Terceira parte – O Perdão
Capítulo I
Joice suspira cansada. “Maldito trânsito caótico. Isso não é coisa de Deus!”
-
Seu filho da puta desgraçado!!!!!! Volta pra autoescola!!! Grita ao ter seu
carro fechado por outro carro cujo motorista simplesmente põe o dedo pra fora e
lhe manda a merda.
-
Eu mereço... eu mereço... EU MEREÇO!!!!!
-
Mãezinha... respira fundo.
Joyce
olha o filho pelo espelho retrovisor.
-
Tô respirando – Puxa o ar quase com violência.
-
Mãe... o filho da puta desgraçado tá do seu lado - o outro gêmeo aponta o vidro
a sua esquerda.
Joyce
abre o vidro indignada.
-
Como ousa mostrar o dedo com meus filhos vendo???? Quem pensa que é seu
polha??? Além de dirigir mal ainda vem ensinar coisas erradas a crianças??
-
Eu??? Eu dona? Você que é uma desbocada! Acha mesmo que não ouvi o que disse?
Melhor calar essa matraca ou vou te dar uns bons tapas!
-
Ah é??? AH É??? Então vem desgraçado!
Joyce
puxa o freio de mão e sai do carro enfurecida.
-
Tá louca dona??? Você só pode ser louca! Quero ver o dia que um Mané te der um
tiro na cara. Ai você vai ver. – E arranca o carro quase passando por cima do
pé de Jô.
Joyce
volta pro carro vermelha.
-
Mãe...
-
Uma palavra sobre isso lá em casa e vocês nem ciscarão perto da televisão
entendido?
Os
gêmeos recostam no banco do carro com olhos arregalados e silenciam. ‘ O louco
que mexo com mamãe desse jeito!’
Joyce
suspira tentando se acalmar. Nem mesmo ela entendia porque andava tão nervosa
estes dias. Tudo estava bem em casa, no trabalho, com Juliana. Sua vida corria tranquila.
No entanto sentia uma inquietação inexplicável dentro de si.
‘
Respira Jô. Está tudo bem... tudo bem’
-
Porraaaaa, de transito de merda!!!! Envia a mão na buzina e olha os filhos
enfurecida pelo espelho retrovisor.
-
E ai de vocês se falarem qualquer palavrão lá em casa ou em qualquer lugar! Vou
lavar suas bocas com sabão, entendido!
Os
gêmeos só fazem um gesto afirmativo com a cabeça. Vendo que a mãe volta a
atenção ao transito, Luiz sussurra baixinho no ouvido do irmão.
-
Putz! Imagina só o tanto de sabão que a vó gastou com a mãe...
Mariana
caminha distraída pelo campus da faculdade. Passa a mão nos belos cabelos
negros e olha o céu. ‘ Lindo dia... canseira’
-
Ihuuuu!!!
Mari
grita ao sentir mãos em sua cintura e o grito perto do ouvido.
-
Deus meu!!!! Droga Sheila, precisa me assustar desse jeito?
-
Claro amore mio. Adoro sua carinha de susto
Beija
o lindo rosto moreno.
-
Porque estava tão pensativa?
Mari
olha amiga pensativa.
-
Não sei... sabe quando você acorda com a certeza que algo muito drástico vai
acontecer em sua vida que vai mudá-la para sempre?
-
Sinceramente... não sei. E ri divertida. – Mas se acontecer firmeza. Olha
miguxa, hoje a turma vai sair à noite naquele barzinho que abriram na Contorno.
Quer ir?
-
O GLS?
-
Isso aí.
-
Sheila... – Mari para e se vira para a amiga – Você não tem medo que as pessoas
comentem de você? Você dá muito na cara suas preferências.
-
Mari... – Sheila a olha agora seria. – Eu não preciso dar satisfação à
sociedade, na boa. Vou vivendo minha vida sem me meter com quem me hostiliza. E
vou levando tranquilo. Mas é um barzinho legal. Você vai adorar. Vai eu, a
Carlinha, o Edson e Thiago.
-
Credo ainda vou fazer vela?? Me poupa amiga.
-
Mari, você já se olhou no espelho??? Nunca fará vela. Vai chover mulher para
você lá.
-
E quem disse que quero mulher?
-
Amore, quando provar o sabor de uma mulher nunca mais vai querer... a outra
coisa.
‘
Lisa... ’
-
Mari?? Mari?
Mari
desperta de seu pensamento e vê a mão da amiga abanar a sua frente.
-
Ei, você viajou legal hem? Pensou em quem?
-
Porque acha que pensei em alguém?
-
Seu olhar amiga... Ficou tão... doce... iluminado... quem é?
-
Na verdade pensei na filha de minha madrinha... adoro ela. – Olha a amiga de
lado – ela é lésbica.
Sheila
a olha em silencio. Sorri levemente, coloca o braço sobre o da amiga e volta a
caminhar.
-
Legal... se foi ela que fez você aprender a ver todas as pessoas,
respeitando-as em suas diferenças, ela já tem meu bem querer.
As
amigas caminham em silencio. Sheila olha Mari discretamente. Nunca esqueceria o
dia que Mari conversara com ela a primeira vez.
Na
época ela, mais uma vez, tentava ignorar a maledicência de um grupo da sala que
adorava provocá-la. Era fim da aula de informática e a maioria dos alunos já
haviam se retirado.
-
Aê garota, você até que é gatinha. O que te falta é um bom pinto sabia?
-
Usa cueca machinha? Vamos bater uma queda de braço?
-
Nem ousa olhar pra mim sua sapata! Eu curto é homem! Gente, só dela me olhar
ate arrepio de nojo! Credo!
-
Aê galera! Que tal a levarmos ali pro canto e mostrar pra ela um pouco do
gostoso da vida?’
Sheila
tentava ignorar as risadas. É nesta hora um dos rapazes a puxa pelo braço e ela
finalmente reage.
-
Tire a mão de mim!
-
Olha só! Tá bravinha! Vai me bater é? Pois vamos ver se consegue. O rapaz a
agarra, desta vez forçando seu corpo junto ao dele e esfregando seu membro
nela.
-
Vê... é disso que precisa. Vou te dar uma amostra.
Sheila
sente o suor na testa. Todos os presentes riam e se divertiam com a cena. Já em
desespero, impotente e sem conseguir se desvencilhar do rapaz escuta uma voz
forte soar acima das risadas.
-
Solta ela agora.
Todos
se voltam para a porta. A bela, como Mariana era chamada no prédio que
estudavam na UFMG, olhava indignada a postura dos jovens para com a outra
colega.
-
Que isso bela? Defendendo sapata agora?
-
Eu disse. Solta ela.
Ainda
rindo, o rapaz solta Sheila.
-
Que isso! Só estávamos brincando um pouco com a Sheila. Né gatinha? E olha
irônico a jovem.
Mariana
se aproxima de Sheila e passa a mão por seu ombro. Lança lhe um olhar
confortador e logo depois se vira para o grupo.
-
Continuem com estas brincadeiras idiotas e levarei o caso à reitoria. Quero ver
esse risinho ridículo na cara de cada um de vocês quando os denunciar por
homofobia.
-
Que isso Mari! Tá doida! Era só uma brincadeira!
-
Vamos continuar a brincadeira na Reitoria uai. Vai ser legal não acha...
Sheila?
Sheila
olha o belo espécime feminino a sua frente. Nunca antes Mariana lhe dirigira a
palavra. Era um semestre a frente dela no curso. Na verdade ela sempre a
cumprimentava com uma olhar simpático, mas só.
-
Eu... Bom... adoraria Mari. Acredito que todos vão curtir muito.
A
muito a turma parara de rir. No começo, surpreendidos de ver o objeto de desejo
dos rapazes defendendo a sapata, emudeceram. Agora já estavam assustados.
-
Que isso Mariana! Nada a ver. Credo vocês não sabem levar uma brincadeira na
boa.
-
Cala a boca Laís. Você é uma iludida de achar que uma mulher com a Sheila ia
olhar pra você.
-
Não acredito! Você é sapata Mari? Laís ironiza Mariana. e se vira para os
rapazes agora calados – Vai ver é por isso que ignora vocês seus babacas. Taí a
resposta.
Ignorando
a frase de Laís, Mari segura a mão de Sheila e juntas se retiram da sala.
Já
no pátio se vira para a jovem.
-
Quanto tempo isso anda acontecendo?
-
Ihh! Já perdi a conta.
-
Devia denunciar. Eu não ficaria calada.
-
Você é lésbica?
Mariana
a olha séria.
-
Uma pessoa que amo muito é. E desde pequena acompanho a maldade das pessoas
para com ela, inclusive dos meus pais.
Ignorando
a pequena decepção que sentiu, Sheila sorri.
-
Bom... pois acaba de ganhar a fama.
-
Nem ligo – Mariana ri jogando os longos cabelos negros para traz. - Mas por via
das duvidas e para eu não dar fora, me conta como devo me portar sendo lésbica.
Os
olhos verdes brilhavam divertidos. Surgia ali o inicio de uma amizade.
Voltando
o presente, Sheila observa a amiga pensativa. Nunca Mariana se importara com os
boatos que surgiram depois disso. Simplesmente os ignorava. Sua beleza sempre
atraia as pessoas, principalmente os rapazes que tentavam lhe chamar a atenção,
mas ela, apesar de muito educada e simpática, não incentivava nenhuma aproximação.
Sheila se sentia ‘a privilegiada’.
Sempre
quisera saber quem era a lésbica que ela amava desde criança. Agora sabia. Na
verdade sentia que havia algo muito maior ali. Tinha certeza disso. Mas Mariana
era muito fechada em seus sentimentos. No momento a única certeza que tinha é
que Mariana não se envolvia com ninguém, seja homem ou mulher.
Bom,
se um dia ela quisesse falar mais sobre isso ela estaria ali.
-
Mas e aí? Vamos ao barzinho? Prometo te defender das garras femininas que
surgirem.
A
noite estava linda. Juliana sorrindo passa o braço sobre o ombro da amante.
-
Menina, que noite maravilhosa!
Se
vira sorrindo para a morena e beija-lhe os lábios sequiosa.
-
Quer dormir lá em casa? A mulher está viajando.
-
Pô Ju... Sempre me pede o impossível. Sabe que hoje o Carlos vai estar em casa.
-
Ai, que saco namorar mulher casada!
-
Sei... até parece que você não é casada.
-
Detalhes... detalhes. Sorri para a morena safada. – Adoro este barzinho.
Podemos namorar a vontade aqui dentro.
-
É...
Jô
olha para os lados. Casais homossexuais trocavam beijos e carinhos sem
constrangimento. Era maravilhoso um lugar onde podiam expressar livremente os
sentimentos. Olha para a entrada onde seguranças mantinham a ordem do ambiente.
Mantinha
já há quase um ano o romance com Juliana. Tudo conveniente e prazeroso. Tinha
seu casamento, seus filhos e agora uma bonita mulher que lhe satisfazia o lado
sexual sem expô-la a sociedade.
Olha
novamente a companheira já com um sorriso safado no rosto.
-
Mas nada me impede de ir a um motel... Topa?
Mas
Juliana observava com grande interesse a porta do barzinho. Séria e um pouco
assustada se volta para Joyce.
-
Querida... ou sua filha tem uma sósia ou ela acaba de entrar.
-
Como? O que disse?
Rapidamente
Jô volta o olhar para a entrada do bar. O suor brota em sua testa e
começa a tremer em pânico.
-
Meu Deus... Meu Deus... JU me ajuda!!! Meu Deus... é Mariana!!
-
Calma Jô... respira - entrega o cardápio para a morena. – Esconde
Tensa
Joyce nem respirava.
‘
Como vou sair daqui? Eu sabia! Sabia que algo ia acontecer! Ai aiai... me
tira desta senhor’
Juliana
observa a jovem morena caminhar entre as mesas e se sentar com amigos em uma
mesinha mais ao fundo do restaurante de costas para elas.
-
Joyce me escute. Sua filha sentou de costas para nós. Vamos deixar passar uns
minutos e você sai lá para fora. Deixa que eu pago a conta.
-
Ok...
Passado
os minutos cutuca Jô que imediatamente se levanta meio desequilibrada e caminha
rapidamente para a saída. Juliana ainda permanece alguns minutos na mesa
observando melhor a filha da amante. Já a vira por fotos, mas não a imaginara
tão linda pessoalmente. Parecia muito com a mãe, mas com uma energia mais calma
e uma postura mais suave. Elas se pareciam muito fisicamente, mas ao mesmo
tempo eram diferentes... muito diferentes. De uma forma que não sabia explicar.
Levanta-se tranquila e caminha em direção ao caixa onde efetua o pagamento. Em
direção a saída passa pela mesa de Mariana que a olha diretamente nos olhos.
Juliana sente-se oscilar ligeiramente. Os belos olhos verdes a analisam com
frieza e curiosidade.
‘
Impossível ela ter visto alguma coisa’ Olha rapidamente para trás e vê o
espelho posicionado mais à lateral de onde se encontrava. Volta rapidamente o
olhar à jovem que agora a olhava com o olhar ainda mais duro. ‘ Não...
impossível ela ter visto’
Dirige-se
rapidamente para a saída e vai ao encontro de Joyce.
-
Ela viu algo??? Você acha que ela viu algo? Ju pelo amor de Deus me diz!
-
Calma Jô... vamos embora – segura a amante delicadamente pelo cotovelo e a
direciona em direção ao carro. – Ela esta super entretida com os amigos. Não
viu nada.
As
duas entram em silêncio no carro.
-
Meu Deus... que sufoco!! Que desespero. Nunca imaginei Mariana ali... que
sufoco Ju... Mariana se me pega eu... Pera aí!!!! – Jô se vira repentinamente
para Juliana – O que Mariana faz num bar gay????? Porque ela está lá???
Como ela esta lá??? - Passa as mãos nos cabelos. – Eu mato aquela
menina!
-
Joyce acalma! Você não vai matar ninguém! Você não a viu entendeu! Ela nem pode
sonhar que você estava ali. Além que este bar é GLS. Para simpatizantes também.
E eu vi claramente que ela acompanha os amigos e só. Não estava com ninguém ok.
Joyce
sentia o coração voltar ao normal. Que sufoco!
-
Nossa Ju... essa foi por pouco. Olha só – mostra as mãos – estou tremendo até
agora.
Juliana
sorri também mais calma. Preferia ignorar a incerteza de que Mariana as vira.
-
Foi um sufoco mesmo. você segurou bem a onda. Mas sei onde você
pode relaxar de vez.
E
sorri direcionando o carro a caminho de um motel
Mariana
sentia um frio inexplicável dentro de si. Ainda não conseguia acreditar no que
acontecera. Começa a tremer e segura inesperadamente a mãos da amiga
-
Tudo bem Mari? Você tá fria!
-
Sheila... eu... preciso embora.
-
Que aconteceu???
-
Olha... eu preciso embora. Desculpe.
Levanta-se
e despede dos outros jovens que a olham sem nada entender. Volta o olhar para o
espelho a sua frente de onde vislumbrava o ambiente rústico do bar, inclusive a
mesa antes ocupada por duas belas mulheres. Uma delas a sua mãe.
Caminha
meio cega pelas mesas e acena para um taxi. Queria dormir... Ignorar o que
vira. Mas sabia ser impossível. Sua mente borbulhava. Angustiada sente a
garganta se fechar e aperta os olhos fortemente.
‘
Meu Deus... Minha mãe é lésbica!’
"Até cortar os próprios
defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso
edifício inteiro."
Clarice Lispector
AHHH Diva você voltou *-*' Post M A R A V I L H O S O ! Não mais maravilhosa que você é claro rs Não desapareça assim, beijos e até breve (espero)
ResponderExcluiradorei o post! Estava com saudades do seu conto!!! Espero que não demore mto o próximo capítulo!!! bjos
ResponderExcluirBebel
Que bom q tu esta encaminhado o suficiente para dar seguimento a historia. Boa sorte pra vcs nessa nova etapa da vida e q tu consigas reorganizar os proximos capitulos na tua cabeça, ja q nao podes mais contar com o comp... Beijos.
ResponderExcluirMistery, que saudades de vc da Lisa, Mari e companhia. rsrsrs
ResponderExcluirAdorei o novo capitulo e estou ansiosa pelos próximos.
Não nos abandone pro tanto tempo.
Beijão.
aaaaeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...
ResponderExcluiraté q enfim..rsrs
maravilhoso mistery!!
esplêndido!!
magnifico!!
demais!!
demorou mais veio com tudo!!
..
parabéns mais uma vez..
..
bjs
Misteryyyyyy de volta a ativa =D ebaaaa...
ResponderExcluirMuito bom o texto,voltou com tudo heimm...
Parabenss Moça bjosss..
Tay CMS xD
*.*
ResponderExcluirêêêêêêêê
vc voltou, q bom, e com um capitulo espetacular, estava com saudades de suas palavras.
bjin.
Putzz..
ResponderExcluirQe bom qe vc voltouu!!
Ameiii o Postt!!!
Continueeeeee postandoo..
bjO
Quando vc volta a escrever?
ResponderExcluirespero que volte logo!
Adorei seu conte
beijoo
vishi..
ResponderExcluirsumiu de volta...=/
Huauuu adorei perfeito só não mata
ResponderExcluiragente de ansiedade bela eu fico me descabelando
de ansiedade esperando o próximo post adorei
parabéns pelo talento.
Beijos!!
muito bom nao demora a postar nao eu adoro seu conto
ResponderExcluirobs;MANDA UM BJO A BRU E PEDE A ELA POR FAVOR QUE COLOQUE MAIS CONTOS
conheci vc atraves do conto dela
bjs
muito fã
vishi...
ResponderExcluirdepois que casam não sobra tempo pras fãns..
rsrs.
ei meninas..
cade as postagens..
nem aki nem no da bru...
poxa..
nao somem nao..
sei q quando se casam, qrem ficar grudadinhas..
e esqcer do resto..
mais poxa já nós deixaram ansiosas demais..
super bj..
po cade o resto do conto?
ResponderExcluirto muito ansciosa
e com saudade!
bjs