
- Claro que sim! E elas me viram! Saíram quase fugidas!
- Meu Deus!- Esfrega os dedos na testa. - Você… ela... num bar GLS???
Olha assustada a outra. ' Jô...e uma mulher?'
- Não! Eu... eu tava como simpatizante. Mas ela... ela tava beijando a outra Lisa. Eram tão... intimas.
- Simpatizante... quer me dizer que não é lésbica. Não precisa afirmar isso Mari.
'Não acredito que a Jô esteja com uma mulher!'
- Que isso Li! Não quis dizer isso! Ou melhor, quis... porra você tá me confundindo! A história é que fui no bar com minha amiga que é assumida e dei de cara com minha mãe lá, aos agarras com uma mulher. Não sou preconceituosa.
- Ah Mari... nem sei o que dizer.
- Você é lésbica Lisa! Você sempre assumiu isso! Namorou pessoas incríveis...a Lu... ela era lindona e eu... eu... bom Você nunca casou e teve filhos e … trai o marido, os filhos, a vida porra. Ela é casada. É uma … sem vergonha, falsa. Se não ama mais meu padrasto separa! Sai dessa. Se quer ser lésbica, vai ser! Mas assume pô! - Passa a mão sobre o rosto angustiada.
- Mari... Mari... - Lisa se ergue da cadeira e ajoelha ao lado jovem. - Mari... nada é tao simples assim. Assumir é algo muito difícil. Nem todos tem os pais a seu lado como tive.
- Lisa, é questão de... respeito próprio. Eu... ela é uma covarde e … Lisa... ela gosta de mulher! E de homem! Ela fica com os dois.
- Conheço muitas pessoas assim querida.
'Merda Jô, você só faz merda! Uma mulher droga!'
- Tá, mas nenhuma delas é minha mãe droga! - Mariana se levanta revoltada. - Você sabia Lisa? Sabia disso?
- Mari... Mariana.... não vejo sua mãe deste os seus quinze anos. Como poderia saber disso?
Lisa sente a angustia crescer no peito. Onde Joyce estava com a cabeça para se expor assim? E se Mari desconfiar de ambas? ' Merda Jô'
Mariana segura o rosto com as mãos.
- Desculpe... desculpe...não quis ser agressiva . É que … tá sendo difícil sabe. Minha mãe... ela passa uma pose tao de moral entende! Que nunca faz nada errado. Mó exemplo. E de repente... lá esta ela... aos agarras com uma mulher.
- E o que te incomoda Mari? A traição dela ou o fato dela estar com uma mulher? - A opressão não deixava-a respirar direito.
- Os dois Li! Os dois!
- Porque os dois Mari??
- Porque... porque eu não respeito quem mente... quem trai. Quem ama é fiel... tem consideração a pessoa que escolheu passar a vida. Paixão é passageira Li. Ela vai embora. E pode destruir vidas. Famílias.
- Eu concordo Mari... sua mãe … ela... deve estar confusa... pode ser um momento.
- Eles... meus pais... eles não estão bem a tempos mas... poxa... se querem ficar juntos, eles tem que lutar um pelo outro, não buscar na rua … outra coisa qualquer.
- Ah Mari... Mari...
Mariana ergue o olhar para Lisa.
- Ahh Li... o fato da coisa qualquer ser mulher não me incomoda. Quer dizer, não incomoda o fato em si... ser mulher. A traição que é uma merda.
- Então porque disse que te incomodava Mari?
- Porque... porque... - Abaixa o olhar angustiada. - Porque... Li... agora sei que herdei isso dela.
- Isso o que Mari?
Mariana ergue os olhos para Lisa. Um olhar profundo, misterioso.
- Mulher Li... gostar de mulher. Eu... gosto de mulher.

"Em tudo que a natureza opera, ela nada faz bruscamente..."
Autor desconhecido

4 comentários:

  1. aaaaaaeeeee...\õ/\õ/
    até q enfim.....
    como sempre perfeito..
    amei..
    pensei até q a Li nao iria
    resistir..
    perfeito..
    Mistery não demora postar nao..
    poxa..
    dá uma agonia entrar e não ter nada de novo..

    mas ta otimo..
    um abraço para vc e pra Bruh..

    e ate o proximo..

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  2. Assino no q a Deh escreveu....
    Demora não a postar...
    Tá muito Bom...rs
    É muito bom...
    ; )

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  3. Humm como sempre divino... Mais nos deixo com gostinho de quero mais, e tem que termina na melhor parte? Assim eu morro do coração.kkkkk.
    Beijos grande Mistery e outro pra Bru.
    Saudades.

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